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DEUS É AMOR, MAS A JUSTIÇA E O JUÍZO DE DEUS DEMONSTRA O SEU GRANDE AMOR!!

JUIZO DE DEUS SOBRE AS NAÇÕES!!
Amós denuncia o pecado de seis nações gentílicas antes de pronunciar julgamento sobre Judá e Israel. Embora Deus não tenha dado a essas nações a sua lei, elas tinham a lei interior da consciência (Rm 2.12-16) e mediante essa lei elas foram julgadas. O pecado de Judá e Israel foi um pecado mais grave, pois pecaram contra a luz interior da consciência e também pecaram contra a lei de Deus (2.4) e o amor de Deus (2.9-12).[1]
À guisa de introdução, destacamos alguns pontos relevantes para o entendimento do assunto:
1. Amós anuncia que em todos os casos, o julgamento é um ato de Deus
O juízo enviado a essas nações não procede de Satanás, nem de uma iracunda divindade pagã iracunda nem mesmo de leis naturais, mas são sentenças promulgadas pelo próprio Deus (1.4,7,10,12;2.2). Ele cria o mal (Is 45.7), o mal de eventos calamitosos contra os que agem ao arrepio da lei interior da consciência, bem como daqueles que violam sua santa lei.
2. Amós anuncia que em todos os casos o pecado selecionado para julgamento é aquele cometido contra o povo de Deus
Em cinco casos dos seis, o pecado foi cometido diretamente contra Israel, e o sexto foi cometido contra seus aliados (2.1-3). Deus tem zelo pelo seu povo. Israel foi resgatado por Deus para ser sua propriedade particular. Quem toca no seu povo, toca na menina dos olhos de Deus. A perseguir a Igreja de Cristo é o mesmo que perseguí-lo (At 9.4).
3. Amós anuncia o juízo de Deus de fora para dentro
Amós inicia a sua profecia denunciando as nações gentílicas, que eram inimigas históricas de Israel. Possivelmente, o profeta tenha ganhado os aplausos dos Israelitas. Eles concordavam que essas nações mereciam receber a justa retribuição de Deus por seus graves pecados. Antes de aplaudirmos a justa retribuição divina dirigida aos ímpios, devemos examinarmo-nos a nós mesmos, pois o juízo começa pela Casa de Deus e conhecimento de Deus longe de nos isentar do julgamento, nos responsabiliza ainda mais.
4. Amós anuncia o juízo de Deus às nações pagãs e depois àquelas que tinham parentesco com Israel
As três primeiras nações sob julgamento eram completamente pagãs e totalmente estranhas às alianças da promessa, mas as outras três tinham uma certa ligação com Israel. Os edomitas eram descendentes de Esaú, irmão de Jacó. Os amonitas e moabitas eram descendentes de Ló, sobrinho de Abraão. Amós revela sabedoria em sua abordagem e sua pedagogia atrai a atenção de Israel. Amós está fechando o cerco e encurralando os israelitas antes de embocar a trombeta para Israel.
5. Amós anuncia o juízo de Deus pela transgressão da luz interior e depois pela transgressão da verdade revelada
Deus julga as nações e não apenas o povo da aliança. Todos os povos estão debaixo do julgamento do Deus todo-poderoso. Ele reina sobre todas as nações e todas elas terão que comparecer perante ele em juízo. Damasco, Gaza, Tiro, Edom, Amon e Moabe serão julgados pelos seus crimes contra a humanidade, enquanto Judá e Israel serão punidos pelos pecados cometidos contra a bondade de Deus pela violação da sua santa lei.
