A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
15 DE NOVEMBRO DE 1889- A PROCLAMAÇÃO
DA REPÚBLICA
O fim da monarquia e do imperialismo no
Brasil marca a história para sempre com a proclamação da República Federativa
do Brasil
A Proclamação da
República Brasileira, também referida na História do Brasil como Golpe
Republicano,[1] foi
um golpe de Estado político-militar,
ocorrido em 15 de novembro de 1889, que instaurou a
forma republicana presidencialista de
governo no Brasil,
encerrando a monarquia constitucional parlamentarista do Império e, por conseguinte, destituindo o
então chefe de Estado, imperador D. Pedro II, que em seguida recebeu ordens de
partir para o exílio na Europa.[2]
A proclamação
ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na
cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do
Brasil, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo
marechal Manuel Deodoro da Fonseca, destituiu o
imperador e assumiu o poder no país, instituindo um governo provisório republicano,
que se tornaria a Primeira República Brasileira.
O movimento de 15 de
novembro de 1889 não foi o primeiro a tentar instituir uma república no Brasil,
embora tenha sido o único efetivamente bem-sucedido, e, segundo algumas
versões, teria contado com apoio tanto das elites nacionais e regionais quanto
da população de um modo geral:
·
Em 1789, a conspiração
denominada Inconfidência Mineira não buscava apenas
a independência, mas também a proclamação de
uma república na Capitania de Minas Gerais, seguida de uma
série de reformas políticas, econômicas e sociais;
·
Em 1817, durante
a Revolução Pernambucana — único movimento
libertário do período de dominação portuguesa que ultrapassou a fase
conspiratória e atingiu o processo revolucionário de tomada do poder —, a
República foi proclamada pela primeira vez no Brasil, e Pernambuco teve
governo provisório por 75 dias;[4][5]
·
Em 1824, Pernambuco e
outras províncias do Nordeste brasileiro (territórios que
pertenceram outrora à província pernambucana) criaram o movimento
independentista conhecido como Confederação do Equador, igualmente
republicano, considerado a principal reação contra a tendência absolutista e a
política centralizadora do governo de D. Pedro I;[6]
·
Em 1839, na esteira
da Revolução Farroupilha, proclamaram-se a República Rio-Grandense e a República Juliana, respectivamente no Rio Grande do
Sul e em Santa Catarina.
A partir da década de 1870,
como consequência da Guerra do Paraguai (também chamada
de Guerra da Tríplice Aliança, 1864-1870),
foi tomando corpo a ideia de alguns setores da elite de alterar o regime
político vigente. Fatores que influenciaram esse movimento:
·
O imperador D. Pedro
II não tinha filhos, apenas filhas. O trono seria ocupado, após a sua morte,
por sua filha mais velha, a princesa Isabel,
casada com um francês, Gastão de Orléans, Conde d'Eu, o que
gerava o receio em parte da população de que o país fosse governado por um
estrangeiro;[7]
·
O fato de os negros
terem ajudado o exército na Guerra do Paraguai e, quando retornaram ao país,
permaneceram como escravos, ou seja, não ganharam a alforria.
Machado
de Assis e o romance Esaú e Jacó
Machado
de Assis já era um escritor conhecido quando ocorreu o golpe que derrubou a
monarquia e instalou a república em 15 de novembro de 1889. Tinha, então, 50
anos de idade e ocupava um alto posto no funcionalismo público da Corte. Isso
deixava-o mais próximo dos fatos e, também, vulnerável às mudanças políticas.
