O CRENTE E A CULTURA
O CRENTE
E A CULTURA
O conceito de cultura
Antes
de falarmos da relação do cristão com a cultura, é necessário definirmos o que
é cultura:
·
Em sentido amplo, refere-se ao cultivo de hábitos, interesses,
língua e vida artística de uma nação: histórias, símbolos, estruturas de poder,
estruturas organizacionais, sistemas de controle, rituais e rotinas.
·
Tudo o que caracteriza uma realidade social de um povo ou nação,
ou então de grupos no interior de uma sociedade: valores, atitudes, crenças e
costumes.
Não
raro o cristão se torna uma subcultura dentro de uma nação. Ele tem seus
valores, atitudes, crenças e costumes. Mas daí, surgem as perguntas: O cristão
pode participar das festas nacionais? O cristão pode beber? Como o cristão lida
com arte, cinema, etc.? O cristão pode ser um diretor, ator, etc.? O cristão
pode ouvir música do mundo? Como o cristão lida com economia, política,
filosofia? O cristão deve impor sua cultura quando sai em missões? O que pode
ser tolerado? O que deve mudar?
“A cultura consiste em padrões,
explícitos e implícitos, de comportamento adquirido e transmitido por símbolos,
constituindo a realização distintiva de grupos humanos, inclusive sua expressão
em artefatos; o núcleo essência da cultura consiste em ideias tradicionais
(i.e.. derivadas e selecionadas ao longo da história) e, especialmente nos
valores a elas associados; sistemas culturais podem ser considerados, de um
lado, produtos de ação, de outro, elementos condicionados de ação
posterior”. (p. 13)
Sem aprofundar muito na conceituação do que seja cultura, e para os fins
do nosso diálogo, assim como Michael Horton, utilizarei o termo no seu sentido
mais amplo, referindo-me tanto à cultura popular (esportes, política, música
popular e diversões etc) como à alta cultura (a horticultura, a literatura, as
artes e a ciência, a música clássica, a ópera, etc). Isto é, cultura é tudo
aquilo produzido pela humanidade, seja no plano concreto ou no plano imaterial,
desde artefatos e objetos até ideais e crenças. Cultura é todo complexo de
conhecimentos e toda habilidade humana empregada socialmente.
Etimologicamente, a palavra
provém do latim colere, que significa cultivar. Ela também deriva de
agricultura, a atividade de preparar a terra para torná-la melhor do que era a
princípio – arando, adubando
O vocábulo cultura está por assim dizer
intrinsicamente ligado a humanidade, a sociedade e precisamos entender o que
realmente é a cultura no conceito atual e as influencias exercidas na igreja. Cristo e cultura: a
tipologia quíntupla de H. Richard Niebuhr
Uma das abordagens mais completas acerca desta temática foi feita por H.
Richard Niebuhr no clássico Cristo e Cultura, escrito em 1951 e considerado “um
dos livros cristãos de maior influência do século passado”, e que ainda
continua produzindo impacto no ambiente da teologia; prova disso é que os
estudos de autores recentes utilizam-se do livro de Niebuhr como ponto de
partida, a exemplo de Cristo & Cultura: uma releitura (D. A. Carson), O
cristão e a cultura (Michael Horton) e A igreja na cultura emergente
(organizado por Leonard Sweet).
Cristo e Cultura, como afirmara o próprio Niebuhr, é na verdade um
ensaio, sobre “a constante luta que a Igreja enfrenta, em dois planos – com o
seu Senhor e com a sociedade cultural (com que vive essencialmente associada)”,
como parte do resultado de muitos anos de estudo, reflexão e magistério, que
tem o propósito de apresentar respostas cristãs típicas ao problema e assim
contribuir para a compreensão mútua dos várias do conflito. Neste extenso e profundo
ensaio, então, ele aborda a relação entre Cristianismo e civilização,
apresentando a sua estrutura tipológica composta de cinco modelos explicativos,
não sem antes relembrar que esse problema não era novo, visto que a
perplexidade cristã tem sido perene e que o problema tem atravessado os
séculos. Ele também recorda que as repetidas lutas dos cristãos com este
assunto não produziram uma resposta cristã única, exclusiva, mas apenas uma
série de respostas típicas que, em seu conjunto, para a fé, representam fases
da estratégia da Igreja militante no mundo.
De acordo com Niebuhr, cultura é, em primeiro lugar, o “ambiente
artificial e secundário” que o homem sobrepõe ao natural. Ela abrange a
linguagem, hábitos, ideias, crenças, costumes, organização social, artefatos
herdados, processos técnicos e valores. Esta “herança social”, diz Niebuhr,
esta “realidade sui generis”, que os escritores do Novo Testamento tinham
sempre em mente quando falavam do “mundo”, que é representada em muitas formas,
e a que os cristãos como os demais homens estão inevitavelmente sujeitos, é o
que queremos significar quando falamos de cultura. (p.33)
Em segundo lugar, cultura é realização humana:
“Nós a distinguimos da natureza pelo fato de vermos nela evidências de
esforço e propósitos humanos. Um rio é natureza, um canal é cultura; uma peça
bruta de quartzo é natureza, uma flecha é cultura; um gemido é natural, uma
palavra é cultura. Cultura é a obra de mentes e mãos humanas. É aquela porção
de herança do homem em qualquer lugar ou tempo que nos foi legada intencional e
laboriosamente por outros homens, e não o que nos tem vindo por intermédio de
seres não humanos ou através de seres humanos que agiram sem intenção de
resultados ou sem o controle do processo. Ela inclui, portanto, linguagem,
educação, tradição, mito, ciência, arte, filosofia, governo, lei, rito, crença,
invenções e tecnologia. Além do mais, se uma das marcas da cultura é o fato de
ela ser o resultado de realizações humanas passadas, a outra está no fato de que
ninguém pode se apoderar dela sem esforço e realização de sua própria parte. Os
dons da natureza são recebidos como são comunicados, sem intenção ou esforço
consciente do homem; mas os dons da cultura não podem ser possuídos sem o
empenho da parte do receptor. A linguagem deve ser laboriosamente adquirida; o
governo não pode ser mantido sem esforço constante; o método científico deve
ser reencenado e reorientado em cada geração. Mesmo os resultados materiais da
atividade cultural são inúteis, a não ser que sejam acompanhados de um processo
de aprendizado que nos capacite a usá-los com propriedade. Quer tentemos
interpretar os sinais da cultura antiga ou resolver os problemas da civilização
contemporânea, esta feição característica sempre despertará a nossa atenção:
estamos lidando com aquilo que o homem produziu intencionalmente e com aquilo
que o homem pode ou deve fazer. O mundo, na medida em que é feito pelo homem e
orientado pelo homem, é o mundo da cultura”.