J. A. Motyer afirma que nenhum indíviduo pode escapar da obrigação de ser humano, e mesmo aqueles que nunca receberam preceitos vindos de Deus, falados ou escritos, ainda assim trazem marcas suficientemente fortes do seu Criador para não ficarem totalmente sem orientação moral. Há uma voz que fala dentro deles. Amós apresenta as nações vizinhas de Israel sob julgamento. Elas ficaram sem revelação especial, mas não sem responsabilidade moral; elas ficaram sem conhecimento direto de Deus, mas não sem responsabilidade para com Deus; elas ficaram sem a lei escrita em tábuas de pedra, mas não sem a lei escrita na consciência.[2]
Warren Wiersbe diz que se Deus julga o povo perdido por seus pecados, o que ele fará com aqueles que proclamam conhecê-lo? Privilégio traz responsabilidade (Lc 12.48), e onde há responsabilidade deve existir prestação de contas. O povo de Israel e Judá regozijou-se quando ouviu Amós condenando seus vizinhos; mas então ele voltou sua trombeta contra o povo escolhido de Deus e o condenou por seus pecados, o que eles não aceitaram.[3]
6. Amós anuncia que o cálice da ira de Deus pode transbordar, e então, o juízo será inevitável
A expressão “por três transgressões […] e por quatro, não sustarei o castigo”, repetida oito vezes como um estribilho, revela altissonantemente que o pecado chega a um ponto de transbordar o cálice da ira de Deus, e então, o juízo é inevitável. Nesta mesma linha de pensamento Charles Feinberg diz que a referida expressão significa que a medida da iniqüidade está cheia e a ira deve cair sobre os maus. O castigo não pode ser sustado: é inevitável, é irrevogável.[4] O julgamento vem como resultado da perseverança no pecado. Pecado persistente desemboca em culpa cumulativa. Deus adverte a tendência para o pecado; ele reprova o primeiro pecado; ele emboca sua trombeta e ameaça solenemente o segundo pecado; no terceiro pecado ele ergue sua mão para condenar, mas no quarto pecado ele derrama o seu juízo.[5]
J. A. Motyer comentando sobre o pecado culminante dessas nações vizinhas de Israel, destaca que a transgressão que fez o cálice da ira de Deus transbordar não foi um pecado em relação a Deus, mas ao próximo: crueldade (1.3), comércio impiedoso de escravos (1.6), rompimento de promessas (1.9), ódio persistente (1.11), e, finalmente, atrocidades revoltantes contra os desamparados (1.12; 2.1).[6]
Essas seis nações são colocadas sob exame. No caso das duas primeiras (1.3-8) há a prática de uma crueldade, onde são violados preceitos gerais da vida, do ser humano para com o ser humano; o próximo par usa a palavra “irmão” (1.9,11), mostrando a quebra de responsabilidades particulares da vida, de irmão para irmão; e o par final, há a agressão de pessoas desamparadas (1.13; 2.1): as mulheres grávidas e os mortos. O pecado cometido por todas essas nações é o pecado do egocentrismo. Assim, Amós denuncia a queda dos princípios básicos da conduta humana.
7. Amós anuncia que o pecado sempre desemboca em grandes tragédias
A conexão entre pecado humano e sofrimento humano é inevitável. Eles vêm juntos, moram juntos e morrerão juntos. O pecado gera a morte (Rm 5.12; Jó 4.7,8).[7] O pecado é maligníssimo. Ele é o maior de todos os males. Ele nos separa de Deus no tempo e na eternidade. Seu salário é a morte, sua recompensa é o fracasso e seu destino é o inferno. O pecado é uma fraude, ele promete prazer e paga com o desgosto. O pecado é um ledo engano, pois parece inofensivo, mas atrai a justa ira de Deus. Todas essas nações que pecaram contra Deus e contra o próximo sofreram a justa penalidade de seus pecados.
8. Amós anuncia que em todos os casos o extremo da culpa implica no extremo do julgamento
O julgamento é infligido pelo fogo, o mais destrutivo dos elementos. Na linguagem de figuras, o fogo é o principal agente de destruição (Is 4.4; 9.5). Na linguagem profética, também, o fogo é ou simboliza o agente que destrói a besta, o falso profeta e todos os ímpios (Dn 7,11; Ap 19.20; 20.15). Para os impenitentes, o fogo será sempre um elemento destruidor e não purificador.[8]
Henrietta Mears comentando sobre o justo juízo de Deus sobre as nações, afirma:
As nações do mundo, por mais poderosas que sejam, não podem suportar os juízos de Deus. Ele estabelece reinos e os derruba. O grande poder dos faraós foi reduzido a nada. Napoleão pensou que poderia dominar o mundo, mas definhou na Ilha de Santa Helena. O Kaiser pensou que podia agir independentemente de Deus e logo foi derrubado. Na Segunda Guerra Mundial houve governantes que pensaram poder eliminar o povo escolhido de Deus e firmarem-se como os governantes da terra, mas os que tentam impedir os planos finais de Deus sempre são derrubados.[9]
I. O JUÍZO DE DEUS SOBRE DAMASCO (1.3-5)
1.O pecado de Damasco (1.3)
O reino da Síria é aqui chamado pela sua capital. Damasco era uma cidade rica, com terras férteis e irrigadas por muitos canais, situada na rota do comércio internacional.
