COMO POSSO AFIRMAR A EXISTÊNCIA DE DEUS?
ARGUMENTOS QUE PROVAM DA EXISTÊNCIA DE DEUS
VALOR DO ARGUMENTO DA EXISTÊNCIA DE DEUS
Guy P. Duffield e
Nathaniel M. Van Cleave, na obra Fundamentos
da Teologia Pentecostal, coerentemente, declaram que algumas pessoas, com
boa razão, questionarão o valor dos argumentos sobre a existência de Deus. A
Bíblia em ponto algum argumenta a esse respeito; em toda parte as Escrituras
assumem sua existência como um fato aceito. O primeiro versículo das Sagradas
Escrituras afirmai “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1:1). O
salmista proclama mais adiante: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus”
(S1 14:1a). O cristão e todos os adoradores de Deus aceitaram a existência de
Deus como um ato de fé. Alguns teólogos, tais como Soren Kierkegaard e Karl Barth,
rejeitam toda teologia geral ou natural e afirmam que Deus só pode Ser
conhecido por um ato de fé. Todavia, a fé possuída pelo crente não é cega nem
irracional. A fé é um dom de Deus (Rm 10:17); todavia, ela é sustentada por
evidências claras para a mente imparcial. O salmista diz, como consolo para os
crentes: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras
das suas: mãos” (S1 19:1). Paulo destaca em Romanos, capítulo um, que mesmo
aqueles que não têm uma revelação da Escritura não possuem uma justificativa
para a sua incredulidade:
“Porquanto o
que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes
manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder
como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o
princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas.
Tais homens são por isso indesculpáveis: porquanto, tendo conhecimento de Deus
não o glorificaram como Deus...” (Rm 1:19-21).
Assim, podemos ver que a Bíblia
sustenta a validade de uma teologia natural. Devemos lembrar, no entanto, que,
apesar de uma teologia natural poder indicar um criador poderoso, sábio e
benévolo, nada diz para resolver os problemas do pecado do homem, sua dor, seu
sofrimento e sua necessidade de redenção. Também não pode afirmar, com João
Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). Além
disso, e importante lembrar que os argumentos da existência de Deus, tais como
os fornecidos por uma teologia natural, não constituem uma demonstração
absoluta. Os seres finitos não podem demonstrar a existência de um Deus
infinito. J. O. Buswell afirma:
“Não existe
um argumento conhecido por nós que, como argumento, leve a uma conclusão
provável (altamente provável). Por exemplo, acredita que o sol irá levantar-se
amanhã cedo, mas se fôssemos analisar as evidências, os argumentos que levam a
essa conclusão, seríamos for que eles, por melhores que sejam, são
caracterizados pela probabilidade. Os argumentos teístas não são uma exceção à
regra de que todos os argumentos indutivos sobre o que existe são argumentos de
probabilidade. Este é o ponto em que os argumentos, afirmam chegar.”
Os argumentos sobre a existência de
Deus que se seguem não são um substituto para a revelação de Deus nas
Escrituras, nem podem levar a uma fé salvadora. Eles são um consolo par o
crente e podem servir ao pregador do evangelho para despertar uma audiência
atenta. Só o Espírito Santo suprirá a verdadeira fé em Deus.
PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
Champlin conta que certa
feita, estava pregando em uma igreja batista sobre as provas da existência de
Deus. Procurei usar algumas poucas referências bíblicas que concordam em
espírito com as provas filosóficas, mas que não se acham ali com o propósito
específico de provar a existência de Deus. Fui severamente criticado devido
aquele sermão, e uma da senhoras chegou a dizer: “Espero que o pastor não torne
a convidar aquele filósofo para falar
à igreja!”. Em uma outra ocasião, um jovem de um seminário batista, na cidade
de São Paulo, referiu-se ao que aquela senhora dissera, concordando
inteiramente com ela. Eu estava presente e ouvi a observação dele, mas não me
dei ao trabalho de protestar. Mas eu
sabia que tanto os cursos de filosofia como teologia (da escola que ele
freqüentava) incluíam a existência de Deus, naquelas disciplinas. A ignorância
dos fatos nunca leva a coisa alguma. Quanto mais aprendemos, tanto melhores
ficamos. Os filósofos têm feito bem em examinar esse assunto: fazemos bem em
ficarmos informados acerca do assunto. – mesmo que não precisemos de tais
provas para consubstanciar a nossa fé cristã. Pois os que ainda pertencem ao
mundo, talvez sintam que essas provas são úteis para eles consubstanciarem sua
fé na existência de Deus. Outrossim, muitas dessas provas têm uma sólida base
bíblica, ainda que, na Bíblia, tais conceitos não sejam expostos como provas.
ARGUMENTOS DIVERSOS QUE COMPRAVAM
A REALIDADE DA EXISTÊNCIA DE DEUS
1.
Há a idéia do quinque viae exposta
por Tomás de Aquino.
Antes de tudo destaca-se o princípio
do impulsionador primário, isto é, aquela força que desencadeou o movimento que
agora sustenta o mesmo. O mundo seria, essencialmente, “matéria em movimento”.
Precisamos explicar a existência tanto do movimento como da causa primária.
Pois não é lógico entrarmos em um regresso infinito, afirmando que um movimento
foi causado por um antecedente, e este por um outro, anterior a ele, e assim
indefinidamente. Precisamos finalmente chagar à declaração da origem do
movimento. Em Col. 1:17 vemos que esse poder é atribuído a Cristo (o Logos), ao passo que no trecho de Atos
17:28 essa força é atribuída a Deus Pai. Estes dois trechos foram declarações
do Apóstolo Paulo. Por conseguinte, esse argumento de Tomás de Aquino já existe
nas Escrituras, ainda que não na forma rigorosa de um argumento, porém
meramente como uma afirmação sobre a origem do movimento e como o mesmo tem
prosseguimento. O movimento assume muitas formas diversas, e, segundo o conhecimento
mais avançado do que dispomos, sobre a particularidade, o movimento mais
elementar é aquele que se verifica no interior do átomo, e que envolve os
elementos constitutivos do átomo. Existe igualmente movimentos na formação das
coisas, no desenvolvimento de qualquer r
coisa a que chamamos de crescimento. Tais movimentos são governados por uma
inteligência qualquer, porque, de outro modo, tudo não passaria do mais absoluto
caos. Os movimentos são dirigidos na direção de alvos fixos, levados a efeito
com propósito definido. Somente uma inteligência elevada poderia assim ordenar
e dirigir tais movimentos.
2.
O argumento cosmológico.