Na sequencia Niebuhr apresenta, baseado na sua análise histórica, os
possíveis tipos de relacionamento que os cristãos podem ter com a cultura:
Cristo contra a cultura, Cristo da cultura, Cristo acima da cultura, Cristo e a
cultura em paradoxo e Cristo, o transformador da cultura.
Vejamos cada um desses modelos:
a) Cristo contra a cultura:
Esse primeiro tipo de relacionamento com a cultura foi comum entre os
primeiros cristãos. A igreja primitiva, conforme Niebuhr, era ensinada a
obedecer a Cristo, amar aos seus irmãos e a rejeitar o mundo, a exemplo do que
se vê na exortação da primeira epístola de João: “Não ameis o mundo nem as
coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele”.
Por isso, os cristãos são ensinados a deixarem a sociedade secular, seu
materialismo e concupiscência, a fim de se preocuparem com a cidadania
celestial. Segundo Niebuhr o representante mais explicito do relacionamento do
tipo Cristo-contra-cultura no Cristianismo dos primeiros tempos, à parte dos
escritores do Novo Testamento, foi Tertuliano. Em sua oposição ao pensamento
secular, Tertuliano perguntou: “O que tem Atenas a ver com Jerusalém?”.
Como podemos perceber, esse modelo é exclusivista e eminentemente
contracultural, em que se traça uma nítida separação entre a fraternidade dos
filhos de Deus e o mundo, isto é, a sociedade fora da igreja. Outros exemplos
desse tipo de relacionamento incluem os anabatistas do século 16, os cristãos
Quakers, amish, monastérios etc.
Apesar das críticas, Niebuhr diz que “estas fugas e rejeições cristãs
das instituições da sociedade têm sido, na história, de grande importância,
tanto para a Igreja como para a cultura. Elas têm mantido a distinção entre
Cristo e César, entre revelação e razão, entre a vontade de Deus e a vontade do
homem. Elas têm provocado reformas tanto na Igreja como no mundo, muito embora
não fosse este o seu propósito. Eis porque homens e movimentos desta espécie
são sempre celebrados pelo seu heróico papel na história de uma cultura que
eles rejeitaram” (p. 90).
b) O Cristo da cultura:
Em oposição ao primeiro modelo o Cristo da cultura advoga a acomodação e
aceitação pelos cristãos ao ambiente cultural vigente. Aqui, busca-se a
harmonização entre Cristo e a cultura, de modo que “não há tensão entre Igreja
e mundo, entre as leis sociais e o Evangelho, entre as operações da divina
graça e o esforço humano, entre a ética da salvação e a ética da preservação ou
progresso”. Historicamente, esse tipo de relacionamento foi advogado pelo
gnosticismo – que insistia em interpretar o Cristianismo como uma religião e
não como uma igreja (entendida como simples associação religiosa), e Jesus como
mais um deus, e não o Senhor da Vida – e posteriormente pelo liberalismo
teológico, propriamente chamado de Protestantismo Cultural.
Atualmente, o Cristianismo da cultura é visto na teologia da igreja
pós-moderna/emergente, podendo-se citar o seguinte excerto do livro O Deus de
Barack Obama, de Stephen Mansfild:
“… com relação à religião, a maioria dos jovens dos Estados Unidos tem
uma postura pós-moderna, o que significa dizer que eles encaram a fé de um modo
parecido ao jazz: informal, eclético e, muitas vezes, sem um tema específico.
Basicamente, costumam rejeitar uma religião organizada, privilegiando uma
mescla religiosa que funcione para eles. Para esses jovens, não há nada de mais
em construir a própria fé juntando tradições de religiões totalmente
diferentes, e muitos formam sua teologia da mesma maneira como pegam um
resfriado: por meio de contatos casuais com estranhos.”
c) Cristo acima da cultura:
Esta categoria (Cristo acima da cultura) rejeita as posições extremas
anteriores e busca uma situação de centralidade (a Igreja do centro, como
afirma Niebuhr), que seria a majoritária na história da igreja. Cabe destacar
que a classificação feita por Niebuhr é um tanto quanto confusa, pois desta
terceira categoria procederá as duas últimas. Talvez ajude a pensar nos três
últimos tipos como (3) Cristo acima da cultura: tipo sintetizador; (4) Cristo
acima da cultura: tipo dualista; (5) Cristo acima da cultura: tipo
conversionista/tranformacionista.
