EPÍSTOLA AOS ROMANOS- NOVO TESTAMENTO
CARTA DO APÓSTOLO PAULO AOS ROMANOS-
UMA CARTA PARA A IGREJA DE HOJE!!
Escrita
aproximadamente entre 55dC e 57dC, “a carta de Paulo aos romanos tem sido
considerada como a chave de Deus para a compreensão de toda a Escritura. Nela
Paulo alinhava os grandes temas da Bíblia – pecado, lei, julgamento, destino
humano, fé, obras, graça, justificação, santificação, eleição, o plano da
salvação, a obra de Cristo e do Espírito, a esperança cristã, a natureza e vida
da igreja, o lugar do judeu e do não judeu nos propósitos de Deus, a filosofia
da igreja e a história do mundo, o significado e a mensagem do Antigo
Testamento, os deveres da cidadania cristã e os princípios da retidão e
moralidade pessoal. Romanos nos abre uma perspectiva através da qual a paisagem
completa da Bíblia pode ser vista e a revelação de como as partes se encaixam
no todo se torna clara. O estudo de Romanos é vitalmente necessário para a
saúde e entendimento espiritual do cristão.”1
Paulo não conhece a igreja em Roma,
entretanto, intentando ir à Espanha, evangelizar, (Rm 15.24) espera visitá-la
no caminho, assim como tê-la como um apoio em sua empreitada. É uma carta para
apresentar-se, isto é, discorrer sobre seu ministério e entendimento do evangelho,
que são suas credenciais, assim como solicitar apoio financeiro e logístico
para sua viagem missionária até a Espanha. Viagem esta que nunca aconteceu,
Paulo foi a Roma como prisioneiro e lá foi morto.
“O
fato da fé dos cristãos de Roma ser bem conhecida (Rm 1.8) e o desejo de Paulo
de visitá-los há um bom tempo (Rm 1.13) indicam que a fé cristã tinha sido
estabelecida na capital do império há bastante tempo. Estes fatos são apoiados
pelas palavras do historiador romano Suetônio, que diz que Cláudio já tinha
expulsado os judeus (em 49dC) por terem criado um tumulto ‘por causa de um tal
Cresto’ (evidentemente uma referência a Cristo). Visitantes de Roma estavam
presentes no Dia de Pentecostes (At 2.10-11) e podem ter sido os primeiros a
levarem as boas novas à cidade. Por causa da importância estratégica da cidade
e do grande número de judeus que lá vivia, a mensagem do evangelho deve ter
chegado a Roma como que atraída por um ímã. Apesar da tradição, é certo que a
igreja não foi fundada Pedro. A ausência de qualquer referência a Pedro ou aos
outros apóstolos indica que a igreja romana não vivenciou um ministério
apostólico direto.”2 Parte 1 A
epístola aos romanos – uma carta para hoje. Texto bíblico – Rm 1. 18-32 Texto
áureo – Rm 1. 16-17 O retrato do pecado ontem e hoje Introdução (Rm 1.1-7) A
apresentação de Paulo:
1- Paulo se apresenta como servo de Cristo, chamado
para ser apóstolo (v 1). Qualquer ministério deve ser fruto da disponibilidade
em servir a Cristo. Separado para o evangelho de Deus (v 1) – apóstolo: enviado
para levar o evangelho de Cristo onde ele ainda não foi anunciado ( Rm 15.20).
O equivalente hoje ao termo apóstolo é o termo missionário.
2- Expõe as bases das boas novas que anuncia: as
promessas dos profetas (v 2) e o cumprimento cabal dessas profecias em Jesus
Cristo, tanto na vida, como na morte, como na ressurreição. O que tornou Cristo
Senhor (v4). Paulo deixa claro que apresenta Jesus Cristo como o Messias
profetizado pelos profetas, que seria filho de Davi, que, porém, pelo fato de
ter ressuscitado dentre os mortos foi designado Filho de Deus. “Paulo está
dizendo que o poder da ressurreição representava o decreto pelo qual, como se
acha no Salmo 2.7, Cristo foi declarado Filho de Deus: “Neste dia eu te gerei.3 ”
3- Deixa claro que isto é obra de Deus que lhe deu a
graça capacitadora e o apostolado que é o ministério que essa graça veio tornar
possível. “A tradução recebi graça para ser apóstolo seria preferível.”4 Outra lição: a
graça vem sobre nós não apenas para nos salvar, mas, para nos por a serviço de
Deus.