Além disso, ele era vizinho do Barão de Ladário, no Cosme Velho, ministro do
Império e a única vítima da proclamação da República. Machado, contudo, nunca
expressou claramente sua opinião a respeito do golpe mas deixou um relato cheio
de ironia em seu romance Esaú e Jacó, que analisamos abaixo. Ao final do
artigo, download do texto com questões e respostas. Machado de Assis, breve
apresentação Machado de Assis (1839-1908) nascido no Morro do Livramento, no
Rio de Janeiro, era neto de escravos alforriados e de família pobre. Estudou em
escolas públicas e nunca frequentou o ensino superior. Esforçou-se por ascender
socialmente por meio da superioridade intelectual. Alcançou relativa fama e
prestígio escrevendo em praticamente todos os gêneros literários: poesia,
romance, conto, folhetim e teatro. Foi também jornalista e crítico literário. É
considerado o maior expoente da literatura brasileira e do Realismo no Brasil
que ele introduziu, em 1881, com a publicação da obra Memórias Póstumas de Brás
Cubas. Seus ganhos, contudo, não vinham tanto dos livros e colunas que
escreveu. Machado fez carreira no funcionalismo público, na maior parte do
tempo no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, chegando a
ocupar o cargo de oficial de gabinete do ministro, em 1881. À época da
proclamação da República fora nomeado para ser diretor da Diretoria do
Comércio, um cargo altamente honroso para quem era neto de ex-escravos. A
monarquia lhe abrira as portas para a ascensão social. O escritor tinha grande
admiração por D. Pedro II e chegara mesmo a frequentar o paço imperial algumas
vezes, como prova a sua assinatura no livro de presença. Por isso, não deve ter
visto com simpatia a mudança do regime que expulsou o imperador do país. Assim
era o centro do Rio de Janeiro na época da proclamação da República. Foto de
Marc Ferrez, 1890. A proclamação da República em “Esaú e Jacó” Esaú e Jacó, de
1904, é uma das últimas obras de Machado de Assis. A narrativa se desenrola
pelo ponto de vista do Conselheiro Aires, um diplomata aposentado. É ele quem
opina sobre os fatos, quem esclarece as situações e as atitudes dos
personagens. A história se passa à época da mudança do regime monárquico para o
republicano. A proclamação da República, propriamente dita, é mencionada no
episódio da tabuleta, que se inicia no capítulo 49 e só se completa no capítulo
63. É no diálogo entre Conselheiro Aires e Custódio, dono de uma confeitaria,
que percebemos, entre ironias e metáforas, a opinião de Machado de Assis sobre
o novo regime. As confeitarias eram locais muito frequentados no século XIX.
Algumas tinham decoração luxuosa como a Confeitaria Colombo, fundada em 1894,
na rua Gonçalves Dias, no Rio de Janeiro, ainda em funcionamento. Machado de
Assis e outros escritores frequentaram a Confeitaria Colombo. Tudo começa dias
antes, quando “toda gente voltou da ilha com o baile na cabeça”, referindo-se
ao célebre Baile da Ilha Fiscal, ocorrido em 9 de novembro de 1889.
Custódio, depois de muita relutância, mandara pintar a tabuleta que levava o
nome de sua loja na rua do Catete: Confeitaria do Império. O pintor avisa então
que “a tábua está velha, e precisa outra; a madeira não aguenta tinta (…) está
rachada e comida de bichos”. A alusão à monarquia é óbvia: um regime
velho, decadente, comprometido e sem sustentação, que não suporta mais nem uma
reforma, tem que mudar tudo. Encomenda-se uma nova tabuleta mas eis que ocorre
o golpe da República. Custódio manda um bilhete ao pintor com o seguinte
recado: “Pare no d.” Não sabia se era melhor concluir a pintura com a palavra
Império ou República. O que se segue é uma narrativa carregada de humor e
ironia. A indecisão de Custódio quanto ao nome é sintomática de um país de muda
para manter tudo como está. Machado de Assis reduz a proclamação da República a
uma simples troca de tabuletas, mudança só de nomes. República e Império se
equivalem como rótulos de fachada.
https://ensinarhistoria.com.br/machado-de-assis-e-a-proclamacao-da-republica/
- Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues
A autora Maria Tereza Chaves de Mello em
sua obra: A República Consentida:
Cultura Democrática e Científica do Final do Império, aborda um tema de suma importância para o
conhecimento da história do nosso país, sobretudo no que diz respeito ao fim da
monarquia e o início da republica. A autora procura questionar em seu livro a
interpretação que se fez na afirmação de Aristides Lobo diante da proclamação
da Republica no Diário Popular de São Paulo: “o povo assistiu àquilo
bestializado”. Segundo a mesma, Aristides usou o termo bestializado para falar
que o povo foi surpreendido pelo acontecido e não para negar a participação
popular (por que o povo amava o imperador de tal forma que não desejasse a
queda da monarquia). Como a autora deixa claro, foi após a desilusão que
sofrera os intelectuais com a implantação da república que se realçou a
exclusão popular. Nota-se que a autora debate essa questão ao longo de sua
obra, entretanto há uma maior preocupação da mesma em abordar outros assuntos
referentes não à apenas a imprensa e os intelectuais do cenário político do
período oitocentista, mas também aos espaços onde esses se encontravam como a
rua, abordada no primeiro capítulo.