O tipo sintetizador busca uma solução “tanto isso quanto aquilo”, não sendo possível dizer “Cristo ou a cultura”, pois em ambos os casos estamos tratando com Deus”, diz Niebuhr.
O tipo sintetizador busca uma solução “tanto isso quanto aquilo”, não sendo possível dizer “Cristo ou a cultura”, pois em ambos os casos estamos tratando com Deus”, diz Niebuhr.
Exemplos dessa categoria são Clemente de Alexandria e Tomás de Aquino.
Niebuhr diz que “não apenas a Igreja mas também a cultura tem uma divida imensa
para com os sinteticistas, por estas e outras contribuições. Na história da
civilização ocidental a obra de Clemente, Tomás e seus seguidores e
companheiros tem tido uma influência imensa. As artes e ciências, filosofia,
lei, governo, educação e instituições econômicas têm sido profundamente
afetados por ela. Os homens deste grupo têm sido mediadores da sabedoria grega
e da lei romana para a cultura moderna”.
d) Cristo e cultura em paradoxo:
Essa posição afirma a “dupla cidadania”. Para os dualistas, a questão
fundamental não é a linha que deve ser traçada para estabelecer separação entre
os cristãos e o mundo pagão ou secular, mas entre Deus e toda a humanidade.
Nesse caso, nenhuma esfera deverá reger a outra, e nem atacar a outra. São
somente esferas distintas de atuação, com propósitos diferentes
Desse modo, lei, Estado, e outras instituições são “como freios e diques
contra o pecado, impedidores da anarquia, e não como agências positivas através
das quais os homens em união social prestam serviço aos próximos, avançando
rumo à vida verdadeira. Além disto, para. os dualistas, tais instituições
pertencem inteiramente ao mundo temporal e passageiro”.
Niebuhr afirma a presença do dualismo em Paulo, Marcião e Lutero.
Niebuhr afirma a presença do dualismo em Paulo, Marcião e Lutero.
e) Cristo, o transformador da cultura:
Temos aqui a categoria do tipo conversionista, em que a cultura deve ser
levada cativa ao senhorio de Cristo. Niebuhr diz que “o efeito da teoria de
cultura do conversionista sobre o seu pensamento acerca da criação é
considerável. Ele descobre lugar para uma resposta ordenada e afirmativa da
parte do homem criado à obra criativa e ordenadora de Deus, muito embora a
criatura possa fazer de má vontade a sua obra, na medida em que carpa o solo,
cultiva a sua mente e organiza a sua sociedade, e muito embora possa
administrar perversamente a ordem que lhe foi dada com sua existência”.
Ao explicar a posição do autor, Michael Horton diz que a soberania de
Deus desempenha um papel importante nessa abordagem. Embora seja uma crítica
severa demais dizer que os anabatistas na verdade não confiavam na intervenção
soberana de Deus nos afazeres seculares, fica claro que eles não pretendiam ser
vasos nessa empreitada. Porém, os cristãos transformacionais também não querem
simplesmente “batizar” a cultura secular, mas transformar o mundo tornando-o
melhor.
São exemplos desse tipo para Niebuhr, Agostinho, Calvino e F. D,
Maurice.
Embora – como já afirmado – a obra de Niebuhr seja um dos livros
cristãos de maior influência do século passado e apesar de ainda continuar
sendo usada (a obra) como referencia na atualidade, várias críticas têm sido
direcionadas à sua abordagem. Michael Horton (p. 46) diz que ela tende ao
reducionismo, colocando vários movimentos ou indivíduos em categorias
nitidamente demarcadas, numa espécie de manipulação da própria tipologia. De
igual modo, D. A. Carson, apesar de reconhecer alguns pontos fortes no livro,
critica o fato de Niebuhr eliminar seletivamente da sua tipologia alguns
movimentos religiosos que considera inaceitáveis ou sectários (arianos,
mórmons, p. ex.), ao tempo em que não elimina nenhum ramo do gnosticismo
“cristão” ou até mesmo do liberalismo teológico. Além disso, Carson diz que o
modo como Niebuhr utiliza as Escrituras é insatisfatório e acrescenta que
alguns dos seus personagens exemplificativos não condizem com as categorias nas
quais foram alocadas. Por seu turno, Leornard Sweet sustenta que Niebuhr
desenvolveu seu estudo em um momento histórico em que a igreja tinha um lugar
de muito mais honra na mesa, muito diferente do atual contexto de
secularização, pós-religiosidade e pós-cristandade.
3. Cultura e Escrituras Sagradas
A definição do modo ideal como o cristão deve se relacionar com a
cultura requer uma reflexão baseada nas Escrituras Sagradas, considerando
sobretudo os três elementos fundamentais da cosmovisão cristã: Criação, Queda e
Redenção. Essa tríade contraria o pensamento dualista (secular-sagrado) e fornece
os elementos necessários para a construção da perspectiva cristã, além de
servir de base para avaliar outras cosmovisões.
De certo modo, como defende Michael Horton (p. 47), as Escrituras
parecem evidenciar a necessidade de misturar dois tipos de paradigmas: “Cristo
e cultura em paradoxo” e “Cristo, o transformador da cultura”, porque este
mundo é do Pai Celeste, e no entanto, aqui não é meu lar. Com efeito, ao longo
do Antigo Testamento aprendemos que há dois reinos: a Cidade de Deus e a Cidade
dos Homens, de modo que o reino e a cultura de Deus estão unidos enquanto a
nação espelha o reino de Deus; mas quando Israel quebrou a aliança, os dois
reinos mais uma vez foram divididos. No Novo Testamento – diz Horton – Jesus
afirmou que “agora o meu reino não é daqui” (Jo 18.36), os crentes colocam suas
esperanças numa pátria melhor, celestial (Hb. 11.16).