O pecado de Damasco foi trilhar Gileade com trilhos de ferro (1.3). Eles trataram as pessoas como coisas. J. A. Motyer diz que “trilhar” é o que o homem faz a uma coisa, ao grão colhido, a fim de extrair dele o lucro. Foi o que Hazael fez em Gileade. Ele tratou pessoas como coisas.1 Esse crime descrito por Amós foi profetizado por Eliseu (2Rs 8.12,13). Eliseu disse a Hazael: “… porque sei o mal que hás de fazer aos filhos de Israel; deitarás fogo às suas fortalezas, matarás à espada os seus jovens, esmagarás os seus pequeninos e rasgarás o ventre de suas mulheres grávidas” (2Rs 8.12). Jalmar Bowden diz que naquela zona trilhavam o trigo com grandes pedaços de rocha ígnea chamada basalto, que os árabes até hoje tratam de ferro, e assim moíam a palha em pedacinhos que o vento levava. Era a mais forte figura de crueldade que o profeta podia usar.2
Do pecado de Damasco contra Israel podemos tirar duas lições, diz Edgar Henry:3
Em primeiro lugar, riqueza não previne avareza. Damasco era uma cidade opulenta e rica, mas a sede de poder e riqueza não tem limites. Ela queria mais e assim invadiu Gileade e esmagou as pessoas para satisfazer sua sede de riqueza. Sobre os corpos dos cativos, prostrados no chão, os vencedores arrastaram instrumentos pesados de ferro, com dentes, usados para cortar palha e debulhar cereais, mutilando assim a carne convulsiva das vítimas.4 A riqueza não humaniza os homens. Quanto mais ricos, mais truculentos; quanto mais fortes, mais opressores; quanto mais têm, mais desejam acumular. Foi quando Israel alcançou o apogeu da sua prosperidade que ele mais oprimiu os pobres. Ainda hoje vemos nações poderosas invadindo as mais fracas, saqueando seu povo, pilhando seus bens e infligindo a elas grande sofrimento.
Em segundo lugar, a força é uma tentação à violência. A cidade de Damasco tinha belos palácios, grandes monumentos, reconhecida projeção e destacado poder. Era uma cidade respeitada e temida pelos inimigos. Suas legiões metiam medo nos homens mais corajosos. Damasco usou sua força não para o bem, mas para o mal, para invadir, para atacar, para pilhar e esmagar àqueles que não podiam fazer-lhes resistência.
2.O juízo sobre Damasco (1.4,5)
A atitude perversa e truculenta de Damasco na guerra contra Gileade não encontrou simpatia, permissão ou perdão do céu.5 O juízo de Deus tornou-se irreversível. Há momentos em que a tragédia pode ser evitada. Há tempo de advertência e paciente espera. Mas quando o homem abusa da paciência de Deus e continua no pecado, então não há mais remédio, eles devem colher o que merecem.6 Quem semeia violência colhe destruição. Dessa sentença divina podemos tirar alguns ensinamentos, diz Edgar Henry:7
Em primeiro lugar, o juízo de Deus cai sobre aquilo que a nação era mais proeminente (1.5). Quebrar o ferrolho de Damasco era abrir a cidade para a invasão dos inimigos. Era tornar a cidade indefesa e impotente ao ataque do adversário. Aquele que gloria na sua própria força é insensato, pois só Deus é onipotente.
Em segundo lugar, o juízo de Deus atinge o pecado nacional (1.5). O vale do Áven era o centro nacional da adoração do Sol. Deus abomina a idolatria. Ali havia orgias idólatras, onde homens e mulheres se entregavam à devassidão. O juízo sobre Biqueate-Áven foi maior do que às demais pessoas da Síria. As outras foram levadas cativas (1.6), mas aquela cidade foi destruída.
Em terceiro lugar, o juízo de Deus inclui a casa real (1.4). O rei era a cabeça da nação e a culpa nacional culminava nele. Não teria sentido o povo perecer e ele escapar. A destruição inescapável veio sobre o rei e sobre o povo. O fogo devorou desde o palácio até às choupanas.
