QUANDO O AMIGO NÃO É SUFICIENTE!
Quando amigos não ajudam...
Jó tinha três “amigos” Elifaz,
Bildade, Zofar e mais um quarto chamado Eliú...
O livro de Jó é riquíssimo, e permite
muitos olhares sobre Deus, a vida, a morte, o sofrimento, etc. Ah, esqueça a
paciência, pois com certeza essa não era a principal característica de Jó, leia
o livro todo que isso fica muito claro.
Nesse rápido texto, quero
compartilhar com vocês algumas coisas que aprendi com os “amigos” de Jó. Eles
refletem muito nosso jeito de aconselhar e nossa postura diante do sofrimento.
Segundo o relato bíblico, ao saberem
dos acontecimentos em torno da vida de Jó, os amigos Elifaz, Bildade e Zofar,
saem, cada um de sua região, para se encontrarem e juntos irem para Uz, afim de
serem solidários. Ao chegarem onde Jó estava, perceberam como era grande seu
sofrimento, choraram em alta voz, rasgaram suas roupas, colocaram terra sobre a
cabeça[1] e sentaram com Jó em silêncio (2.11-13).
Eles começaram bem! Tiveram atitude e
foram em direção ao amigo, se compadeceram e partilharam a dor, a ponto de
ficarem sete dias em silêncio, deveriam ter ficado de boca fechada…
Depois desse longo período de
silêncio, Jó abre a boca e põem pra fora toda sua indignação, raiva, angústia.
Sente-se injustiçado e beira a blasfêmia, Deus é o alvo de seus
questionamentos. Na verdade, me parece que Jó só queria desabafar, compartilhar
o que se passava em seu interior, e quem sabe onde ele mais precisou dos
amigos, foi onde eles falharam.
Os discursos de Jó não são ortodoxos,
afrontam ideias fixas e vão contra princípios básicos do relacionamento entre a
humanidade e Deus, conforme a sabedoria vigente. E os amigos de Jó, defensores
desses princípios, não suportam as palavras de Jó, abrem a boca e se perdem em
discursos.
Será que temos que falar no momento
da dor alheia? E pior, julgar dizendo que a pessoa tá assim porque fez escolhas
que a levaram a esse ponto? Por que não conseguimos colocar e misericórdia na
frente da ortodoxia? Aqui, não falo para abandonarmos os princípios, mas para
sabermos o momento certo de expô-los, pois palavras certas ditas na hora errada
só causam mais danos.
Esses amigos também se achavam
detentores da verdade, pensavam estar fazendo a coisa certa. Mas depois o
próprio Deus os censura. Seus discursos enlatados não atenderam os dilemas da
vida Jó. Assim somos nós muitas vezes, seguimos cartilhas prontas e achamos que
se serviu pra um vai servir para o outro. Dessa forma, nos atropelamos nas
palavras e passamos por cima do outro.
Devemos entender que muitas vezes
aconselhar é ficar quieto, somente ouvir. Pois no próprio ato do desabafo a
pessoa se encontra. Deixemos nossos conselhos cheios de moral e sabedoria para
outro momento, por hora, ofereçamos somente um bom ombro amigo.
Jó tinha três amigos especiais:
Elifaz, da região de Temã, Bildade, da região de Suá, e Zofar, da região de
Naamá. Eles ficaram sabendo das desgraças que haviam atingido o amigo e
combinaram fazer-lhe uma visita na região de Uz, onde ele morava, para falar
como estavam tristes pelo que lhe havia acontecido e para darem um pouco de
consolo e ânimo (Jó 2.11). Mais tarde, outro amigo, Eliú, mais jovem que os
outros, juntou-se a eles para fazer a mesma coisa (Jó 32.1-5).
O leitor faça suas próprias
avaliações sobre a sabedoria e a eficácia desse consolo, lendo pelo menos as
frases a seguir retiradas de seus discursos. Todavia, é bom avaliar também o
seu próprio discurso em situações semelhantes.
Elifaz, de Temã
“Pense bem! [...] Suas palavras davam
firmeza aos que tropeçavam; você fortaleceu joelhos vacilantes. Mas, agora que
se vê em dificuldade, você desanima; quando você é atingido, fica prostrado”
(4.3-5).
“Reflita agora: Qual foi o inocente
que chegou a perecer? Onde os íntegros sofreram destruição? Pelo que tenho
observado, quem cultiva o mal e semeia a maldade, isso também colherá” (4.7-8).
“Você sufoca a piedade e diminui a
devoção a Deus” (15.4).
“O ímpio sofre tormentos a vida toda”
(15.20).
“Você agitou os punhos contra Deus e
desafiou o Todo-poderoso, afrontando-o com arrogância, com um escudo grosso e
resistente” (15.26).
Bildade, de Suá
“Até quando você vai falar desse
modo? Suas palavras são um grande vendaval!” (8.2)
“[Assim como o papiro mal cresce e,
antes de ser colhido, seca-se, mais depressa que qualquer grama] esse é o
destino de todo aquele que se esquece de Deus” (8.13).
“Quando você vai parar de falar?
Proceda com sensatez, e depois poderemos conversar” (18.2).
“A lâmpada do ímpio se apaga, e a
chama do seu fogo se extingue” (18.5).
“A calamidade tem fome de alcançá-lo;
a desgraça está à espera de sua queda e consome partes da sua pele” (18.12).
Zofar, de Naamá
“Ficarão sem resposta todas essas
palavras? Irá confirmar-se o que esse tagarela diz? Sua conversa tola calará os
homens?” (11.2-3)
“O tolo só será sábio quando a cria
do jumento selvagem nascer homem. Contudo, se você lhe consagrar o coração e
estender a sua mão para ele; se afastar das suas mãos o pecado e não permitir
que a maldade habite em sua tenda, então você levantará o rosto sem
envergonhar-se; será firme e destemido.” (11.12-15.)
“[Você] tem oprimido os pobres e os
tem deixado desamparados; apoderou-se de casas que não construiu” (20.19).
“Certo é que a sua cobiça não lhe
trará descanso e o seu tesouro não o salvará. Nada lhe restou para devorar; sua
prosperidade não durará muito” (20.19-21).
“Uma inundação arrastará a sua casa.
[...] Esse é o destino que Deus dá aos ímpios” (20.28-29).
Eliú, o jovem
“Neste mundo não há ninguém como Jó,
para quem é tão fácil zombar de Deus como beber um copo de água. Ele anda com
homens maus e se ajunta com gente que não presta” (34.7, NTLH).
“Se você não aceita o que Deus faz,
como espera que ele faça o que você quer?” (34.33, NTLH.)
“Jó é pecador, um pecador rebelde. Na
nossa presença, zomba de Deus e não pára de falar contra ele” (34.37, NTLH).
“Jó, você não tem o direito de dizer
que para Deus você é inocente” (35.2, NTLH).
“Não adianta nada continuar o seu
discurso; você fala muito, porém não sabe o que está dizendo” (35.16, NTLH).
“Você está sofrendo por causa da sua
maldade; cuidado, não se volte para ela!” (36.21, NTLH.)
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