Nada obstante, somos também admoestados a evitar ver a cidadania num
reino como antítese completa da cidadania e participação no outro, afinal o
próprio Paulo afirmou: E não vos conformeis com este mundo (paradoxo) mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento (Rm. 12.2). Aliás, a
palavra “mundo” possui vários significados na Bíblia. Kosmos, no grego, pode
denotar a terra (mundo físico) (Mt 13.35; Jo 21.25; At 17.24); o gênero humano
(mundo demográfico) (Mt 5.14; Jo 1.10; 3.16; 3.17); a atual condição da
humanidade em oposição a Deus (mundo caído) (Jo 7.7; 8.23; 14.30; 1Co 2.12; Gl
4.3; 6.14; Cl 2.8). Portanto, o cristão precisa estabelecer a correta relação
com essas diferentes concepções de mundo.
Para
falar sobre o cristão e a cultura, precisamos lembrar que a igreja não nasceu
em nossa geração. Temos que ser humildes e olharmos para a história da igreja
para ver como os cristãos do passado lidaram com a cultura.
H.
Richard Niebuhr (1894-1962), apresentou em seu livro Cristo e cultura (download
gratuito) cinco categorias de classificação do relacionamento entre o cristão
e a cultura, fornecendo, assim, ferramentas para descrever a forma que os
cristãos encaram questões sociais, éticas, políticas e econômicas.
1.
O cristão contra a cultura
Os
que seguem esta corrente enfatizam que, diante da natureza decaída da criação,
é necessário que se criem estruturas alternativas, e que estas sigam mais de
perto o chamado radical do evangelho. Esta posição foi afirmada no Didaquê, na
Primeira Epístola de Clemente, e nos escritos de Tertuliano (c.160–c.225) e dos
anabatistas do século xvi, como Michael Sattler (c.1490–1527).
Resumidamente,
a cultura é caída, má e demoníaca; rejeite tudo. Exemplos:
“A
filosofia é a matéria básica da sabedoria mundana, intérprete temerária da
natureza e da ordem de Deus. De fato, é a filosofia que equipa as heresias… Ó
miserável Aristóteles! Que lhes proporcionaste a dialética, esse artífice hábil
para construir e destruir, esse versátil camaleão que se disfarça nas
sentenças, se faz violento nas conjecturas, duro nos argumentos, que fomenta
contendas, molesta a si mesmo, sempre recolocando problemas antes mesmo de nada
resolver. Por ela, proliferam essas intermináveis fábulas e genealogias, essas
questões estéreis, esses discursos que se alastram, qual caranguejos, e contra
os quais o Apóstolo nos adverte na sua carta aos Colossenses: ‘Cuidado que
ninguém vos venha a enredar com suas sutilezas vazias, acordadas às tradições
humanas, mas contrárias à providência do Espírito Santo’. Este foi o mal de
Atenas… Ora que há de comum entre Atenas e Jerusalém, entre a Academia e a
Igreja, entre os hereges e os cristãos? Nossa formação nos vem do pórtico de
Salomão, ali nos ensinou que o Senhor deve ser buscado na simplicidade do
coração. Reflitam, pois, os que andam propalando seu cristianismo estóico ou
platônico. Que novidade mais precisamos depois de Cristo? […] Que pesquisa
necessitamos mais depois do Evangelho? Possuidores da fé, nada mais esperamos
de credos ulteriores. Pois a primeira coisa que cremos é que para a fé, não
existe objeto ulterior.” (Tertuliano, De praescr. haeret., VII)
“Quarto,
unimos nossas forças no que diz respeito à separação do mal. Devemos nos
afastar do mal e da perversidade que o diabo semeou no mundo, para não termos
comunhão com isso e não nos perdermos na confusão dessas abominações. Aliás,
todos que não aceitaram a fé e não se uniram a Deus para fazer a sua vontade
são uma grande abominação aos olhos de Deus. Deles não poderão acrescentar ou
surgir nada mais do que coisas abomináveis. Não existe nada mais no mundo e em
toda a criação do que o bem e o mal, crentes e incrédulos, trevas e luz, os que
estão no mundo e fora do mundo, os templos de Deus e dos ídolos, Cristo e
Belial, e nenhum deles poderá ter comunhão um com o outro. Para nós, pois, é
obvio o imperativo do Senhor, pelo qual nos ordena que nos afastemos e nos
mantenhamos longe dos maus. Assim, ele será nosso Deus e nós seremos seus
filhos e filhas. Além disso, ele nos exorta a abandonar a Babilônia e o paraíso
terreno egípcio, para não passar pelos sofrimentos e dores que o Senhor enviará
sobre eles. (…) Devemos nos afastar de tudo isso e não participar com eles.
Porque tudo isso não passa de abominações, que nos tornam odiosos diante do
nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos libertou da escravidão da nossa natureza
pecaminosa e nos tornou aptos para o serviço de Deus, por meio do Espírito que
nos ortogou.” (Confissão de Schleitheim, IV)
2.
O cristão da cultura
Os
ensinos do evangelho têm íntima relação com as estruturas culturais, num
processo de acomodação a esta. Ou seja, toda e qualquer cultura é incorporada
no cristianismo.
Apesar
das objeções que são lançadas a esta posição, ela tem sido influente na
história da igreja. Os ensinos de gnósticos do século III, Abelardo de Paris
(1079–1142) e dos teólogos liberais do século XIX refletem esta posição.. A
igreja evangélica na Alemanha, por influência deste entendimento, trocou seu
nome para Igreja do Reich e seus pregadores juraram obediência a Hitler.