Em quarto lugar, o juízo de Deus inclui a perda da nacionalidade (1.5). A Síria foi levada cativa. O invasor é invadido. O predador é pilhado. Meio século depois da profecia de Amós, Tiglate-Pileser, da Assíria, matou o rei Rezin e levou os sírios para o cativeiro em Quir, lugar donde vieram originalmente (9.7). A palavra significa cativeiro nacional.8
II. O JUÍZO DE DEUS SOBRE GAZA (1.6-8)
1.O pecado de Gaza (1.6)
A. R. Crabtree diz que desde o tempo de Samuel e Saul até às vitórias de Davi, os filisteus eram rivais dos israelitas no esforço de tomar posse da terra de Canaã. A monarquia de Israel foi fundada principalmente para unir o povo na defesa contra os filisteus. Os filisteus vieram de Caftor, bem organizados e experimentados na guerra. Derrotados pelos egípcios, eles entraram no sul da Palestina com o propósito de subjugar os israelitas e tomar posse da terra.9
Gaza era a maior cidade dos filisteus e uma das capitais da Filistia. Era um grande centro de tráfico de escravos. Havia cinco cidades importantes nesse reino, quatro delas citadas por Amós: Gaza, Asdode, Ascalom e Ecrom. Apenas Gate não foi mencionada. Champlin diz que Gaza foi destacada por estar situada no ponto aonde a rota de caravanas vindas de Edom se uniam à estrada principal que ficava entre o Egito e a Síria. Isso ajudava o comércio escravagista do qual os filisteus se ocupavam. Os cativos eram vendidos em leilões nos mercados de escravos em Edom. Dali eram conduzidos a outras partes do mundo (Jl 3.4-8).10 Esse pecado de Gaza possivelmente aconteceu no tempo do rei Jeorão (2Cr 21.16; Jl 3.6).
O pecado de Gaza foi o amor ao lucro mais do que às pessoas. Eles traficaram vidas humanas para se enriquecerem. A. R. Crabtree diz que o tráfico de escravos foi muito comum nas civilizações antigas. Escravos construíram as pirâmides do Egito, e muitas outras obras das grandes nações. Os cativos de guerras foram escravizados para fazer tais obras.11
J. A. Motyer diz que passamos do campo de batalha para a sala da diretoria, do campo para o balcão.12 Gaza era um grande centro comercial, onde as pessoas fervilhavam nas praças em busca do lucro. Na busca desenfreada da riqueza, eles também traficaram escravos. Amós diz que eles “levaram em cativeiro todo o povo, para o entregarem a Edom” (1.6). Se Damasco tratou pessoas como coisas, Gaza valorizou mais as coisas do que as pessoas.
Edgar Henry diz que o crime dos filisteus contra Israel pode ser descrito como segue:13
Em primeiro lugar, foi um ato culminante de uma longa série de perversidades. Os filisteus sempre foram inimigos de Israel. Sempre espreitaram o povo de Deus. Buscavam sempre oportunidade para invadir, saquear e tomar de assalto suas cidades e seus campos. Agora, eles não apenas roubam seus bens, mas levam pessoas cativas como escravas para vendê-las no mercado de Edom.
Em segundo lugar, foi um desumano comércio de escravos. Amós diz que eles levaram em cativeiro todo o povo, para o entregarem a Edom (1.6). A crueldade foi gratuita, pois muitos cativos não ofereceram qualquer resistência aos filisteus. A crueldade foi sem sentido, pois muitos cativos não tinham valor no mercado de escravos. Eles demonstraram um ódio indiscriminado por todo o povo para eliminá-lo completamente.
Em terceiro lugar, foi um ato agravado por crueldade. Além de arrancar o povo de Israel da sua terra, eles os venderam e os entregaram a outro temido inimigo, os edomitas.
2.O juízo sobre a Filistia (1.7,8)
O pecado tem sua retribuição inevitável. A Filistia não escapou das conseqüências de sua crueldade. O seu feito caiu sobre a sua própria cabeça. O juízo divino sobre esse terrível inimigo de Israel pode ser descrito assim:
Em primeiro lugar, Deus destrói os muros e os palácios de Gaza. O fogo de Deus atinge os monumentos da principal capital da Filistia, deixando-a vulnerável ao ataque dos inimigos. O que eles pensavam ser a segurança da nação vira pó.