4- Deus fez isto por amor ao Seu Nome, para que Ele
fosse conhecido pelos gentios, isto é, para que os gentios tivessem a
oportunidade de receber fé, porque “a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem
vem por meio da pregação a respeito de Cristo” (Rm 10.17)5; para que pela
fé pudessem obedecer a Deus, isto é, não só tivessem a oportunidade de, pela fé
que receberiam, submeterem-se a Deus, como, pela fé, receberem a graça que lhes
permitiria viver em obediência ao Senhor. “De fato, sem fé é impossível agradar
a Deus (Hb 11.6)”
5-
Paulo encerra a sua apresentação falando de seu amor para os que estão em Roma,
reconhecendo que também eles estão entre os que Deus chamou para viverem
exclusivamente para Ele, que é o signifcado de ser santo. Sem a graça de Deus
revelada
em Jesus Cristo, a paz é uma impossibilidade. É pela graça que somos perdoados,
o que nos coloca em paz com Deus, e é pela graça que perdoamos, alcançando paz
com todos. Só há paz onde há perdão.
I
- Roma – o desafio da grande cidade (Rm 1.8-10) Roma, a cidade eterna, como era designada, era uma
cidade voltada ao prazer a qualquer preço, basta lembrar uma das frases de
Júlio César, no tocante a isso. Dizia ele: “Quero ser o homem de todas as
mulheres, e a mulher de todos os homens”. Quão difícil era viver como cristão
em meio a tais circunstâncias. Daí a expressão de gratidão de Paulo pelo estilo
de vida da Igreja em Roma, testemunhado pelas igrejas de todo o mundo.
Certamente referia-se à fidelidade em meio às tentações a que estavam expostos,
como à firmeza na fé frente à sempre presente possibilidade de perseguição
(eram tempos de Nero – 54dC – 64dC – primeiro imperador a perseguir os
cristãos). Referia-se também, provavelmente, a atuação dos cristãos na cidade,
o que tornava marcante sua presença. O que foi, no correr da história,
testemunhado pelo imperador Juliano (361dC – 363dC) que, embora inimigo do
cristianismo, atesta em carta a seu amigo Lucrécio a atuação dos cristãos em
favor dos pobres, tanto cristãos como não cristãos. Este é o desafio de todos
os cristãos urbanos (no Brasil, cerca de 80% da população vive nas cidades):
ser atuante na cidade sem se deixar envolver por ela, resistindo à tentação de
ser derrotado pelo isolacionismo e individualismo egoísta que a cidade
propicia. Insistindo em marcar sua presença pela prática da fé, com toda a
misericórdia implicada nisso.
Paulo
pede a Deus a oportunidade de visitá-los, mas, mais do que isto os têm sempre
como alvo de intercessão (forma veemente de atestar sua sinceridade6).Testemunho da
sua consciência quanto à dificuldade de se viver o cristianismo de modo pleno
em meio a um ambiente tão hostil. A vida urbana exige vigilância e oração. Como
sugerido por Cristo – “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o
espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” Mc 14.38 II - A
pregação necessária para as grandes cidades (Rm 1.11-15)
Paulo,
apóstolo para os gentios (Rm 1.5), quer contribuir e receber contribuição. É a
mutualidade da Igreja. Recebemos dons de Deus para nos edificarmos uns aos
outros, nossos dons como dom de pregar a Palavra de Deus, por exemplo, e todas
as nossas habilidades são para a edificação do irmão e, consequentemente, da
Igreja. Todo encontro cristão deveria ser para a edificação, para consolo ou
exortação mútua, como quer Calvino7. Ajudemo-nos na caminhada cristã, compartilhando a
Palavra de Cristo, estimulemo-nos para não desfalecermos no caminho,
exortemo-nos para que rotas sejam corrigidas. É a esta edificação que Paulo
chama de fruto (Rm 1.13). Paulo tem sido impedido, Deus tem-lhe posto outras
prioridades mais prementes, como em At 16:9, 10. Ele, entretanto, estava sempre
pronto para anunciar o evangelho também em Roma (não só ajudar a Igreja em Roma
na tarefa da evangelização, como aprofundar o conhecimento dos irmãos quanto ao
evangelho). Como Paulo devemos estar sempre desejosos e prontos para edificar os
irmãos, como para anunciar o evangelho. Esta é a vida da Igreja. Vida essa,
ainda mais necessária no contexto urbano. III – A degradação humana na
grande cidade (Rm 1. 16-17) Talvez em nenhum outro ajuntamento humano
se faça sentir tanto a necessidade de salvação quanto na cidade. Por sua
insensibilidade e frieza a cidade põe o ser humano a nu com suas fraquezas,
instintos e deficiências morais. O mundo rural tende a preservar os valores; o
mundo urbano a desprezá-los em favor da sobrevivência. Sobreviver torna-se mais
importante do que preservar valores ético-morais. Só o evangelho pode salvar o
homem, com especialidade o homem urbano, pois:
1- É o poder de Deus para regenerar qualquer ser
humano, assim como para libertá-lo de todo o poder do mal.
