COMICRACIA
Comicracia
A comicracia é um
conceito que combina as palavras "cômico" e "cracia" (do
grego kratos, que significa poder ou governo). Embora não seja um
termo formal ou amplamente reconhecido, ele geralmente é usado de maneira
irônica ou metafórica para descrever uma situação em que o poder ou a liderança
de uma instituição, organização ou país parece ser conduzido de forma cômica,
desorganizada ou ridícula.
O termo pode surgir em discussões sobre
política ou gestão, apontando para situações em que decisões parecem ser tomadas
sem seriedade, lógica ou responsabilidade, provocando mais risos e perplexidade
do que confiança e respeito.
Por exemplo, uma pessoa pode descrever
como "comicracia" um governo ou organização cujas ações pareçam um
show de comédia, com decisões absurdas, disputas públicas ou líderes que se
comportam de forma caricatural.
O Brasil está passando por uma crise
política sem precedentes, para a tentativa de executar um plano orquestrado na
década de 1930 a 1945 que culminou com a deposição do governo VARGAS, a única
ditadura efetivamente no Brasil.
Em 1950 Getúlio Vargas retorna à presidência da
República através da aprovação pelo voto direto. Diferentemente dos quinze
anos que já ocupara a cadeira de presidente, desta vez chegava ali
de forma democrática e em um cenário completamente novo do encarado durante
o Estado Novo. O Brasil era uma democracia e
com ela vinham todos os trâmites e disputas políticas próprias do sistema.
O Congresso Nacional não era composto
exclusivamente por aliados de Vargas, tendo em suas bancadas aqueles políticos
que formavam uma oposição aos ideais nacionalistas do Presidente.
Ações de Vargas como, por exemplo, a criação
da Petrobras em 1953 com a campanha “O Petróleo é nosso” desagradou profundamente
uma parcela importante do empresariado brasileiro, pois a ideia de uma empresa
completamente Estatal não condizia com os rumos que esse setor pensava para a
economia brasileira. Diante disso a oposição no Congresso se intensifica. Outra
medida considerada populista pela oposição foi o aumento
do salário mínimo em 100%, claramente também
desagradou o setor empresarial.
Entre os opositores destaca-se a oposição da UDN (União Democrática Nacional), principalmente na
figura de Carlos Lacerda, jornalista e político de grande
influência, era a principal força contrária ao governo de Vargas. O
posicionamento de Carlos Lacerda nos jornais buscava desestabilizar o governo
com uma intensa ação.
A campanha de oposição ao governo de Vargas se
intensifica após o evento que ficou conhecido como “Atentado da Rua Tonelero”. No dia 5 de Agosto de
1954 o jornalista Carlos Lacerda sofreu um atentado na rua em que morava. Seu
segurança, um Major da Aeronáutica morreu e ele sofre um ferimento no pé.
Carlos Lacerda ocupa a dianteira na denuncia à
Vargas como mandante do atentado, e suas denúncias ganham corpo quando a
polícia encontra indícios de que o homem de confiança de Vargas esteve na cena
do crime. O “Anjo Negro” como era conhecido Gregório Fortunato assumiu que
participou da ação contra Lacerda, o que colocou consequentemente Vargas na
situação de mandante, o que nunca chegou a ser provado, pois a investigação
encarou diversas incoerências.
Mas devido à morte de um oficial militar, as forças
armadas se uniram aos opositores políticos de Vargas e com uma campanha forte
buscavam que Vargas renunciasse ao cargo de presidente.
Em 24 de agosto do mesmo ano de 1954 depois de
anunciar ao seu Vice, Café Filho, que renunciaria ao cargo, Vargas dá
outro rumo à História. Enquanto seus opositores já comemoravam a noticia de que
o Presidente eleito renunciaria, Vargas, em seu gabinete após escrever uma
carta onde explicava os motivos de seu ato, desfere um tiro contra o peito que
atinge seu coração. Ele que já havia dito anteriormente que
não sairia do Palácio do Catete vivo, cumpre a promessa e “sai da vida para
entrar na História”.
As rádios passaram a anunciar a morte de Vargas e a
lerem a “carta testamento” constantemente, insuflando na população um desejo de
vingança pela morte do “Pai do Povo”, contra aqueles que provocaram o ato
“heroico” de Vargas. Assim a população sai às ruas quebrando e destruindo
carros do Jornal O Globo e invadiram a sede do Jornal Tribuna da Imprensa.