Temos a necessidade de explicar a
origem da matéria. Poderíamos encetar uma série infindável de retrocessos,
supondo que há uma fileira interminável de causas, sem jamais chegarmos a uma causa primária - mas isso é
simplesmente contrário à razão. Assim sendo, precisamos supor que existe uma
causa, maior do que qualquer dos seus efeitos, causa essa que originou a
matéria. Com base na grandiosidade da criação, podemos averiguar algo da
grandiosidade da inteligência de Deus, bem como de seu extraordinário poder. A
única alternativa possível a essa posição é aquela que afirma que a matéria é
eterna; essa idéia entretanto, é muito menos satisfatória do que aquela que
fala de uma Causa inteligente de todas as coisas. Causa essa que é eterna, mas
que produziu a criação dentro do tempo. Coisa alguma, de tudo quanto existe,
pode ser declarado como sua própria causa, por quanto sempre podemos encontrar
uma causa para qualquer coisa, e outra causa para essa causa, e assim por
diante. Finalmente, porém, somos forçados a pôr ponto final nesse retrocesso,
supondo a existência de uma causa primária. Essa é a solução mais razoável,
para o problema da origem, dentre todas as soluções que têm sido apresentadas
pelos homens.
Myer Pearlman
nomenclatura esse argumento como sendo “Argumento da Criação”. Esse teólogo
sustenta que a razão argumenta que o universo deve ter tido um princípio. Todo
efeito deve ter uma causa suficiente. O universo, sendo o efeito, por
conseguinte deve ter uma causa. Consideremos a extensão do universo. Nas
palavras de Jorge W. Grey: “O universo, como o imaginamos, é um sistema de
milhares e milhões de galáxias. Cada uma delas se compõe de milhares e milhões
de estrelas. Perto da circunferência de uma dessas galáxias - a Via Láctea -
existe uma estrela de tamanho médio e temperatura moderada, já amarelada pela
velhice - que é o nosso Sol.” E imaginem que o Sol é milhões de vezes maior que
a nossa pequena Terra! Prossegue o mesmo escritor: “O Sol está girando numa
órbita vertiginosa em direção à circunferência da Via Láctea a 19.300 metros
por segundo, levando consigo a Terra e todos os planetas, e ao mesmo tempo todo
o sistema solar está girando num gigantesco circuito à velocidade incrível de
321 quilômetros por segundo, enquanto a própria galáxia gira, qual colossal
roda gigante estelar. Fotografando-se algumas seções dos céus, é possível fazer
a contagem das estrelas. No observatório de Harvard College eu vi uma fotografia
que inclui as imagens de mais de 200 Vias Lácteas todas registradas numa chapa
fotográfica de 35 x 42 cm. Calcula-se que o número de galáxias de que se compõe
o universo é da ordem de 500 milhões de milhões.”
Consideremos
nosso pequeno planeta e nele as várias formas de vida existentes, as quais
revelam inteligência e desígnio divinos. Naturalmente surge a questão: “Como se
originou tudo isso?” A pergunta é natural, pois as nossas mentes são
constituídas de tal forma que esperam que todo efeito tenha uma causa. Logo,
concluímos que o universo deve ter tido uma Primeira Causa, ou um Criador. “No
princípio - Deus” (Gên. 1:1).
Dum modo
singelo este argumento é exposto no seguinte incidente: Disse um jovem céptico
a uma idosa senhora: “Outrora eu cria em Deus, mas agora, desde que estudei
filosofia e matemática, estou convencido de que Deus não é mais do que uma
palavra oca”. Disse a senhora “Bem, é verdade que eu não aprendi essas coisas,
mas desde que você já aprendeu, pode me dizer donde veio este ovo?”
“Naturalmente duma galinha”, foi a resposta. “E donde veio a galinha?”
“Naturalmente dum ovo”. Então, indagou a senhora: “Permita-me perguntar: qual
existiu primeiro, a galinha ou o ovo?” “A galinha, por certo”, respondeu o
jovem. “Oh, então, a galinha existia antes o ovo? Oh, não, devia dizer que o
ovo existia primeiro. Então, eu suponho que você quer dizer que o ovo existia
antes da galinha”. O moço vacilou: “Bem, a senhora vê, isto é, naturalmente,
bem, a galinha existiu primeiro”. “Muito bem” — disse ela — , “quem criou a
primeira galinha de que vieram todos os sucessivos ovos e galinhas?” “Que é que
a senhora quer dizer com tudo isto?” — perguntou ele. “Simplesmente isto” —
replicou ela: — “Digo que aquele que criou o primeiro ovo ou a primeira galinha
é aquele que criou o mundo. Você nem pode explicar, sem Deus, a existência dum
ovo ou duma galinha, e ainda quer que eu creia que você pode explicar, sem
Deus, a existência do mundo inteiro!”
3.
O argumento alicerçado da contingência ou da possibilidade.
Esse argumento tem por fundamento a
verdade empírica que mostra que tudo quanto conhecemos, através de nossa
experiência, é “contingente”. Em outras palavras, depende de alguma outra coisa
para explicar a sua existência. Isso subentende que a menos que exista alguma
coisa “necessária”, que “não possa deixar de existir”, todas as coisas, finalmente
cessariam de existir, porquanto dependem ou são contingentes dessa coisa
necesária. Uma vez mais poderíamos iniciar um retrocesso infinito, supondo que
todas as coisas realmente dependem de alguma coisa, sem jamais chegarmos a um
“ser necessário”, independente, que não depende do que quer que seja para sua
existência. Porém, essa idéia é muito menos razoável do que supormos que ao
longo do caminho de retrocesso, em algum lugar, se encontra aquela vida necessária, que não depende de
qualquer outra coisa para a sua existência , mas antes, é sua própria causadora
e existe independentemente de tudo o mais. A esse ser independente é que
denominamos “Deus”. O evangelho de João encerra esse conceito em trechos como
João 5:25,26 e 6: 57, onde se lê que esse tipo de vida independe, imortal e
necesária foi conferida ao Filho de Deus (através das ressurreição), pelo poder
de Deus Pai, e então, por intermédio do Filho, a todos quantos nele crêem. Esse
é um dos conceitos mais elevados da religião, revelada ou não. O homem, através
da doação, vem participar da “vida independente” de Deus, e assim virá a
participar do mesmo tipo de imortalidade que Deus Pai possui. Essa é a
autêntica vida eterna.
4. Argumento axiológico
Em
outras palavras, há uma forma ou graus de perfeição? Sempre que examinamos a
bondade, a justiça, a beleza, a nobreza, ou qualquer outra das qualidades
morais, observamos neste mundo muitos graus de perfeição. Ora, a própria idéia
de “grau” subentende a necessidade de um grau máximo, ou seja, da perfeição –
um “maxime ens” ou “ens realissimus”.
Esse entre mais real chama-se “Deus” que é o ápice de todos os graus de
perfeição.
5.
O argumento teleológico.
O argumento
teleológico também é chamado pelos pensadores cristãos como “Argumento do
Desígnio. Esses estudiosos argumentam que o desígnio e a formosura
evidenciam-se no universo; mas o desígnio e a formosura implicam um arquiteto;
portanto, o universo é a obra dum Arquiteto dotado de inteligência suficiente
para explicar sua obra. O grande relógio de Estrasburgo tem, além das funções
normais dum relógio, uma combinação de luas e planetas que se movem, mostrando
dias e meses com a exatidão dos corpos celestes, com seus grupos de figuras que
aparecem e desaparecem com regularidade igual ao soarem as horas no grande cronômetro.
