QUANDO SERÁ QUE VAMOS OUVIR VERDADES DOS POLÍTICOS??
“Privatização da Petrobras” é tão verdadeira quanto “namorada de Dilma”. O que as distingue? Um dos boatos tem origem clara!
Quando ficaram evidentes as invasões de sigilo fiscal de tucanos e de familiares do Serra, qual foi a reação de Lula, de Dilma e do comando do PT? É tudo tramóia da oposição!
Quando a VEJA publicou a primeira reportagem sobre as lambanças na Casa Civil, qual foi a reação de Lula, de Dilma e do comando do PT? É tudo tramóia da oposição!
Quando a Folha publicou a segunda reportagem sobre as lambanças na Casa Civil, qual foi a reação de Lula, de Dilma e do comando do PT? É tudo tramóia da oposição!
A coisa ficou insustentável. Erenice caiu.
Dilma defende a descriminação do aborto. Concedeu entrevistas muito convictas a respeito. Várias confissões cristãs decidiram se manifestar contra a opinião da candidata. Qual foi a reação de Lula, de Dilma e do comando do PT? É tudo tramóia da oposição!
Notem: não há nenhuma mentira no que vai acima, certo?
Agora, consta que há uma corrente na Internet sobre uma suposta namorada de Dilma Rousseff, que a estaria processando. Vocês podem não acreditar, mas não sei do que se trata. Esse tipo de material não me interessa. O que as pessoas fazem na cama não me interessa, ainda que seja tudo verdade. O que me chega é que Dilma e sua turma atribuem também esse troço a uma tramóia da oposição.
O PT precisa tomar mais cuidado com o que chama de “tramóia”: se trata fatos comprovados como boatos, não tem, depois, como qualificar os boatos, que acabam se misturando aos fatos.
E, em sua campanha dita “limpa”, o que faz o PT? Ora, espalha o boato de que o adversário pretende privatizar a Petrobras e o pré-sal. Isso é diferente da “namorada de Dilma”? Não é! São, até onde se sabe, duas mentiras. Ou uma mentira sobre estatais é mais decorosa do que uma mentira sobre a vida privada? A única diferença entre as duas coisas é esta: o PT não tem em mãos a menor evidência de que os tucanos tenham algo a ver com o boato da “namorada”. Já o boato sobre a privatização da Petrobras é parte do horário eleitoral do PT.
O PT quer debater fatos e boatos? Acho uma boa idéia!
O figurino do vitorioso
Há quem se queixe, como Elio Gaspari, de que a campanha eleitoral seja de baixa qualidade. Ele tem razão. Esquece, entretanto, que uma campanha de qualidade não serviria à vitória. As refinadas ironias dele são compreendidas por poucos, mas o jargão de Lula alcança todos. Eis a questão. Eis o eleitor que determina a vitória.
A imbecilização da política, a superficialidade de candidatos foram plantadas como requisitos pelo presidente operário, o mais resoluto em pisar no continente eleitoral que depende do "estômago", assim como ele explicou. Lula, ademais, é um produto dessa classe com a qual sabe dialogar como professor. Está aí um que nunca leu um livro, escrevendo a história de um mito.
Anos de autoelogios dessacralizando estudos tiveram o mérito de transformar virtudes em defeitos e defeitos em virtudes - sempre e, naturalmente, de olho no voto do andar de baixo.
Assistiu-se, nos últimos oito anos, a uma lavagem cerebral das massas de profundo efeito. Esculpiu-se no imaginário coletivo um perfil de presidente exitoso pelo seu voluntarismo que os candidatos à sucessão precisam imitar. Queiram ou não.
Assistiu-se, nos últimos oito anos, a uma lavagem cerebral das massas de profundo efeito. Esculpiu-se no imaginário coletivo um perfil de presidente exitoso pelo seu voluntarismo que os candidatos à sucessão precisam imitar. Queiram ou não.
Repara-se assim que vale no jogo a proveniência da classe mais carente, da amargura de uma infância mais sofrida. Semialfabetizado, aculturado, retirante, mãos calejadas, desafiador da lei, estatizante, esquerdista, guerrilheiro (melhor se terrorista), perseguido por algum patrão ou pela imprensa golpista, atanazado num falso papel de Robin Hood por um complô global, ex-esfomeado, ex-descalço e até cleptodependente são atributos que traçam o perfil vitorioso.
Saber roubar e deixar roubar passaram a ser "virtudes" depois do mensalão que "sempre existiu" e sempre existirá. E, se roubar faz parte do jogo, roubar pouco é atitude de trouxa...
A cleptocracia não poderia excluir de seus quadros nenhum Barbalho, Calheiros, Sarney; até os Collor foram inseridos no balaio povoado de João Paulo Cunha, Zé Dirceu, Palocci e Zé Genoino. Não bastasse, na folga do chefe, deu-se a Erenice Guerra o comando da banda.
Para um que teve uma vida apenas normal, estudou, leu livros, formou-se, aprendeu línguas, sempre usou sapato, teve a sorte de um prato cheio, nunca roubou, nem acena a tolerar roubos, as oportunidades agora são bem menores. Absurdo. Mas a maioria se lixa para atributos morais e traços de normalidade. Ora, é o "estômago" que escolhe o futuro presidente.
Claro é que quem quer ganhar precisa invadir o andar de baixo; falar a sua língua; dançar o frevo; adotar Maquiavel até na hora de tomar banho. Infelizmente, chegamos a isso.
Lula e o PT ganharam a eleição de 2006 aterrorizando os pobres, jurando que Geraldo Alckmin acabaria com o Bolsa Família, privatizaria o BB e a Petrobras; o demonizaram. Perdeu a eleição exatamente quando se contavam montanhas de dinheiro de origem suspeita para pagar um dossiê fajuto encomendado pelo PT e até hoje não investigado pela PF.
Lula e o PT ganharam a eleição de 2006 aterrorizando os pobres, jurando que Geraldo Alckmin acabaria com o Bolsa Família, privatizaria o BB e a Petrobras; o demonizaram. Perdeu a eleição exatamente quando se contavam montanhas de dinheiro de origem suspeita para pagar um dossiê fajuto encomendado pelo PT e até hoje não investigado pela PF.
Depois, o PT se encarregou de privatizar o que precisava ser privatizado para o bem do país e atendendo a Sarney.
O tema do aborto entra nesse contexto. O desequilíbrio de Dilma no debate é problema de quem tenta substituir o rei do andar de baixo apenas com a experiência de governanta do andar de cima.
Fica claro agora que nas próximas eleições o figurino dos candidatos terá que seguir o exemplo lulista, enraizado até as mais profundas camadas por oito anos de palanquismo inquieto e ininterrupto.
O populismo voltou.
Comentários
Postar um comentário