O suicídio de Getúlio Vargas tem
uma importância prática na História, ela atrasa em 10 anos o golpe militar.
Esses que já estavam preparados para tira-lo do poder vêm seus planos
interrompidos pela atitude drástica tomada por Vargas, e para além a própria
ação popular fortemente reativa aos opositores de Vargas, um cenário contrário
a qualquer atitude que pudesse ser tomada pelos militares naquele momento.
Em sua “Carta testamento” Vargas afirma:
Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me
perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas. Velho e cansado,
preferi ir prestar contas ao senhor, não de crimes que contrariei ora porque se
opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam,
impiedosamente, aos pobres e aos humildes. Só Deus sabe das minhas amarguras e
sofrimentos. Que o sangue de um inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus.
[...] Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão
constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo,
renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado.
Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue
de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto
a minha vida. [...]
Referências bibliográficas:
BAUM, Ana (org.). Vargas, agosto de 54 a História
contada pelas ondas do rádio. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
SKIDMORE, Thomas E. Brasil : De Getúlio Vargas a
Castelo Branco. São Paulo: CIA das Letras, 2010.
Na ocasião, tendo sido já forçado uma
vez e oferecido pedido de renúncia, o então presidente Vargas, após assumir
novo mandato, foi pressionado a renuciar novamente e em agosto de 1954 decidiu
suicidar se para não passar para mais um vexame de ter que renunciar. Vargas
deu um tiro fatal em si mesmo para não ter que enfrentar novo
"impeachment" forçado ou auto impeachment.
A ditadura Vargas tentava apoiar a
entrada efetivamente do comunismo no pais e finalizou o processo com a sua
morte em agosto de 1954
Como podemos fazer para combater a
COMICRACIA?
Combater a comicracia envolve
implementar estratégias que promovam seriedade, eficiência, responsabilidade e
ética em contextos onde o poder ou a liderança tenha perdido a credibilidade.
Aqui estão algumas abordagens práticas:
1. Fortalecer a
Educação Cívica
- Educar
as pessoas sobre seus direitos, deveres e a importância da governança
séria.
- Incentivar
o pensamento crítico para reconhecer atitudes populistas, irresponsáveis
ou cômicas no exercício do poder.
2. Promover a
Transparência
- Exigir
transparência em processos de tomada de decisão.
- Implementar
mecanismos de controle e fiscalização para reduzir práticas irresponsáveis
ou absurdas.
3. Elevar a
Qualidade dos Líderes
- Apoiar
a formação de lideranças competentes, éticas e comprometidas com o bem
comum.
- Incentivar
a renovação política e institucional, com pessoas qualificadas e focadas
no serviço público.
4. Responsabilização
e Consequências
- Estabelecer
e aplicar sanções claras para líderes ou gestores que ajam de forma
inadequada ou prejudicial.
- Criar
uma cultura de responsabilidade, onde o erro não seja tolerado sem
consequências.
5. Valorização
da Informação e do Debate
- Combater
a desinformação que pode alimentar comportamentos caricatos ou
negligentes.
- Incentivar
um debate público saudável e construtivo, focado em soluções reais e
pragmáticas.
6. Fortalecer
Instituições
- Garantir
que instituições como parlamentos, judiciários e agências de controle
sejam independentes e capazes de atuar contra excessos de governantes ou
gestores.
- Investir
na profissionalização e autonomia de órgãos técnicos.
7. Mobilização
Social
- Encorajar
a participação ativa da sociedade civil para pressionar por mudanças.
- Usar
ferramentas como manifestações pacíficas, petições e campanhas de
conscientização para exigir governança séria.
8. Valorização
da Ética e do Respeito
- Promover
valores éticos na sociedade como um todo, desde as escolas até o ambiente
de trabalho.
- Exigir
respeito e compromisso dos líderes e gestores, cobrando profissionalismo.
9. Reduzir a
Tolerância à Mediocridade
- Rejeitar
a normalização de atitudes irresponsáveis ou ridículas no exercício do poder.
- Valorizar
mais os resultados concretos do que os discursos cômicos ou espetáculos
midiáticos.
A comicracia prospera
em ambientes de apatia ou descrença coletiva, então a chave está em
restabelecer um ciclo virtuoso de participação, seriedade e responsabilidade,
garantindo que a liderança e as instituições estejam à altura das demandas da
sociedade.
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