No primeiro capítulo a autora fala da
rua enquanto espaço público onde repercutia os feitos da sociedade fluminense,
aconteciam os risos, era implantado políticas, personagens famosos discursavam
ao mesmo tempo em que perambulavam as pessoas comuns. Portanto, a rua era uma
grande auxiliadora na divulgação de variados acontecimentos desde os pequenos
escândalos a grandes decisões do governo. Na rua eclodia os “graves conflitos”
entre os defensores da monarquia e os defensores da república. A autora relata
com detalhes, fornecido pela imprensa da época como O País, a Revista Ilustrada
sobre alguns desses desentendimentos. Logo no primeiro capítulo podemos
conhecer acerca do tumulto que envolveu negros libertos e capoeiras dando “Viva
a Monarquia” e republicanos como Barata Ribeiro e Silva Jardim. Muitos foram os
movimentos desse período, já em 1880 aconteceu a “revolta do Vintém”, que “foi
um movimento de massa cujas dimensões, por inusitadas, assustaram os
governantes e como que os despertaram”, onde o povo se revoltava contra um
imposto sobre as passagens de bondes e trens, o povo tenta entregar uma petição
ao monarca dom Pedro II que não a recebe e parte da imprensa toma sua posição apoiando
a revolta, como fizera o Gazeta de Notícias. A autora afirma que “a repercussão
do motim foi nacional e agitou os ânimos republicanos”.
Na obra a idéia dos republicanos em
defesa de liberdade, sem privilégios de classes e igualdade é ressaltada pela
autora, bem como o fato de muitos na sociedade se oporem a essa forma de
governo. A campanha abolicionista entre 1880 e 1889 teve grande destaque na
imprensa, O País, Gazeta da Tarde, o Gazeta de Notícias e a Revista Ilustrada
(revista Vermelha) publicavam reportagens referindo ao Brasil como um país
atrasado por ainda ser escravocrata. Personagens como Joaquim Nabuco e José do
Patrocínio (denominado como o tigre da abolição) chamavam a atenção
principalmente dos estudantes, militares e positivistas. Abolicionismo foi
assim sendo associado ao republicanismo. Segundo Mello abolição e República
eram etapas de um mesmo caminho para a liberdade. Logo a propaganda republicana
cooperava para mobilizar a sociedade. Contudo como a autora esclarece, nem todo
jornal abolicionista era republicano,“a clara adesão republicana só eram de
alguns jornais.” O País se proclamava neutro e a Revista Ilustrada se mostrou
muitas vezes contrária ao republicanismo, onde suas intenções mesmo era,
sobretudo defender a abolição da escravatura.
Se era na rua que acontecia ou pelo
menos começava algum movimento que ameaçava o império, aquela passou a ser
vista por esse como o lugar da desordem. O governo em reação a tal desordem
expulsou estrangeiros republicanos do Brasil, e por meio de repressões policiais
tentava conter o republicanismo. Em 1889 os republicanos em comemoração ao
centenário da Revolução Francesa, fazem uma passeata rumo ao Parlamento onde
teriam um evento, contudo na rua do Ouvidor são reprimidos pela polícia. Gritos
de Viva a monarquia e Viva a Republica simbolizam mais um embate entre os
defensores da monarquia e os defensores da republica, logo diferentes versões
foram contadas sobre a confusão.
O atentado que sofrera o imperador no dia seguinte também é lembrado
pela autora, assim como o fato da imprensa monarquista tentar culpar os
republicanos daquele e da grande comoção popular que trouxera esta tentativa de
homicídio. Depois disso foi proibido reuniões de se vivar a Republica em
público, o que causou bastante discussão na imprensa. Diante disso, Rui Barbosa
se mostrou indignado assim como toda a imprensa republicana. Dessa maneira a
autora diz que “os mettings e manifestações políticas na praça pública eram
entendidos como um direito, uma expressão da liberdade”.
No final do império, foi intensa a
politização da corte. Eventos eram organizados pelos abolicionistas ou pelos
republicanos com palestras, mettings, comícios. Esses acompanhados como diz a
autora por intensa repressão policial.
A autora salienta um importante assunto
em sua obra: A questão militar, tão difundida pelos periódicos: A Federação, O
País, e o Diário de Notícias. Sabemos que após a guerra do Paraguai os
militares já se mostravam insatisfeitos com a monarquia e também com o
escravismo. Logo vão defendendo cada vez mais a proclamação da República, unido
a juventude ilustrada e civil. Destaca-se na obra a importante participação dos
jovens militares. Em 1883, a “emancipadora” fundada pelos alunos militares
aderiu à Confederação Abolicionista. Assim como é lembrado no livro, a imprensa
por meio de publicações de discursos e charges louva a participação do Exército
na campanha abolicionista. E por contar com o apoio dos militares foi se
tornando mais difícil a continuação da monarquia. A autora pra falar da
participação popular salienta que “na campanha abolicionista, assim como na
propaganda republicana, o empenho da ação visou a conquista da opinião
pública.”