Declarar não
ter havido um engenheiro que construiu o relógio e que este objeto “aconteceu”,
seria insultar a inteligência e a razão humana. É insensatez presumir que o
universo “aconteceu”, ou, em linguagem científica, que procedeu “do concurso
fortuito dos átomos”!
Suponhamos
que o livro “O Peregrino” fosse descrito da seguinte maneira: o autor tomou um
vagão de tipos de imprensa e com pá os atirou ao ar. Ao caírem no chão, natural
e gradualmente se ajuntaram de maneira a formar a famosa história de Bunyan. O
homem mais incrédulo diria: que absurdo! E a mesma coisa dizemos nós das
suposições do ateísmo em relação à criação do universo.
O exame dum
relógio revela que ele leva os sinais de desígnio porque as diversas peças são
reunidas com um propósito prévio. Elas são colocadas de tal modo que produzem
movimentos e esses movimentos são regulados de tal maneira que marcam as horas.
Disso inferimos duas coisas: primeiramente, que o relógio teve alguém que o
fez, e em segundo lugar, que o seu fabricante compreendeu a sua construção, e o
projetou com o propósito de marcar as horas. Da mesma maneira, observamos o
desígnio e a operação dum plano no mundo e, naturalmente, concluímos que houve
alguém que o fez e que sabiamente o preparou para o propósito ao qual está
servindo.
O fato de
nunca termos observado a fabricação dum relógio não afetaria essas conclusões,
mesmo que nunca conhecêssemos um relojoeiro, ou que jamais tivéssemos idéia do
processo desse trabalho. Igualmente, a nossa convicção de que o universo teve
um arquiteto, de forma nenhuma sofre alteração pelo fato de nunca termos
observado a sua construção, ou de nunca termos visto o arquiteto.
Do mesmo
modo a nossa conclusão não se alteraria se alguém nos informasse que “o relógio
é resultado da operação das leis da mecânica e explica-se pelas propriedades da
matéria”. Ainda assim teremos que considerá-lo como obra dum hábil relojoeiro
que soube aproveitar essas leis da física e suas propriedades para fazer
funcionar o relógio.
Da mesma
forma, quando alguém nos informa que o universo é simplesmente o resultado da
operação das leis da natureza, nós nos vemos constrangidos a perguntar: “Quem
projetou, estabeleceu e usou essas leis?” Isso, em razão de ser implícita a
presença de um legislador uma vez que existem leis.
Tomemos para
ilustrar a vida dos insetos. Há uma espécie de escaravelho chamado “Staghorn”
ou “Chifrudo”. O macho tem magníficos chifres, duas vezes mais compridos do que
o seu corpo; a fêmea não tem chifres. No estágio larval, eles enterram-se a si
mesmos na terra e, silenciosamente, esperam na escuridão pela sua metamorfose.
São naturalmente meros insetos, sem nenhuma diferença aparente e, no entanto,
um deles escava para si um buraco duas vezes mais profundo do que o outro. Por
quê? Para que haja espaço para os chifres do macho se desenvolverem com
perfeição. Por que essas larvas, aparentemente iguais, diferem assim em seus
hábitos? Quem ensinou o macho a cavar seu buraco duas vezes mais profundo do
que o faz a fêmea? É o resultado dum processo racional? Não, foi Deus, o
Criador, quem pôs naquelas criaturas a percepção instintiva que lhes seria
útil.
De onde
recebeu esse inseto a sua sabedoria? Alguém talvez pense que a herdara de seus
pais. Mas um cão ensinado, por exemplo, transmite à sua descendência sua
astúcia e agilidade? Não. Mesmo que admitamos que o instinto fosse herdado,
ainda deparamos com o fato de que alguém havia instruído o primeiro escaravelho
chifrudo. A explicação do maravilhoso instinto dos animais acha-se nas palavras
do primeiro capítulo de Gênesis: “E disse Deus” - isto é: a vontade de Deus.
Quem observa o funcionamento dum relógio sabe que a inteligência não está no
relógio mas sim no relojoeiro. E quem observa o instinto maravilhoso das
menores criaturas, concluirá que a primeira inteligência não era a delas, mas
sim do seu Criador, e que existe uma Mente controladora dos menores detalhes da
vida.
O Dr.
Whitney, ex-presidente da Sociedade Americana e membro da Academia Americana de
Artes e Ciências, certa vez disse que “um ímã repele o outro pela vontade de
Deus e ninguém pode dar razão melhor.” “Que quer o senhor dizer com a
expressão: a vontade de Deus?” alguém lhe perguntou. O Dr. Whitney replicou:
“Como o senhor define a luz?. . . Existe a teoria corpuscular, a teoria de
ondas, e agora a teoria do quantum; e nenhuma das teorias passa duma conjetura
educada. Com uma explicação tão boa como essas, podemos dizer que a luz caminha
pela vontade de Deus. . . A vontade de Deus, essa lei que descobrimos, sem a podermos
explicar - é a única palavra final.”
O Sr. A J.
Pace, desenhista do periódico evangélico “Sunday School Times”, fala de sua
entrevista com o finado Wilson J. Bentley, perito em microfotografia
(fotografar o que se vê através do microscópio). Por mais de um terço de século
esse senhor fotografou cristais de neve. Depois de haver fotografado milhares
desses cristais ele observou três fatos principais: primeiro, que não havia
dois flocos iguais; segundo: todos eram de um padrão formoso; terceiro: todos
eram invariavelmente de forma sextavada. Quando lhe perguntaram como se
explicava essa simetria sextavada, ele respondeu: “Decerto, ninguém sabe senão
Deus, mas a minha teoria é a seguinte: Como todos sabem, os cristais de neve
são formados de vapor de água a temperatura a temperaturas abaixo de zero, e a
água se compõe de três moléculas, duas de hidrogênio que se combinam com uma de
oxigênio. Cada molécula tem uma carga de eletricidade positiva e negativa, a
qual tem a tendência de polarizar-se nos lados opostos. O algarismo três,
portanto, figura no assunto desde o começo”.
“Como
podemos explicar estes pontinhos tão interessantes, as voltas e as curvas
graciosas, estas quinas chanfradas tão delicadamente cinzeladas, todas elas
dispostas com perfeita simetria ao redor do ponto central?” perguntou o Sr.
Pace.
Encolheu os
ombros e disse: “Somente o Artista que os desenhou e os modelou conhece o
processo.”
Sua
declaração acerca do “algarismo três que figura no assunto” me pôs a pensar.