2- Não depende do ser humano, pois é fruto de fé e fé
é dom de Deus (Ef 2.8); a salvação é imerecida.
3- E
assim é porque Deus declara justificado aquele que crê. E no que crê aquele que
é justificado por Deus? Crê no fato de que a morte de Jesus Cristo pagou pelos
erros da humanidade e, consequentemente, pelos seus erros em particular.
IV
– O ponto mais baixo a que desce a humanidade (Rm 1.18-21) A ingratidão leva o homem à impiedade que é a
desconsideração total para com Deus e à injustiça que é a desconsideração total
para com o próximo. No Jardim, ao oriente do Éden, escolhemos não existir,
porém, o Senhor nos preservou a existência. Escolhemos a maldade, porém, o
Senhor enche nossos corações de fartura e alegria (At 14.17). A vida, em todos
os sentidos, é fruto da graça de Deus, é um milagre. É Deus nos preservando
para a possibilidade da salvação. Mas a humanidade não o reconhece,
substituindo gratidão por insatisfação e fraternidade e a solidariedade que
proveria a sobrevivência de todos por egoísmo, o que provoca a ira justa de
Deus. V – Roma e as NY, Paris, Londres, SP, Rio de hoje (Rm 1.22-25)
O ateísmo confesso ou pragmático é a tônica das grandes
cidades modernas, a sociedade atual perdeu a dimensão da transcendência, é
adoradora de si mesma, colocou a criatura no lugar do criador. Tal como Paulo
descreve, fez-se como o mundo politeísta que o apóstolo denuncia. É preciso que
os filhos de Deus fiquem atentos, pois, os grandes centros urbanos cada vez
mais estão sendo marcados pela loucura que fez o ser humano crer-se
auto-suficiente. Esse ateísmo revela-se nos templos de consumo, na vaidade
narcisista... As modernas idolatrias. Conclusão (Rm 1.26-32) Ao
atentar para o estado moral das sociedades modernas, o observador é tentado a
pensar na possibilidade de Deus lançar juízo sobre nossas megalópoles, porém, o
que nem sempre se dá conta é que este estado de coisas já revela o estado de
juízo. O que o apóstolo está descrevendo é o processo de juízo, por causa da
ingratidão e do ateísmo idólatra Deus entrega os homens às suas próprias
paixões de modo que a maldade da natureza caída da raça humana começa a ter
livre curso. Só a graça de Deus pode impedir que sejamos derrotados pelo mal em
toda a sua extensão. Só o evangelho pode salvar nossas cidades!
SUBSIDIOS COPIADOS PARA A LIÇÃO NÚMERO UM..
SUBSIDIOS COPIADOS PARA A LIÇÃO NÚMERO UM..
1. O autor. Há um consenso entre teólogos e biblistas de que a Epístola aos Romanos é de autoria de Paulo (Rm 1.1). O argumento que nega a originalidade desse registro não tem credibilidade entre os estudiosos do Novo Testamento. Paulo escreveu essa carta com o auxílio de Tércio, o seu amanuense, escrevente, (Rm 16.22). O costume da época permitia que o amanuense tivesse certa liberdade na redação do documento, agindo como uma espécie de taquígrafo. Com base nesse fato, alguns críticos têm argumentado a respeito da autenticidade de certas passagens da Carta aos Romanos, atribuindo-os a uma autoria não paulina. Todavia o teor de Romanos não deixa dúvidas de que todo o seu conteúdo reflete o estilo de Paulo escrever.
2. Local e data. Paulo escreveu aos romanos provalvelmente entre os anos 56 e 57 d.C, quando se encontrava na próspera cidade de Corinto, capital da província romana de Acaia, no território da Grécia. Paulo permaneceu pelo menos três meses na Grécia por ocasião da sua última visita a Jerusalém (At 20.3). O livro de Atos nos mostra que foi em Corinto, cidade grega, que Paulo montou seu centro de atividades missionárias. Em Corinto, Paulo ficou hospedado na casa do seu fiel amigo Gaio.
3. Destinatários. Alguns intérpretes ao escreverem a respeito da Epístola aos Romanos a classificam como sendo de natureza atemporal. Eles não estão errados, visto que ela foi inspirada pelo Espírito Santo e como tal transcende as barreiras do tempo. Romanos 1.7 nos mostra, de modo bem claro, o destinatário da epístola: “A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. Quem seria, pois, esses “todos que estais em Roma?”. Há uma disputa sobre os reais destinatários desta carta. Alguns argumentam que Paulo escreveu para os judeus radicados em Roma, enquanto outros defendem os cristãos gentílicos como sendo esses destinatários. Porém, Paulo escreveu à igreja de Roma. Uma igreja formada tanto por judeus como por gentios.