Em segundo lugar, Deus destrói todo o povo da Filistia. A Bíblia diz que o nosso Deus é fogo consumidor (Hb 12.29) e horrenda cousa é cair nas mãos do Deus vivo. Deus destrói os monumentos e também elimina as vidas. As quatro grandes cidades da Filistia foram destruídas e a quinta, a cidade de Gate, também o foi como está implícito “e o resto dos filisteus perecerá, diz o Senhor” (1.8).
III. O JUÍZO DE DEUS SOBRE TIRO (1.9,10)
1.O pecado de Tiro (1.9)
Tiro era a capital da Fenícia. Era uma renomada e antiga cidade. Tiro era a maior, a mais rica, a mais orgulhosa e mais luxuriosa, talvez, de todas as cidades da sua época. Dionísio Pape diz que Tiro era uma cidade cosmopolita, rainha do Mediterrâneo, e rival de Samaria quanto à vida luxuosa.14 A cidade de Tiro era o grande centro comercial do mundo antigo. No capítulo 28 de Ezequiel, o profeta descreve o comércio de Tiro que enriqueceu o povo, e desenvolveu nele o espírito de orgulho que quis até usurpar o trono de Deus.15
A principal transgressão de Tiro é que aquele povo, que formava um dos principais centros comerciais do mundo, estava pesadamente envolvido no comércio de escravos, que era mediado através de Edom, como centro de distribuição.16
O pecado de Tiro está ligado não somente ao tráfico de escravos, mas, também à quebra da aliança entre irmãos. A transgressão de Tiro foi caracterizada por desumanidade e perjúrio. Tiro violou a palavra empenhada. Tanto Gaza quanto Tiro está ligada ao brutal tráfico de escravos para Edom. Mas Tiro torna-se ainda mais culpado, pois além de comerciar vidas humanas, ainda, viola a palavra empenhada. Tiro cometeu o pecado de desumanidade e traição. Falou uma coisa e fez outra. Prometeu uma coisa e praticou outra.
Edgar Henry faz uma análise do pecado de Tiro contra o povo de Deus:17
Em primeiro lugar, Tiro pecou contra o seu próprio caráter. Os fenícios eram comerciantes e seu pecado foi comercial. “Eles entregaram todos os cativos a Edom e não se lembraram da aliança de irmãos” (1.9). Eles não fizeram guerra nem mantiveram prisioneiros, mas venderam as pessoas como mercadoria, possivelmente trazendo-os da Síria e vendendo-os aos edomitas e aos gregos (Jl 3.3-6). Os seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus não são para serem comercializados. O rapto de homens é um pecado que Deus condena (1Tm 1.10).
Em segundo lugar, Tiro pecou contra uma aliança. Este foi o pacto feito entre o rei fenício Hirão e Salomão: “Havia paz entre Hirão e Salomão; e fizeram ambos entre si aliança” (1Rs 5.12). Como este era um pacto de paz, o comércio dos cativos hebreus era uma flagrante violação dessa aliança. Essas circunstâncias fizeram do comércio de escravos hebreus, praticado pelos fenícios, um duplo pecado: o pecado de perjúrio e de opressão.
Em terceiro lugar, Tiro pecou contra uma aliança de irmãos. O pacto fenício-israelita era uma aliança de irmãos em sua origem, visto que Hirão era amigo de Davi, pai de Salomão (1Rs 5.1). Também era uma aliança de irmãos em sua continuidade. Essa aliança foi renovada constantemente com várias adições e guardada de ambas as partes. Israel jamais declarou guerra contra Tiro nem quebrou a letra ou espírito dessa liga fraternal. O cruel pecado de Tiro foi, portanto, não somente violação do primeiro pacto, mas da íntima e cordial relação que sempre existiu entre eles. Finalmente, esse pacto tinha um aspecto religioso. Hirão ajudou Israel com obreiros e material na construção do templo erguido para adoração a Deus (2Cr 2.11,12).
2.O juízo de Deus sobre Tiro (1.10)
O pecado do perjúrio e da opressão desencadeou o juízo de Deus sobre Tiro. A bela, magnificente e opulenta cidade foi destruída e reduzida a cinzas. O pecado sempre tem um alto preço. Ele nunca fica impune. O que o homem planta, ele colhe. A justa retribuição de Deus é inevitável e inexorável.