Não seria então que o trino Deus, que modela toda a formosura da criação,
rubrica a própria trindade nestas frágeis estrelas de cristal de gelo como quem
assina seu nome em sua obra-prima? Ao examinar os flocos de neve ao
microscópio, vê-se instantaneamente que o princípio básico da estrutura do
floco de neve é o hexágono ou a figura de seis lados, o único exemplo disso a
todo o reino da geometria a este respeito. O raio do círculo cirncunscrevente é
exatamente igual ao comprimento de cada um dos seis lados do hexágono.
Portanto, resultam seis triângulos equiláteros reunidos ao núcleo central,
sendo todos os ângulos de sessenta graus, a terça parte de toda a área num lado
duma linha reta. Que símbolo sugestivo do trino Deus é o triângulo! Aqui temos
unidade: um triângulo, formado de três linhas, cada: parte indispensável à
integridade do conjunto.
A
curiosidade agora me impeliu a examinar as referências bíblicas sobre a palavra
“neve”, e descobri, com grande prazer, este mesmo “triângulo” inerente na
Bíblia. Por exemplo, há 21 (3 x 7)
referências contendo o substantivo “neve” no Antigo Testamento, e 3 no Novo Testamento, 24 ao todo. Então
achei 3 referências que falam da
“lepra tão branca como a neve”. Três vezes a purificação do pecado é comparada
à neve. Achei mais três que falam de roupas “tão brancas como a neve”. Três
vezes a aparência do Filho de Deus compara-se à neve. Mas a maior surpresa foi
ao descobrir que a palavra hebraica, “neve”, é composta inteiramente de
algarismos “três”! É fato, embora não seja geralmente conhecido que, não tendo
algarismos, tanto os hebreus como os gregos usavam as letras do seu alfabeto
como algarismos. Bastava um olhar casual de um hebreu à palavra SHELEG (palavra
hebraica que quer dizer “neve”) para ver que ela significa algarismo 333, ba como significa “neve”. No
hebraico a primeira letra, que corresponde à nossa “SH”, vale 300; a segunda
consoante “L” vale 30; e a consoante
final, o nosso “G”, vale 3.
Somando-as, temos 333, três
algarismos de três. Curioso, não é verdade? Mas por que não esperar exatidão
matemática dum livro plenamente inspirado, tão maravilhoso quanto o mundo que
Deus criou?
Acerca de
Deus disse Jó: “Faz grandes coisas que não podemos compreender. Pois diz à
neve: Cai sobre a terra” (Jó 37:5, 6). Eu já gastei dois dias inteiros para
copiar com pena e tinta o desenho de Deus de seis cristais de neve e fiquei
muito fatigado. E como é fácil para ele fazê-lo! “Ele diz à neve” - e com uma
palavra está feito.
Imaginem
quanto são milhões de bilhões de cristais de neve caem sobre um hectare de
terra durante uma hora, e imaginem, se pudera, o fato surpreendente de que cada
cristal tem sua individualidade própria, um desenho e modelo sem duplicata
nesta ou em qualquer outra tempestade. “Tal conhecimento é maravilhoso demais
para mim; elevado é, não o posso atingir” (Sal. 139:6). Como pode uma pessoa
ajuizada, diante de tal evidência de desígnios, multiplicados por um sem-número
de variedades, duvidar da existência e da obra do Desenhista, cuja capacidade é
imensurável?! Um Deus capaz de fazer tantas belezas é capaz de tudo, até mesmo
de moldar as nossas vidas dando-lhes beleza e simetria.
Champlin declara que todos os
aspectos da vida e do ser demonstram um desígnio extremamente completo. Tudo
quanto é vida possui propósito em seu ser, além de um esquema muito complexo de
funções físicas, o que demonstra o mais estupendo desígnio. A complexidade de
desígnios existente, por exemplo, no olho humano, é a demonstração suficiente
da existência de uma inteligência cheia de propósito para confundir um milhão
de ateus. A ordem que impera no universo físico é exata e maravilhosa para
nossa apreciação. Ora, por detrás de todo esse propósito e desígnio deve haver
um grande Planejador, ou seja, a mais elevada inteligência que se pode
imaginar, – que foi capaz de pôr em movimento uma criação magnífica que sempre
desperta a nossa observação. O Planejador
é Deus e sua inteligência é atualmente demonstrada no mundo por ele criado.
Por exemplo, há uma vaidade de mariposa que possui dez tipos diferentes de
antenas, e que São receptores de luz. Por meio do seu uso, esse inseto é capaz
de dirigir o seu vôo e a sua vida em geral. A ciência dos homens ainda não foi
capaz de descobrir a utilidade específica de cada uma dessas variedades de
antenas, mas os cientistas se maravilham extasiados ante o fenômeno. O engenho
humano jamais foi capaz de desenvolver antenas com essa sensibilidade. No
entanto, alguns animais possuem receptores de luz ainda mais complicados e
prefeitos, aos quais chamamos de olhos.
Por detrás de desígnios tão inteligentes, deve haver um Intelecto Supremo. E essa inteligência extraordinária se chama
Deus. Até mesmo as coisas inanimadas têm desígnio, e essas coisas, juntamente
com outras coisas de desígnio mais complexo, adicionam o seu testemunho em
favor do grande Planejador.
6.
O argumento da eficácia da razão.
A razão humana, com sua
extraordinária complexidade e com muitíssimas sutilezas e seus poderes
abstratos, comprova a necessidade de admitirmos, em nossa ontologia, o Criador
e Planejador desses poderes, sendo, ele mesmo, o Intelecto supremo. A razão
humana é apenas uma pequena demonstração da razão divina. Até mesmo as tentativas
racionais do homem, par provar que Deus não existe, não passam de demonstrações
que Deus verdadeiramente existe, porquanto essas tentativas são um uso e uma
exibição da razão, o que, quando devidamente examinado, inevitavelmente nos
conduz de volta a Deus. Esse argumento é uma faceta do argumento teológico,
discutido acima, no ponto anterior.
Alguns teólogos dividem esse argumento didaticamente em
fases. A primeira fase deste argumento é de “causa e efeito”. Ao nosso redor
existem efeitos tais como matéria e movimento. Há três alternativas para a sua
explicação: (1) eles existem eternamente; (2) surgiram do nada ou (3) foram
causados. Vamos examinar essas alternativas em ordem. Primeiro, não é provável
que o universo tenha existido eternamente, pois toda evidência indica um
universo que está se desgastando. De acordo com a segunda lei da termodinâmica,
o sol e as estrelas estão perdendo energia em considerável proporção. Se
tivessem existido desde a eternidade, já estariam esgotados. Os materiais
radioativos estão perdendo a sua radiação. Os estudos espectográficos das
estrelas mostram que todos os corpos estão viajando para fora a partir do
centro, indicando um começo. Segundo, dizer que a matéria e o movimento
emergiram do nada é uma contradição: “Do nada, nada surge.” Terceiro, a
explicação mais razoável é que a matéria e o movimento foram criados num ponto
do tempo. Atualmente, a maioria dos cientistas data o universo de maneira
variada, entre cinco e vinte bilhões de anos de antigüidade. Alguns propõem uma
série de emergências ou um criador impessoal, mas, considerando a existência de
inteligências e a grande complexidade da criação, é mais provável que o universo
seja obra de um Criador inteligente, como exposto na Bíblia. Não é provável que
uma fonte suba mais alto que seu manancial, ou que seres racionais surjam de
uma fonte irracional.