O
fundamentalismo americano acabou espelhando esta posição, afirmando os valores
básicos da cultura dos Estados Unidos. Aqui no Brasil, se por um lado
rejeitamos toda cultura local (o cristão contra a cultura), por outro acabamos
abraçando a cultura americana (o cristão da cultura), como se ela fosse uma
cultura cristã e achamos que uma cultura é intrinsicamente superior a outra.
3.
O cristão acima da cultura
Este
é o conceito católico, influenciado por Clemente de Alexandria (c.150–c.215) e
Tomás de Aquino (1225–1274), que busca uma unidade entre o cristão e a cultura,
onde toda a sociedade aparece hierarquizada. Na Idade Média o ensino
eclesiástico alcançou quase todos os aspectos da sociedade: suas práticas
religiosas formaram o calendário; seus rituais marcaram momentos importantes
(batismo, confirmação, casamento, ordenação) e seus ensinamentos sustentavam
crenças sobre moralidade, significado da vida e a vida após a morte. A igreja e
sua mensagem são institucionalizadas e o que deveria ser condicionado
culturalmente é absolutizado. Neste terceiro modelo, o que é levado não é o
evangelho, mas uma cultura.
4.
O cristão e a cultura em paradoxo
Posição
comumente associada a Martinho Lutero (1483-1546) e Søren Kierkegaard
(1813-1855). Esta posição mantém o entendimento bíblico da queda e da miséria
do pecado, e o chamado para se lidar com a cultura. A relação do cristão com a
cultura é marcada por uma tensão dinâmica entre a ira e a misericórdia.
Lutero
enfatizou este tema com sua doutrina dos “dois reinos”: a mão esquerda,
mundana, segura a espada do poder no mundo, enquanto a mão direita, celeste,
segura a espada do Espírito, a Palavra de Deus. Não se pode tentar coagir a fé,
nem se pode tentar acomodar a fé aos modos seculares de pensamento.
Um
exemplo: espancamento feminino. A mulher deve processar o marido? Nesta visão
paradoxal, como cristã, ela não deveria (pois o crente não leva outro ao
tribunal secular), mas como cidadã, sim. Então, a mulher vive um conflito
paradoxal.
5.
O cristão como agente transformador da cultura
A
cultura deve ser levada cativa ao senhorio de Cristo. Sem desconsiderar a queda
e o pecado, mas enfatizando que, no princípio, a criação era boa, os que estão
nesse grupo enfatizam que um dos objetivos da redenção é transformar a cultura.
Sendo assim, por mais iníquas que sejam certas instituições, elas não estão
fora do alcance da soberania de Deus. Ou seja, mesmo sabendo da queda, o
cristão não abandona a cultura (o cristão contra a cultura), mas busca
redimi-la, levá-la aos pés de Cristo.
Agostinho
(354-430), João Calvino (1509-1564), John Wesley (1703-1791) e Abraham Kuyper
(1837-1920) são alguns dos que entenderam que os cristãos são agentes de
transformação da cultura, posição que é exposta nesta obra de Niebuhr. Em
Apocalipse, vemos que Deus redime tanto a pessoa, como a diversidade cultural.
Nesta
posição, não há divisão entre o sagrado e o profano – essa é uma dicotomia
católica (a divisão sagrado/profano afirma que na igreja fazemos atividades
sagradas e, no mundo, atividades profanas; ou seja, rezar, ser padre é algo
sagrado, mas construir um prédio e ser um engenheiro são coisas profanas). A
divisão bíblica é entre o que é santo e está em pecado; e que está em pecado
deve ser santificado.
Relatório
de Willowbank
A
afirmação de que o cristão é um agente transformador da cultura pode ser
resumida na compreensão de que “uma vez que o homem é criado por Deus, parte de
sua cultura será rica em beleza e bondade. Por causa da queda e do pecado do
homem, toda a sua cultura [usos e costumes] está manchada pelo pecado, e parte
dela é demoníaca” (Pacto de Lausanne §10) — o evangelho nunca é hóspede da
cultura, mas sempre seu juiz e redentor.
O
Grupo de Teologia e Educação de Lausanne propôs um modelo hierárquico de ação
sobre a entrada do evangelho na cultura (Relatório de Willowbank, 1978) que
pode ser de auxílio em nosso trato com a cultura ao nosso redor.
Categoria
de costumes
Como
um missionário deve proceder em uma cultura diferente? O Relatório de Willowbank
propõe uma relação quádrupla do cristão com a cultura:
1. Alguns
costumes não podem ser tolerados, como a idolatria, infanticídio, canibalismo,
vingança, mutilação física, prostituição ritual, entre outros.
2. Alguns
costumes podem ser temporariamente tolerados [por uma geração], como a
escravidão, o sistema de castas, o sistema tribal, a poligamia, entre outros.
3. Há
alguns costumes cujas objeções não são relevantes para o evangelho, como o
costume de o homem e a mulher sentarem separados nos cultos, os costumes
alimentares, vestimentas, hábitos de higiene pessoal, entre outros.
4. Assuntos
secundários (adiáforos) sobre os quais há controvérsias mas que pode-se ter
liberdade de análise, como escatologia, governo da igreja, ceia e batismo
Exemplo
do ponto 2: quando chefes tribais polígamos se convertiam, eles eram obrigados
pelos missionários a abandonar todas suas esposas, que ou morriam de fome ou se
prostituiam, podendo morrer apedrejadas. Vendo isso, os missionários acharam
uma medida sábia não exigir desse chefe tribal o abandono da poligamia, mas
exigir tal atitude da próxima geração de cristãos.