A história informa-nos que Alexandre, o Grande, dominou Tiro em 332 a.C., depois de tê-la cercado por sete meses. Cerca de seis mil pessoas foram mortas, sendo que dessas duas mil foram crucificadas; e trinta mil foram vendidas no mercado de escravos, o que foi uma justa retribuição, visto que esse povo tinha feito a mesma coisa contra outros.18
IV. O JUÍZO DE DEUS SOBRE EDOM (1.11,12)
1.O pecado de Edom (1.11)
Gênesis 36.31 indica que o reino de Edom foi organizado antes do estabelecimento da monarquia de Israel. O território de Edom se estendia da costa sudeste do Mar Morto até o Golfo de Aquaba, uma região montanhosa, mas rica em recursos minerais. Foi subjugada por Davi. Mais tarde, com a queda de Jerusalém e a dissolução do reino de Judá, os edumeus aproveitaram o ensejo de vingar-se. Invadiram o território dos antigos opressores, e despojaram o povo fraco e indefeso.19
Os edomitas eram os descendentes de Esaú, irmão de Jacó. O ódio de Esaú por Jacó (Gn 27.41) passou para seus descendentes. Mas, ao longo dos séculos, eles foram inimigos irreconciliáveis dos israelitas.20 Quando Israel passava pelo deserto, os edomitas não permitiram que elas passassem por eles, antes saíram contra eles com espada (Nm 20.14,21). Mais tarde, eles se colocaram contra Israel quando os sírios atacaram Jerusalém, sob o reinado de Acaz (2Rs 16.5). Finalmente, os edomitas demonstraram uma alegria perversa com a queda de Jerusalém (Sl 137.7). Em cada circunstância Edom escolheu o dia da calamidade de Israel para expressar seu ódio.21 Edom já havia cometido o pecado de receptação de escravos de Gaza e Tiro; agora, avança ainda mais em sua transgressão. Amós destaca isso de quatro formas diferentes:
Em primeiro lugar, o pecado de Edom foi contra o amor fraternal (1.11). Edom persegue não um estranho, mas seu irmão. Havia uma ordem de Deus a Israel para não aborrecer a Edom, por ser seu irmão (Dt 23.7). É contra a natureza odiar a seu irmão, pois ninguém jamais odiou a sua própria carne (Ef 5.29).
Em segundo lugar, o pecado de Edom foi agressivo (1.11). Edom perseguiu seu irmão à espada e baniu toda a misericórdia. Ele agiu com implacabilidade. Não foi sensível às crianças nem aos velhos. Mais tarde, quando a Babilônia invadiu Jerusalém, os edomitas entraram na cidade para pilhá-la e ficavam nas encruzilhadas para matar os que tentavam escapar (Ob 10-14).
Em terceiro lugar, o pecado de Edom foi monstruoso (1.11). Sua ira não cessou de despedaçar. Sua indignação incessante não desistiu de buscar a morte de seus irmãos. O ódio de Edom era irracional.
Em quarto lugar, o pecado de Edom foi insaciável (1.11). Edom reteve sua indignação para sempre (Ez 35.5). Edom não tinha disposição de arrependimento, por isso fechou a porta da graça e do perdão. Onde não se oferece perdão, não se recebe perdão (Mt 6.15). Somente aqueles que perdoam podem ser perdoados (Mt 18.32-35).
2. O juízo de Deus sobre Edom (1.12)
O profeta Amós pronuncia o juízo divino sobre Edom, bem como sobre as cidades fortificadas de Temã e Bozra, verdadeiras fortalezas incrustadas no alto dos penhascos. Essa posição geográfica humanamente inexpugnável fez crescer a soberba de Edom. Eles pensavam que jamais seriam derrotados (Ob 1-3). Mas Deus os fez cair das fendas das rochas e pôs fogo em Temã e destruiu os castelos de Bozra e entregou Edom nas mãos de seus inimigos (Ob 4-9).
V. O JUÍZO DE DEUS SOBRE AMOM (1.13-15)
1.O pecado de Amom (1.13)
O território dos amonitas ficava ao lado do Jordão, contíguo à terra de Israel na região de Gileade. Amom e Moabe eram filhos de uma relação incestuosa de Ló com suas duas filhas, depois de sua fuga da cidade de Sodoma (Gn 19.30-38). Os amonitas tornaram-se idólatras e pervertidos moralmente. Eles adoravam um ídolo abominável chamado Moloque (1Rs 11.7). O fato de Salomão ter se casado com mulheres moabitas e amonitas afastaram-no de Deus (1Rs 11.1,6).