Outra fase do argumento a
partir da razão é que o homem possui um conhecimento inato de Deus. Isto se
evidencia pela crença universal num ser supremo de algum tipo. É difícil
encontrar uma tribo que não acredite num ser ou força superior. “O homem é incuravelmente
religioso”. Isto não significa que todos os homens tenham uma crença
completamente firmada em Deus, mas parece indicar que a crença religiosa e a tendência
para adorar uma divindade são naturais ao homem. Até mesmo o ateu, que nega a
existência de Deus, demonstra que é confrontado com a idéia de Deus e deve de
algum modo dispor do conceito.
7.
O argumento moral.
Em
sua forma original, esse argumento assevera que o elevado senso de moralidade
que algumas pessoas possuem pode ser melhor explicado se supormos eu esse senso
se assemelha ao do grande Ser moral. Essa explicação é melhorada que atribuímos
tal moralidade a fatores meramente biológicos ou físicos. De conformidade com
esse ponto de vista, aceitamos que elevado senso moral se deriva da influência
exercida por um Deus santo.
Em suas
formas mais complexas, compreendemos que esse argumento mostra que até mesmo o
vocabulário da moralidade, que se refere a conceitos como “bondade”, “justiça”,
e “conduta ideal” subentende um elevadíssimo Padrão de moralidade, o qual
inspira a moralidade no homem, o que por sua vez, é refletido na própria
natureza da linguagem humana. Outrossim, o argumento moral, em suas formas mais
complexas, afirma que existe na mente humana a intuição de que deve haver uma
retribuição apropriada às ações morais dos homens, subentendem que deve haver
um juiz capaz de dispensar retribuições na forma de bênção ou punição. Além
disso a experiência e a observação humanas demonstram que, nesta existência
terrena, a injustiça pode prevalecer e freqüentemente o faz, pelo que a
injustiça, neste lado terreno da vida, não se cumpre. A razão também nos diz,
por conseguinte, que deve forçosamente haver a imortalidade, pois é no “outro
lado” da existência que a justiça terá de ser satisfeita. Ora somente o Juiz
absoluto pode fazer os ajustamentos necessários para que a justiça repouse
sobre todos, através da bênção ou através do castigo.
A este Juiz
nós chamamos “Deus”. O raciocínio da pura moral humana requer a existência de
Deus. Outrossim, alicerçados em bases bíblicas, como vemos em Rm. 1:19,20, ou
como se vê em João 16:8-11, percebemos que esse Juiz transmite pessoalmente aos
homens quais sejam as exigências morais deste mundo.
Reiterando
toda essa idéia, o homem dispõe de natureza moral, isto é, a sua vida é
regulada por conceitos do bem e do mal. Ele reconhece que há um caminho reto de
ação que deve seguir e um caminho errado que deve evitar. Esse conhecimento
chama-se “consciência”. Ao fazer ele o bem, a consciência o aprova; ao fazer
ele o mal, ela o condena. A consciência, seja obedecida ou não, fala com
autoridade. Assim disse Butler acerca da consciência: “Se ela tivesse poder na
mesma proporção de sua autoridade manifesta, governaria o mundo, isto é, se a
consciência tivesse a força de por em ação o que ordena, ela revolucionaria o
mundo. ”Mas acontece que o homem é dotado de livre arbítrio e, portanto, pode
desobedecer àquela voz íntima. Mesmo estando mal orientada, sem esclarecimento,
a consciência ainda fala com autoridade, e faz o homem sentir sua
responsabilidade. “Duas coisas me impressionam”, declarou Kant, o grande
filósofo alemão, “o alto céu estrelado e a lei moral em meu interior.”
Qual a conclusão
que se tira deste conhecimento universal do bem e do mal? Que há um Legislador
que idealizou uma norma de conduta para o homem e fez a natureza humana capaz
de compreender esse ideal. A consciência não cria o ideal; ela simplesmente
testifica acerca dele, registrando a sua conformidade ou não-conformidade. Quem
originalmente criou esses dois poderosos conceitos do bem e do mal? Deus, o
Justo Legislador! O pecado ofuscou a consciência e quase anulou a lei do ser
humano; mas no Monte Sinai Deus gravou essa lei em pedras para que o homem
tivesse a lei perfeita para dirigir a sua vida. O fato de que o homem compreende
esta lei, e sente a sua responsabilidade para com ela, manifesta a existência
dum Legislador que criou o homem com essa capacidade.
Qual é a
conclusão que podemos tirar desse sentimento de responsabilidade? Que o
Legislador é também um Juiz que recompensará os bons e castigará os maus.
Aquele que impôs a lei finalmente defenderá essa lei.
Não somente
a natureza moral do homem, como também todos os aspectos da sua natureza
testificam da existência de Deus. Até as religiões mais degradadas demonstram o
fato de que o homem, qual cego, tateando, procura algo que sua alma anela. A
fome física indica a existência de algo que a possa satisfazer. Quando o homem
tem fome, essa fome indica que há alguém ou algo que o possa satisfazer. A
exclamação, “a minha alma tem sede de Deus” (Sal. 42:2), é um argumento a favor
da existência de Deus, pois a alma não enganaria o homem com sede daquilo que
não existisse. Assim disse certa vez um erudito da igreja primitiva: “Para ti
nos fizeste, e nosso coração estará inquieto enquanto não encontrar descanso em
ti.”
8. O argumento axiológico,
em sua forma mais complexa.
Todas as sensibilidades humanas, no que diz
respeito às perfeições da realidade, das qualidades morais, das qualidades
estéticas, das qualidades políticas e da busca pela perfeição, em qualquer
campo de conhecimento humano, requerem que exista o Valor supremo na direção do
qual todos os demais valores apontam, e cujo padrão esses valores seguem como
linha diretriz. Há uma subcategoria desse argumento, denominado “argumento
henológico”, o qual afirma que há uma espécie de unidade em todos os conceitos
de valor, isto é, o Grande Padrão de valor, que age como o alvo e o unificador
de todos os valores, a despeito do que essa disciplina porventura envolva. Essa
unidade dos valores exige a aceitação da existência do Unificador de todos os
valores, que é Deus.
9. O argumento derivado da autoridade.
Os livros sagrados, as experiências místicas que dão conteúdo
que dão conteúdo as esses livros sagrados, a tradição histórica da igreja
cristã, os escritos e predições orais dos profetas, o cumprimento dessas suas
profecias, etc., mostram-nos que existem “autoridades” de natureza religiosa, o
que comprova a existência de um Deus que nos transmitiu a autoridade apropriada
para representar a sua própria pessoa.