Aplicação
do ponto 3: Se você é um novo pastor, não tente mudar a cultura da igreja, se
ela se encaixa neste nível. Pregue o evangelho!
“Não
se distinguem os cristãos dos demais, nem pela região, nem pela língua, nem
pelos costumes. (…) Seguem os costumes locais relativamente ao vestuário, à
alimentação e ao restante estilo de viver, apresentando um estado de vida
admirável (…). Enquanto cidadãos, de tudo participam, porém tudo suportam como
estrangeiros. (…) Se a vida deles decorre na terra, a cidadania, contudo está
nos céus. Obedecem as leis estabelecidas, todavia superam-nas pela vida. Amam a
todos, e por todos são perseguidos (…) Para simplificar, o que é a alma no
corpo são no mundo os cristãos”. (5-6) (Epístola a Diogneto)
Dança, por exemplo, uma área da
cultura e até mesmo como arte ou esporte onde as pessoas são qualificadas como
competidores e uns com os outros se confrontam para se extrapor ao outro.
DANÇA - Uma das primeiras formas de arte apresentada pelo homem foi a
dança, ela era executada quando o homem ganhava um presente ou se sentia feliz
com a vinda da chuva. No entanto com o tempo o homem sentiu que, para dançar,
ele precisava de um certo "barulho" para acompanhar seus movimentos
como seu próprio assovio e, com isso, acabou por criar seus primeiros
instrumentos musicais que foram instrumentos de sopro. Ou seja, há mais de 15
mil anos atrás, já foram registrados os primeiros movimentos que podemos chamar
de dança e esse reconhecimento é feito através das pinturas e rabiscos que o
Homem Paleolítico deixou registrado nas paredes das cavernas. Até hoje a dança
faz parte da vida do indivíduo, antigamente como forma de preparação do corpo
para combates ou caças e hoje através de eventos culturais, religiosos, festas
ou apenas pelo simples prazer de dançar.
A dança foi uma das grandes
manifestações de louvor e adoração a Deus deste os primórdios da humanidade e
hoje está introduzida na igreja como adoração a Deus pela dança. Adorai ao
Senhor do adufes e danças. Salmos 150;4 Louvai-o com o tamborim e a dança, louvai-o com
instrumentos de cordas e com órgãos. ... 6 Tudo quanto tem fôlego louve ao
Senhor.
Salmos 149;4 Cantai ao
SENHOR um cântico novo, e o seu louvor na congregação dos santos. Alegre-se
Israel naquele que ... 3 Louvem o seu nome com danças; cantem-lhe o seu
louvor com tamborim e harpa.
TEATRO - As informações escritas mais completas e detalhadas sobre o surgimento
do teatro referem-se às encenações teatrais da Grécia antiga.
Na Grécia, as primeiras manifestações teatrais mais parecidas com o nosso teatro atual datam do século VII a.C.
O deus do vinho na mitologia grega era Dionisio (chamado de Baco pelos romanos) e os gregos organizavam rituais religiosos para honrar esse deus. Esses rituais eram comandados por um coro cujos componentes usavam máscara representando animais, declamavam, cantavam e dançavam. Ainda não havia atores, como hoje.
Com a importância desses rituais na vida dos gregos, foi criado um local especial para sua realização. Edificação em encosta escavada, coberta por fileiras de arquibancadas semicirculares voltadas para um espaço circular no qual ficava o altar e se apresentava o coro. Esse local recebeu o nome de teatro, termo que com o tempo acabou designando as representações que aí ocorriam.
Segundo a mitologia, Dionisio foi quem ensinou aos homens o cultivo da vinha. Logo depois, um bode derrubou as parreiras e foi castigado com a morte. Os homens arrancaram a pele do animal e sobre ela começaram a cantar e beber até caírem desmaiados. Os mais fortes, que conseguiram dançar e cantar até o raiar do dia, foram premiados com a carne do bode e a sua pele embebida em vinho.
Nos rituais do deus Dionisio, procurava-se reproduzir o mito. O coro, cantando em procissão, dirigia-se ao local do culto. No altar, o sacerdote preparava a cerimônia: um bode era oferecido em sacrifício. Conta-se que certa vez, no século VI a. C., um integrante do coro, de nome Téspis fortemente imbuído do espírito do ritual, saiu do coro e afirmou ser Dionisio. Estava criada a função de ator.
Na Grécia, as primeiras manifestações teatrais mais parecidas com o nosso teatro atual datam do século VII a.C.
O deus do vinho na mitologia grega era Dionisio (chamado de Baco pelos romanos) e os gregos organizavam rituais religiosos para honrar esse deus. Esses rituais eram comandados por um coro cujos componentes usavam máscara representando animais, declamavam, cantavam e dançavam. Ainda não havia atores, como hoje.
Com a importância desses rituais na vida dos gregos, foi criado um local especial para sua realização. Edificação em encosta escavada, coberta por fileiras de arquibancadas semicirculares voltadas para um espaço circular no qual ficava o altar e se apresentava o coro. Esse local recebeu o nome de teatro, termo que com o tempo acabou designando as representações que aí ocorriam.
Segundo a mitologia, Dionisio foi quem ensinou aos homens o cultivo da vinha. Logo depois, um bode derrubou as parreiras e foi castigado com a morte. Os homens arrancaram a pele do animal e sobre ela começaram a cantar e beber até caírem desmaiados. Os mais fortes, que conseguiram dançar e cantar até o raiar do dia, foram premiados com a carne do bode e a sua pele embebida em vinho.