Amom na ânsia de ampliar seus horizontes geográficos e dilatar sua influência política não demonstra nenhuma misericórdia com as pessoas desamparadas, a ponto de rasgar o ventre às grávidas de Gileade, sacrificando as mães e os bebês não nascidos. J. A. Motyer diz que nada provoca mais o castigo de Deus do que a crueldade insensível para com o desamparado, pois ele não é justamente chamado de Pai dos órfãos e defensor da casa da viúva (Sl 68.5)?22 Amós está dizendo que a ambição pessoal de Amom não foi limitada pelo direito dos desamparados e isso provocou a santa ira de Deus.
2.O juízo de Deus sobre Amom (1.14,15)
A violência praticada por Amom voltou-se contra si mesmo. Eles atacaram Israel, saquearam Gileade com ganância insaciável e rasgaram o ventre das grávidas; mas agora o próprio Deus em sua santa ira, mete fogo aos muros de Rabá e consome seus castelos. Deus impõe o terror dos inimigos sobre eles e leva cativo o seu rei e os seus príncipes, deixando a nação entregue ao alvitre dos saqueadores.
VI. O JUÍZO DE DEUS SOBRE MOABE (2.1-3)
1.O pecado de Moabe (2.1)
O território de Moabe ficava ao leste do Mar Morto, e se estendia até o limite da terra de Edom. Os israelitas acamparam nas planícies de Moabe antes de entrar em Canaã (Nm 22.1). O rei de Moabe contratou Balaão para amaldiçoá-los (Nm 22.4-6). Nessa ocasião as mulheres moabitas seduziram os israelitas a unirem na sua adoração idólatra (Nm 25.1-3). Durante um período de fraqueza israelita, uma coalizão de Moabitas, Amonitas e Amalequitas invadiram Israel e o subjugou por dezoito anos (Jz 3.13,14). Saul derrotou os Moabitas (1Sm 14.47), como o fez Davi (2Sm 8.2). Durante o reinado de Salomão parece que os Moabitas estavam sob o poder de Israel, porque Salomão tomou para si mulheres Moabitas (1Rs 11.1). Jeorão, rei de Israel e Josafá, rei de Judá, com o rei de Edom fizeram um abortivo esforço de subjugar Moabe (2Rs 3.26,27). O episódio descrito por Amós deve acontecido nesse tempo.
J. A. Motyer comenta que o incidente registrado em 2 Reis 3.26,27 é mais facilmente entendido à luz de uma inimizade desesperada e violenta entre duas nações. Ali o rei de Moabe e seus exércitos foram derrotados por uma coligação de israelitas, judaítas e edomitas. Uma vez que não poderia enfrentar a coligação, o rei de Moabe determinou que pelo menos o rei de Edom não sairia ileso (2Rs 3.26), e quando até isso se tornou impossível, ele, de maneira selvagem, tomou o filho de Edom e o imolou publicamente (2Rs 3.27). O espírito vingativo era tal que aquilo que não pudesse ser acertado em vida, seguiria o rei de Edom à sepultura. O ódio irracional levou Moabe a profanar os próprios mortos. O ódio envenena o coração mais do que fere o seu objeto.23 O princípio que Amós ensina é a necessidade de renuncia à vingança.
O ódio de Moabe foi tão violento que nem mesmo a morte pôde aplacá-lo. Isso revela a insaciabilidade de sua vingança e a selvageria de seu crime. Moabe não apenas tirou a vida do príncipe de Edom, mas também, profanou o seu corpo.
2.O juízo de Deus sobre Moabe (2.2,3)
Os moabitas eram filhos do tumulto (Jr 48.45), em tumulto viveram e em tumulto morreram. O julgamento é proporcional ao crime. Violência provoca violência e determina o caráter da punição. Os moabitas profanaram os ossos do rei de Edom depois de uma guerra inglória; agora, eles estão sendo destruídos numa guerra estrondosa e seus líderes e príncipes estão sendo mortos pelo próprio Deus pelas mãos de seus inimigos (2.2,3).
No dia em que Moabe abriu a tumba de Edom, assinou a sua própria sentença de morte: Moabe morrerá (2.2). A vingança pertence a Deus e deve ser deixada com ele.24 Deus se coloca contra os vingativos e proíbe o seu povo a fazer vingança por conta própria.
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