10. O argumento baseado na experiência
religiosa.
A experiência religiosa, como
regeneração, e as demais experiências místicas, como as curas, diversas
experiências psíquicas, ou milagres, etc., provam que deve haver uma realidade
na fé religiosa, cujo ponto mais elevado é o Ser supremo que denominamos
“Deus”, o qual, também, é a fonte originária válida de toda a experiência
religiosa autêntica.
11.
O argumento baseado na esperança
religiosa.
Existe uma crença universal dos
homens na existência de Deus, que os leva a terem “esperança”. A remoção da
esperança deste mundo deixaria a raça humana em estado de miséria íntima. Essa
esperança é justificada porque é outorgada por Deus, sendo comprovada pelo
consenso humano universal. Os homens esperam em Deus, a não ser quando
ensinamos ao contrário, por algum sistema perverso, que os condicione a isso.
12. O argumento baseado na realidade
dos milagres.
A ciência não conta com qualquer explicação e nem com
qualquer teoria geral que explane as muitas maravilhas extraordinárias que se
verificam neste mundo. Somente a verdade religiosa pode explicar tais
fenômenos. O princípio religioso afirma a existência de Deus como o grande
poder que há por detrás dos milagres. Existem leis mais elevadas do que aquelas
que são explicadas pela ciência humana, e que podem ultrapassar as supostas
limitações, impostas pela ciência natural. Deus é controlador das leis
cósmicas, e, se assim quiser fazer; pode agir contrariamente a elas, fazendo
intervenção, ultrapassando-as ou utilizando-se de leis superiores a elas, a fim
de produzir acontecimentos que desafiam qualquer explicação “lógica”, de
conformidade com a lógica científica.
13.
O argumento do consensus gentium.
Essas
palavras latinas significam “opinião popular”. Sempre fez parte da opinião de
todas as culturas humanas que existe algum Ser supremo, ou existem alguns seres
divinos. O ateísmo, em contraste com isso, precisa ser aprendido; não ocorre
naturalmente a quem quer que seja. Não existe um único ser humano, à face da
terra que seja ateu de nascimento. Usualmente os indivíduos aceitam o ateísmo
nas escolas seculares e profanas, onde os mestres, inchados de orgulho
intelectual, pensam ser suficientes para si mesmos, sem necessitarem de
qualquer Poder Supremo. Todavia, em todas as culturas onde a sofisticação do
ceticismo ainda não penetrou, à a crença na existência de Deus, ou pelo menos,
de vários deuses. A opinião geral da humanidade, entretanto, não nos pode
conduzir à natureza exata de Deus, mas, pelo menos pode conduzir-nos à “idéia
de existência da divindade” – Deus existe.
Alguns teólogos chamam esse
argumento de “argumento da crença universal”. A crença na existência de Deus é
praticamente tão difundida quanto a própria raça humana, embora muitas vezes se
manifeste em forma pervertida ou grotesca e revestida de idéias supersticiosas.
Esta opinião tem sido contestada por alguns que argumentam existirem raças que
não têm a menor concepção de Deus. Mas o Sr. Jevons, autoridade no assunto de
raças e religiões comparadas, diz que esta opinião, “Como é do conhecimento de
todos os antropólogos, já foi para o limbo das controvérsias mortas. . . todos
concordam que não existem raças, por mais primitivas que sejam, totalmente
destituídas de concepção religiosa! Embora alguém cite exceções, sabemos que a
exceção não inutiliza a regra. Por exemplo, se fossem encontrados alguns seres
humanos inteiramente destituídos de todo sentimento humano e compaixão, isso
não serviria de base para dizer que o homem é essencialmente uma criatura
destituída de sentimentos. A presença de cegos no mundo não prova que todos os
homens são cegos.” Como disse William Evans: “o fato de certas nações não
conhecerem a tabuada de multiplicação não afeta a aritmética.”
Como se
originou esta crença universal? A maior parte dos ateus parece imaginar que um
grupo de teólogos se tenha reunido em sessão secreta na qual inventaram a idéia
de Deus, a qual depois apresentaram ao povo. Mas os teólogos não inventaram
Deus como também os astrônomos não inventaram as estrelas, nem os botânicos as
flores. É certo que os antigos mantinham idéias erradas acerca dos corpos celestes,
mas esse fato não nega a existência dos corpos celestes. E visto que a
humanidade já teve idéias defeituosas acerca de Deus, isso implica que existe
um Deus acerca do qual podiam ter noções errôneas.
14.
O argumento baseado na revelação e no
misticismo.
Deus tem achado por bem revelar-se a
si mesmo aos homens: e isso ele tem feito por intermédio de visões e sonhos.
Essa revelação aparece em forma mais concreta nas Santas Escrituras. O senhor
Deus simplesmente dá conhecimento de si mesmo como um dom aos homens, porque
sabe que precisam desse conhecimento. Essa revelação se origina em sua graça e
sua bondade. Que o misticismo é uma realidade é fato que se pode provar
facilmente, através de pesquisas e da mera observação. O impulso que há por
detrás de todas as experiências místicas, quer se trate de milagres ou de visões,
é a Mente divina. E formas falsas de misticismo não eliminam o que é
verdadeiro: e, além disso, qualquer grau de misticismo já serve de prova sobre
a existência de Deus. As experiências místicas conseguem descrever Deus, em
certo sentido, não sendo meramente uma afirmação de sua existência.
15.
O argumento baseado na felicidade do
crente.
A
profunda felicidade e senso de confiança que têm os crentes em Deus, a alegria
e a segurança que a fé teísta confere aos possuidores, servem de provas da
validade da crença na existência de Deus.
16.
O argumento baseado na melhor crença.
Sendo inquiridores sérios da verdade,
sentimos a necessidade de escolher entre as muitas idéias que existem, e, ao
sermos defrontados por tal necessidade de escolha, a “melhor fé”, obviamente é
a teísta. Essa crença explica melhor a existência da criação, de seu desígnio,
das experiências místicas e dos milagres. Isso é uma explicação melhor do que a
idéia da mera “chance”, da “evolução” ou da “seleção natural”, ou mesmo da
coincidência sem desígnio, das “forças naturais e cósmicas”, que são suas
alternativas, a crença em Deus fica melhor fundada, psicologicamente falando,
na realidade das coisas, do que o ateísmo, e é muitíssimo mais satisfatória. O
ateísmo perde a sua utilidade quando o indivíduo morre.
17.
O argumento da aposta, apresentado
por Blaise Pascal.