Nos rituais do deus Dionisio, procurava-se reproduzir o mito. O coro, cantando em procissão, dirigia-se ao local do culto. No altar, o sacerdote preparava a cerimônia: um bode era oferecido em sacrifício. Conta-se que certa vez, no século VI a. C., um integrante do coro, de nome Téspis fortemente imbuído do espírito do ritual, saiu do coro e afirmou ser Dionisio. Estava criada a função de ator.
O teatro é outra forma de cultura respeitável e muito atual em nossas
igrejas e tem sido uma forma eficaz de levar ao entendimento de fatos bíblicos
relevantes e convencido os que ainda não tem conhecimento da palavra bem como
atualizar conhecimento dos que já estão na igreja.
Qual a relação da santidade e da cultura na igreja?
1) A santidade pertence à própria natureza da Igreja, como
Corpo terreno do Senhor Ressuscitado. É um dos seus elementos constitutivos.
Pertence ao seu DNA. Uma Igreja, portanto, que em si mesma não fosse santa, não
seria a verdadeira Igreja de Cristo, ou seja, aquela que Jesus fundou para que,
uma vez regressado ao Pai, continuasse através dos tempos, em nome d'Ele e com
a sua autoridade, a sua perene missão de salvação.Como Corpo místico de Cristo, a Igreja é, de fato, chamada a espelhar no seu rosto, ou seja, no seu ser e agir "in essendo et in agendo" o mesmo rosto de Cristo, a sua transparência entre os homens. Estes têm o direito de poder ver no rosto da Igreja o rosto de Cristo. Pedem-lhe, muitas vezes mesmo sem se aperceberem, que não só lhes fale de Cristo, mas também lho mostre. Pois bem, a Igreja conseguirá mostrá-lo na medida em que for, na sua vida e multíplice atividade, o reflexo da santidade d'Aquele que é a própria santidade do Pai, tornada tempo e história.
A linguagem da santidade, por conseguinte, a que não pode renunciar sem se tornar infiel Àquele que é a mesma santidade de Deus "três vezes santo"; sem deixar de ser, contradizendo-se a si própria, a esposa "sem mancha e sem ruga" do seu Senhor; sem deixar de ser entre os homens o reflexo da "luz dos povos", que é Cristo.
A Igreja é chamada a ser a, antes de mais, a Igreja da santidade, da oração, do silêncio, da vida interior, da contemplação do rosto de Cristo antes de anunciá-lo.
"Não tenhais receio que o tempo dedicado à oração possa, de alguma forma, diminuir o dinamismo apostólico e o benemérito serviço aos irmãos, que constituem a vossa fadiga quotidiana. Pelo contrário, amar e por no centro de cada projeto de vida e de apostolado a oração, é a verdadeira escola dos Santos” Toda a multíplice atividade da Igreja tem por finalidade suscitar nos fiéis a santidade. Existe apenas para isso, e não tem outro fim além desse: conseguir que a santidade possa plasmar o homem e fazê-lo assim participar na mesma santidade de Deus .Esta é, em absoluto, a prioridade da ação pastoral da Igreja. "Em primeiro lugar, não hesito em dizer que o projeto, para que deve tender todo o caminho pastoral, e da igreja como o “corpo de Cristo” é a santidade... Na verdade, colocar a programação pastoral e o cotidiano dos fiéis sob o sinodo da santidade é uma opção carregada de consequências. É hora de propor de novo a todos, com convicção, esta "medida alta" da vida cristã ordinária: toda a vida da comunidade das famílias cristãs deve apontar nesta direção
"A Igreja foi instituída para o homem... E a
vida interna da Igreja tem como primeira finalidade a santidade do homem,
querida pelo Amor eterno de Deus Trindade... Santificar-se e santificar, viver
e fazer viver o plano divino da salvação, compreender e fazer compreender o
mistério da Igreja", que é essencialmente um mistério de santidade
Deus nos chamou, justificou, santificou e
glorificou para vivermos em santidade,saindo do estado deplorável do pecado,
chamando nos a justificação para vivermos em santidade até que cheguemos ao
corpo glorificado na glória de Deus.Romanos 8;30,31 Porquanto, aqueles que
antecipadamente conheceu, também os predestinou para serem semelhantes à imagem
do seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que
chamou, a estes igualmente justificou; e aos que justificou, a estes também
glorificou. Hino de vitória: Deus é por nós 31A que conclusão, pois, chegamos diante desses fatos? Se Deus é por
nós, quem será contra nós "a santidade é um pressuposto fundamental e
uma condição absolutamente insubstituível para realizar a sua missão de
salvação". É a santidade que dá credibilidade, e portanto eficácia, à
palavra da Igreja. Só uma Igreja santa, profundamente enamorada de Cristo, pode
pretender que os homens a escutem. Pois, estes são mais sensíveis aos fatos que
às palavras.
Portanto, para responder aos novos e tremendos
desafios do terceiro milénio, a Igreja nada mais tem a fazer que realizar a sua
programação centrada na santificação dos fiéis, que consiste essencialmente em
conhecer, amar e imitar Cristo,
santidade
objetiva da Igreja subjetiva-se, exprime-se e manifesta-se nos fiéis que se
dedicam piamente á oração, intercessão e dedicação total e irrestrita a
soberana vontade do Senhor Jesus valorizando Seu projeto de
salvação,justificação e santificação dia a dia, conforme está escrito em 2
Cronicas 7;14-16 E se o meu povo,
que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se
converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os
seus pecados, e sararei a sua terra.
Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração deste lugar.
Porque agora escolhi e santifiquei esta casa, para que o meu nome esteja nela perpetuamente; e nela estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias.
Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração deste lugar.
Porque agora escolhi e santifiquei esta casa, para que o meu nome esteja nela perpetuamente; e nela estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias.
Deus criou o homem para que atinja a sua plenitude,
não de forma passiva, mas participando na ação divina. O homem fora criado para
ser imagem e semelhança de Deus, em santidade e justiça e como o pecado tornou
se oposto ao propósito de Deus. O alcance dessa plenitude é, portanto, o fim
último e o princípio unificador de toda a existência humana. Esta aspiração ao
bem absoluto, que investe o ser e o agir do homem, "é teorizada e vivida
pelo cristão como aspiração à santidade, entendida como filiação divina que se
atua no seguimento e imitação de Cristo"
No tal contexto compreendem-se perfeitamente as
palavras de Paulo aos Efésios1;4,5: "Nele (em Cristo) nos escolheu
antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na
sua presença. Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a
fim de sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo" 2)
Mas se todos os homens são chamados à santidade, esta é para os cristãos uma
verdadeira e própria exigência. A todos se dirige o convite de Cristo:
"Sede santos pois eu o Senhor vosso Deus sou santo e vos separei dos povos
para serdes meus. Leviticos 20;26 ou ainda como Jesus mesmo nos ensinou nos
evangelhos (Mt 5, 48; Sede vós pois perfeitos, como é
perfeito o vosso Pai que está nos céus. cf. 12, 30; Jo 13,
43; 15, 12). Valem para todos as palavras de São Paulo: "É esta a
vontade de Deus: a vossa santificação" (1 Ts 4, 3;
cf. Ef 1, 4; 5, 3; Cl 3, 12; Gl 5,
22;Rm 6, 22).
A vocação à santidade é, portanto, universal.
Ninguém está excluído. "Todos na Igreja, quer pertençam à hierarquia, quer
façam parte da grei, são chamados à santidade segundo a palavra do
Apóstolo: "Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação" (1
Ts 4, 3)" "É, pois, bem claro que todos os fiéis, seja qual
for o seu estado ou classe, são chamados à plenitude da vida cristã e à
perfeição da caridade" A santidade de que fala o Concílio e a que todos
são chamados, não se deve conceber como um ideal meramente teórico, lindo sim,
mas fora do alcance. A sua procura não deve ser algo de abstrato, de genérico,
mas um verdadeiro programa de vida. A santidade não consiste certamente em
fazer coisas extraordinárias, mas em fazer de maneira extraordinária as coisas
de todos os dias. O apresentar se puro para o Senhor a cada dia buscando o Seu
reino de santidade e justiça. Por outro lado, a santidade cristã não deve ser
vista como uma espécie de alienação do homem, mas antes como a sua realização
plena, segundo o plano de Deus criador. É um dom da graça que aperfeiçoa a
natureza humana. A santidade é, de fato, não a anulação, mas a plenitude da
humanidade. Cristo é o homem perfeito, precisamente porque é a própria
santidade encarnada.
Eis por que a santidade não é algo de facultativo;
não é um luxo ou privilégio de uns tantos, um património de poucos, mas um
dever que empenha todos os salvos.
A Igreja e o mundo, portanto, têm uma grande
necessidade de santidade. não basta ser santo: é necessária a santidade
que o momento presente exige, uma santidade nova, também ela sem
precedentes...
O
apóstolo Paulo afirma que: Todas as coisas me são
lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem
todas as coisas edificam. 1 Coríntios 10:23
Todas
as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me
são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. 1 Coríntios 6:12
Podemos
participar de inúmeras coisas no mundo atual sem ferir a santidade ou ainda sem
nos rendermos aos problemas que nos sobrevem no dia a dia e que podem nos
afastar do objetivo, do alvo que Deus preparou para nós. A santidade e justiça.
Hoje
o que muitas vezes se afirma ser cultura tem se tornado pra igreja uma
aberração aos conceitos cristãos e deixado nossas igreja contaminadas pela
sociedade descomprometida com o evangelho.
Os
verdadeiros cristãos guiados por seus pastores comprometidos com o chamado de
Deus para suas vidas, tem em si mesmo o poder de escolher entre o bem e o mal,
entre o certo e o errado. Se o pastor da igreja, homem dirigido e orientado por
Deus, passa á igreja as ordenanças de Deus e a realidade que nos orienta a
palavra de Deus, temos que crer que nele está a orientação para o caminho da
santidade e da justiça, avaliando o que seja nocivo ou edificante para a
igreja. Nem sempre o que faz parte da cultura atual seja o que vai servir para
a igreja, antes pelo contrário, temos que entender que o que serve para o mundo
não é útil á igreja e que tudo que é útil para a edificação da igreja, é por
assim dizer o essencial para o mundo inteiro.
Quando
a igreja busca a vida de santidade e entre seus membros jamais vamos ver uma
igreja assim afundada nas ideologias do mundo ou se contaminando com as coisas
deste mundo.
O
apóstolo Paulo escreveu aos romanos no capítulo 12;1,2 Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os
vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional. Romanos 12:1 E não vos conformeis com este mundo, no
qual há dissolução, mas transformai vos pela renovação da vossa mente. E ainda
notamos que ele nos adverte a apresentarmos a Deus com um culto racional, com
razão, com conhecimento, com rendição total elevada pela plena comunhão com
Ele. E ainda nos diz: Ensinando-nos que,
renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente
século sóbria, e justa, e piamente, Tito 2:12
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