II. FORMA LITERÁRIA, CONTEÚDO E PROPÓSITO
1. Forma literária. A Epístola de Paulo aos Romanos segue o modelo de outros documentos do primeiro século da era cristã. O esboço obedece à ordem desse tipo de documento, tendo sempre uma saudação e uma oração (Rm 1.1,7,8,16). Uma forma literária bastante comum nos dias de Paulo era a escrita em forma de diálogo. Platão, filósofo grego, por exemplo, escreveu dezenas deles. Todavia, como bem observou o especialista em Novo Testamento, Brodus D. Hale, essa forma literária dificilmente se ajusta ao modelo paulino. O que podemos observar na leitura de Romanos é o uso de diatribes por parte do apóstolo. Nesse modelo literário, que era um recurso muito usado pelos filósofos estoicos e cínicos, o autor valia-se de uma exposição crítica a respeito de alguma obra.
2. Conteúdo. O conteúdo de Romanos trata de alguns temas bem específicos, como por exemplo, a pecaminosidade do homem, a salvação de Deus, a justificação pela fé e a graça divina. Logo depois das palavras de saudação observamos a seção que trata sobre a manifestação da justiça de Deus mediante a fé (Rm 1.18-4.25). Paulo mostra a necessidade espiritual que os gentios, judeus e toda a humanidade têm da salvação de Deus. Paulo também mostra nos capítulos 5 a 8 (5.1 — 8.39), a ação santificadora do Espirito Santo no processo da salvação. É destacado aqui o resultado prático do Evangelho na salvação do crente. Através do Espírito Santo o crente experimenta a paz com Deus. Nos capítulos 9 a 11 encontramos a teologia paulina a respeito do tratamento de Deus para com Israel, o seu povo. São revelados três aspectos do tratamento de Deus para com Israel – passado, presente e futuro. Na última seção Paulo mostra o lado prático do Evangelho na transformação de vidas (12 a 15.13). A conclusão da carta, tratando do empreendimento missionário do apóstolo e algumas recomendações finais, estende-se do capítulo 15.14 ao 16.27.
3. Propósito. Uma leitura cuidadosa de Romanos nos mostra que essa carta não possui apenas um único propósito, mas vários. O principal, segundo a Bíblia de Estudo de Aplicação Pessoal é “apresentar Paulo aos romanos e sintetizar a mensagem do apóstolo, antes de sua chegada a Roma”. Todavia, podemos também destacar os seguintes propósitos: o apóstolo deseja fazer da igreja romana uma base missionária a fim de que ele pudesse chegar até a Espanha (Rm 15.24,28); fica evidente também que o apóstolo está imbuído da defesa do Evangelho que ele pregava. Assim, as acusações de que Paulo promovia um anti-judaísmo não procedem, pois a carta também tem um propósito apologético e pastoral, como podemos verificar nos capítulos 14 e 15.
III. VALOR ESPIRITUAL
1. Fundamentação doutrinária. A Epístola aos Romanos é considerada a mais teológica dentre todas as outras escritas por Paulo. O forte conteúdo doutrinário desta carta é sem dúvida o mais completo do Novo Testamento. Romanos trata de alguns dos temas mais profundos do Cristianismo – as doutrinas da chamada eleição, da predestinação, da justificação, da glorificação e da herança eterna.
Paulo mostra à igreja que o pecador pode encontrar a redenção na poderosa mensagem do Evangelho que é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê. A Carta aos Romanos revela que é por intermédio da graça de Deus, manifestada na pessoa bendita de Jesus Cristo, que o homem pode ver corrigido o seu relacionamento com o Criador. A velha natureza é subjugada na cruz e o Espírito Santo faz com que o poder da cruz agora emane na vida do crente.
2. Renovação espiritual. Não há dúvida de que a igreja de Roma, a quem a Epístola aos Romanos foi endereçada, experimentou uma tremenda renovação espiritual mediante a sua leitura. Todavia, o renovo espiritual advindo da leitura desta carta pode ser visto na vida de muitos crentes ao longo da história da Igreja. Tomemos como exemplo Agostinho, bispo de Hipona, que teve sua vida mudada quando leu Romanos 13.13. Por outro lado, Matinho Lutero, o grande reformador alemão, foi desafiado a romper com a tradição católica quando também leu a Carta aos Romanos. John Wesley também testemunhou forte renovação em sua vida através da leitura do comentário dessa Carta, escrita pelo Reformador.
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