Pascal ensinava que é impossível
provar ou negar a existência de Deus, mas dizia que, sob bases pragmáticas, a
crença em Deus é superior à descrença, porquanto essa crença agrada a Deus, ao
passo que o ateísmo lhe é desagradável. De acordo com essa idéia, quando um
homem morre, se porventura descobrir que Deus não existe, ou se ele mesmo simplesmente
deixa de existir, nada terá perdido. Por outro lado se um homem, ao morrer,
descobrir que Deus realmente existe, então só terá a ganhar com a sua crença
teísta. Essa idéia entretanto, não é válida, pois é extremamente imperfeita.
Pois Deus existe, e, segundo podemos estar plenamente certos, não é nenhum
tolo, o que significa que não ficará satisfeito com alguém que se aferra à
crença teísta somente por motivo de vantagens egoísticas. De fato, talvez Deus
se sinta mais agradado com um ateu sincero e honesto do e não com um teísta
jogador com a sorte. Essa forma de crença é uma hipocrisia, e jamais poderá
agradar a Deus. Outrossim, do ponto de vista teológico, a mera crença na
existência de Deus não é mais vantajosa do que a crença que têm os poderes
demoníacos na existência de Deus, pois os demônios crêem e estremecem.
18.
O argumento do teísmo pragmático.
Paralelamente ao argumento anterior,
alguns pensam que é pragmaticamente melhor ser alguém religioso, não somente no
que tange à questão da crença na existência de Deus, ma também no que diz
respeito à questão da prática religiosa. O ateísmo não oferece qualquer futuro
a quem quer que seja, e nem mesmo reivindica oferecer isso. É melhor ,portanto,
do ponto de vista do pragmatismo prático, lançarmos nossa sorte à religião, com
a existência de Deus e da alma, fazendo profissão geral e prática da
religiosidade. Se, ao descobrirmos que estávamos equivocados em nossas crenças,
nada poderemos com isso. Por outro lado, se alguma parte ou a totalidade das
crenças religiosas estiverem de conformidade com a realidade, descobrirmos que
fizemos uma acertada decisão, ao seguirmos a fé teísta e as práticas
religiosas, porquanto, presumivelmente, obteremos algum mérito com isso. Do
ponto de vista evangélico, entretanto, essa “fé pragmática” não se reveste de
valor algum, porquanto somente uma fé verdadeira em Jesus Cristo pode
transformar os remidos segundo a sua própria imagem. Seja como for, o teísmo
pragmático é melhor do que o ateísmo, com o expressão para a existência terrena
presente.
19. Deus é a melhor explicação
possível para a conjuntura.
A existência de Deus é a melhor explicação possível para tudo
quanto está envolvido em todos esses argumentos, considerados como um conjunto.
Ao examinarmos a gama inteira das possibilidades, dos argumentos, das teses e
das contrateses, o teísmo mostra-se mis convincente do que o ateísmo. Isso é
verdade, ainda que não possamos chegar a uma conclusão racional definitiva. A
melhor idéia é a teísta, e esse ;é o resultado líquido de todos os argumentos,
considerados em sua totalidade.
20. Argumento alicerçado na fé pura.
Alguns cristãos especialmente nas
igrejas evangélicas, têm chegado à conclusão de que nenhum argumento “racional”
ou “físico” verdadeiramente demonstra a existência de Deus, mas antes, que essa
certeza só ocorre através da fé bíblica. Nas igrejas evangélicas, que seguem o
ensinamento bíblico, acredita-se que essa fé é conferida pelo próprio Deus, o
qual dá, dessa maneira, certeza de sua existência, inteiramente à parte de
evidências externas. Alguns crentes chegam mesmo a alegrar-se nessa idéia,
rejeitando totalmente quaisquer outras idéias, como se estivessem próximas da
blasfêmia, as quais dizem ser necessário ser comprovada a existência de Deus
para que nela possamos acreditar. Porém, apesar das escrituras Sagradas em
parte alguma se lançarem à tarefa de tentarem provar que Deus existe, contudo,
passagens bíblicas como aquela de Rm. 1:20 dão a entender que verdadeiramente
existem provas, físicas e racionais, acerca dessa existência. Portanto, não é
crime procurarmos delinear a validade de tais provas, pois, para os incrédulos,
esse delineamento pode ser muito útil e valioso. Um dos primeiros passos que
uma alma pode dar na direção de Cristo, pode ser a crença firme na existência
de Deus. Ninguém poderá jamais avizinhar-se de Cristo, segundo um sério ponto
de vista evangélico, se for um ateu convicto. (Esse argumento baseado na “fé
pura” na realidade é uma variedade do argumento “místico”, que aparece no décimo
quarto lugar nesta lista de argumentos sobre a existência de Deus.
Para
fortalecer a fé daqueles que já crêem. Eles estudam as provas, não para crer,
mas sim porque já crêem. Esta fé lhes é tão preciosa que aceitarão com alegria
qualquer fato que a faça aumentar ou enriquecer.
21. O argumento da história.
A marcha dos
eventos da história universal fornece evidência de um poder e duma providência
dominante. Toda a história bíblica foi escrita para revelar Deus na história,
isto é, para ilustrar a obra de Deus nos negócios humanos. “Os princípios do
divino governo moral encontram-se na história das nações tanto quanto na
experiência dos homens”, escreve D.S. Clarke. (Sal. 75:7; Dn. 2:21; 5:21.) “O
protestantismo inglês vê a derrota da Armada Espanhola como uma intervenção
divina. A colonização dos Estados Unidos por imigrantes protestantes salvou-os
da sorte da América do Sul, e desta maneira salvou a democracia. Quem negaria
que a mão de Deus estivesse nesses acontecimentos?” A história da humanidade, o
surgimento e declínio de nações, como Babilônia e Roma, mostram que o progresso
acompanha o uso das faculdades dadas por Deus e a obediência à sua lei, e que o
declínio nacional e a podridão moral seguem a desobediência” (D.L. Pierson).
A.T. Pierson, em seu livro, “Os Novos Atos dos Apóstolos” expõe as evidências
da dominante providência de Deus nas missões evangélicas modernas.
Especialmente
o modo de Deus tratar com os indivíduos fornece provas de sua ativa presença
nos negócios humanos. Charles Bradlaugh, que foi em certo tempo o ateu mais
notável na Inglaterra, desafiou o pastor, Charles Hugh Price, para um debate.
Foi aceito o desafio e o pregador, por sua vez, desafiou o ateu da seguinte
maneira: como todos sabemos, Sr. Bradlaugh, “o homem convencido contra a
própria vontade mantém sempre seu ponto de vista”, e, visto que o debate, como
ginástica mental que é, provavelmente não converterá a ninguém, proponho-lhe
que apresentemos algumas evidências concretas da validade das reivindicações do
cristianismo na forma de homens e mulheres redimidos da vida mundana e
vergonhosa pela influência do cristianismo e pela do ateísmo. Eu trarei cem
desses homens e mulheres, e desafio-o a fazer o mesmo.
Se o Sr.
Bradlaugh não puder apresentar cem, contra os meus cem, Ficarei satisfeito se
trouxer cinqüenta homens e mulheres que se levantem e testifiquem que foram
transformados duma vida vergonhosa pela influência dos seus ensinos ateus. Se
não puder apresentar cinqüenta, desafio-o a apresentar vinte pessoas que
testifiquem com rostos radiantes, como o farão os meus cem, que tenham um
grande e novo gozo na sua vida elevada, em resultado dos ensinos ateus. Se não
puder apresentar vinte, ficarei satisfeito se apresentar dez. Não, Sr.
Bradlaugh, desafio-o a trazer um só homem ou uma só mulher que dê tal
testemunho acerca da influência enobrecedora dos seus ensinos. Minhas pessoas
redimidas trarão prova irrefutável quanto ao poder salvador de Jesus Cristo
sobre as suas vidas redimidas da escravidão do pecado e da vergonha. Talvez,
senhor Bradlaugh, essa será a verdadeira demonstração da validade das
reivindicações do cristianismo.
O Sr.
Bradlaugh retirou o seu desafio!
Para Guy P. Duffield e
Nathaniel M. Van Cleave o argumento da história se apóia sobre o alicerce da
divina providência. Os estudantes de história, a não ser que sejam cegos ou
parciais, irão descobrir a obra da divina providência. Isto não significa que um
propósito sábio é visível em todos os eventos. Deve-se ter em conta que o homem
é pecador e rebelde e, ate certo ponto, um agente moral livre. Deus não causa
cada evento individual, mas está no controle do fluir dos eventos, executando
seus propósitos. Ele cumpre suas profecias inspiradas que se acham registradas
na sua Palavra. Se alguém estudar a Bíblia junto com a história, irá perceber
um modelo divino enfocando Jesus Cristo, o Filho de Deus. Este enfoque não é
apenas sobre a vida terrena de Jesus. O propósito de Deus em Cristo é visto na
história de Israel e na sua esperança de um redentor (Gn 12:13; Is 52:10-53:12);
na encarnação, vida, morte e ressurreição de Cristo; no triunfo da igreja
através de múltiplas oposições; e na indestrutibilidade de Israel através dos
séculos.
A
originalidade de Cristo foi bem expressa por Napoleão em uma carta ao General
Bertrand:
“Efeitos
divinos me obrigam a crer numa causa divina. É verdade, existe uma causa das
causas… existe um ser infinito, comparado com o qual você, general, não passa
de um átomo; comparado com o qual eu, Napoleão, com todo o meu gênio, nada sou
realmente; puramente nada. Eu o percebo - Deus. Eu o vejo, tenho necessidade
dele, creio nele, pior para você. Mas você, general, crerá um dia em Deus.
Posso perdoar muitas coisas, mas sinto horror diante de alguém ateu e
materialista… os deuses, os legisladores da Índia e da China, de Roma e de
Atenas, nada possuem que possa espantar-me sobremaneira…mas isso não acontece
com Cristo. Tudo nele me assombra. Seu espírito me faz ficar maravilhado e sua
vontade me contunde. Não existe termo de comparação entre Ele e qualquer pessoa
no mundo. Ele, em si mesmo, é verdadeiro. Suas idéias e seus sentimentos, as
verdades que anuncia, sua maneira de convencer não são explicadas por
organização humana, nem pela natureza das coisas. Seu nascimento e a história
da sua vida; a profundidade da sua doutrina, que luta com as maiores
dificuldades, a mais admirável solução; seu evangelho… sua marcha através das
idades e dos reinos, tudo para mim e um prodígio, um mistério insolúvel, que me
faz mergulhar num desvaneio do qual não posso escapar, diante de meus olhos
está um mistério, o qual não posso negar nem explicar… procuro encontrar em vão
na história alguém igual a Jesus Cristo.”
22. O argumento que apresenta
o homem como imagem e semelhança de Deus:
A
Palavra de Deus declara que o homem foi criado à imagem de Deus. “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar,
sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre
todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua
imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:26-27). Não
devemos buscar a imagem de Deus no homem físico, pois Deus é Espírito (Jo
4:24). Em lugar disso, devemos procurar a imagem de Deus no homem espiritual:
“...e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento,
segundo a imagem daquele que o criou...” (Cl 3:10).
A
imagem de Deus no homem é vista no fato de ele ter domínio sobre as criaturas
inferiores e especialmente em sua capacidade e desejo ardente de comunhão com
Deus. A outra marca da imagem divina é vista na natureza moral do homem, seu
senso de dever e responsabilidade, e na posse de uma consciência: “Estes
mostram a norma da lei gravada nos seus corações, testemunhando-lhes também a
consciência, e os seus pensamentos mutuamente acusando-se ou defendendo-se...”
(Rm 2:15). C.S. Lewis diz: “Estes são, portanto, os dois pontos que eu queria
ressaltar. Primeiro, que os seres humanos, em toda a terra, têm esta idéia
curiosa de que devem comportar-se de certa maneira, e não conseguem livrar-se
dela. Segundo, eles na verdade não se comportam deste modo. Eles conhecem a lei
da natureza e a quebram. Esses dois fatos são a base de todo pensamento claro a
respeito de nós mesmos e do universo em que vivemos.”
Um Deus pessoal nos faz
responsáveis por nossa conduta e atitude. Devemos render-nos à vontade dele ou
viver com a consciência pesada. É possível cauterizar a consciência ou
silencia-la, enganando-nos a nós mesmos. Mas, desse modo, o indivíduo irá então
invariavelmente criar seu próprio sistema de valores. A experiência mostrou que
o sistema bíblico de ética, afinal de contas, e o mais adequado à natureza
moral do homem, criado por Deus.
23. O argumento da Escritura
Esse
argumento se apóia sobre as declarações e na exatidão das Sagradas Escrituras.
A Bíblia afirma ser a Palavra inspirada de Deus (2 Tm 3:16-17; 2 Pe 1:20, 21; 1
Co 2:12, 13; Tt 1:1-13). Nenhum livro na terra foi tão amplamente aceito como
uma mensagem de Deus. Seus oponentes e os céticos lançaram todo tipo de ataque
concebível contra ele, mas sua popularidade permanece. Sua exatidão tem sido
repetidamente impugnada, mas a pá dos arqueólogos confirma a cada instante a
exatidão de alguma passagem posta em dúvida. O Dr. W.F. Albright, reconhecido
arqueólogo, escreve: “Nada que tenda a perturbar a fé religiosa do judeu ou do
cristão foi descoberto... Descoberta após descoberta têm estabelecido a
exatidão de inúmeros detalhes e trazido maior reconhecimento do valor da Bíblia
como um livro fonte da história.” Nenhum outro livro se compara com a Bíblia no
que diz respeito aos seus ensinos morais e espirituais; escrita há centenas de
anos, ela é mais moderna que os jornais de hoje. Nunca deixa de falar com
poder, sanando os problemas mais profundos da alma e do espírito.
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