A rua onde de tudo se sabia, a rua do
Ouvidor, era também a rua do riso. Nessa se passava variadas informações como o
caso do roubo das jóias da Coroa, em 1982, assim como os impasses entre
republicanos e monarquistas. “ Era, pois, a rua que se vinha demonstrar as
alegrias, as insatisfações, os protestos, as idéias.” E muitos procuravam
passar pela rua para assim discursar, se informar acerca da política, com fazia
o republicano Silva Jardim que“(...)
buscava atravessar, sempre que possível, a rua do Ouvidor após suas
conferências (...)”. Segundo a autora, na rua do Ouvidor e nas suas
adjacências estava localizada a grande
imprensa, e a vida nacional transitava ali, grandes capitalistas, artistas,
jornalistas, literatos compartilhava o mesmo espaço com os mais pobres da
sociedade.
A autora destaca a importância da
propaganda, da publicidade nesse período e a preocupação dos republicanos com a
opinião pública, nesse contexto, como observa Mello “a abolição foi apressada
por força da opinião pública, doutrinada e insuflada por discurso no
Parlamento, por artigos nos jornais, ilustrações em revistas, (...)”.
No primeiro capítulo a autora também
salienta a importância da cidade do Rio de janeiro no período oitocentista,
como sede política do país a cidade também era o centro econômico, financeiro e
cultural. Nesse contexto é ressaltado no livro a questão do transporte no Rio,
que se fazia por bondes, no qual transportava ricos da sociedade ao lado das
pessoas mais humildes. Já no fim do capítulo, Mello traz com detalhes as
celebridades da rua: os poetas, os escritores, os literatos, destacando dentre
outros nomes renomados da literatura como: Aluízio Azevedo, Luís Murat e Olavo
Bilac e o talento e a vida boêmia de Guimarães Passos. Finalmente a autora
afirma que quase todos os intelectuais defendiam a implantação de uma república
no Brasil, contudo personagens abolicionistas como Joaquim Nabuco, André
Rebouças e Rui Barbosa foi lembrado pela autora como “honrosas exceções.”
No segundo capítulo a autora aborda a
posição dos intelectuais, dos literatos acerca do catolicismo, da escravidão,
da aliança do estado e igreja, do regime de privilégios, enfim daquilo que
ainda mantinha em pé a monarquia. Se no primeiro capitulo a autora fala como
personagem central a rua, no segundo “a personagem é outra, a intelectualidade,
o espaço valorizado é aquele em que as polêmicas se dão: a imprensa, os livros.”
(p. 13)
A autora observa as idéias de progresso dos positivistas e dos
literatos. Segundo a mesma o positivismo que tinha como carro chefe a evolução
e o cientificismo, destacou no Brasil pelo compromisso e engajamento nas
questões nacionais. A participação dos positivistas nas lutas pela abolição da
escravatura é enfatizada na obra. Com bastante notoriedade a autora fala da
“Geração 70”, que contava com alguns defensores do anticlericalismo, como
Albuquerque e Fontoura Xavier. Nesse contexto, a autora salienta que a Revista
Ilustrada além da abolição da escravatura defendia o anticlericalismo.
Nomes como Lúcio de Mendonça, Aluízio
Azevedo, Júlio Ribeiro, Machado de Assis, Valentim Gonzaga, dentre outros
ganham espaço na obra, assim como a postura dos intelectuais em relação a temas
como a identidade brasileira, bem como a relação conflituosa e as divergências de
idéias do romancista José de Alencar e Joaquim de Nabuco. Enquanto aquele
buscava a identidade de nação no índio brasileiro, Nabuco o criticava e defendia
a identidade brasileira como européia e não americana.
Mello salienta a preocupação dos
intelectuais com o “atraso” do Brasil, onde a pretensão era civilizar o país e ressalta
também como se “redesenhou a identidade nacional” e a importância do pensamento
de Silvio Romero nesse contexto. Segundo a autora, Romero “além de inovar com
estudos sobre o folclore e a produção popular brasileira- na qual encontrou
junto com a portuguesa uma poderosa influência negra-, fez do mestiço o
distintivo da peculiaridade nacional.” Mello ainda diz que o empenho do critico
“(...) foi fazer do mestiço uma categoria intermediária, mas não impeditiva, do
avanço civilizacional.”
Finalmente terminando o segundo capítulo
a autora fala das imagens do progresso, da associação entre luz e progresso, da
chegada da eletricidade, da mudança nos transportes, das idéias novas que
chegavam ao Brasil e da influência internacional (Chile e Argentina) que fazia
crescer ainda mais o republicanismo, e assim o século XIX trazia um ritmo mais
acelerado que ainda não passara o Brasil. Os intelectuais discutiam acerca do
conceito de república, muitos a associavam ao termo democracia, alguns até
acreditavam que a republica era o caminho para se chegar ao socialismo e outros
ainda diziam que a monarquia podia ser democrática. Como claramente é abordado
na obra “as idéias avançadas” inevitavelmente eram mais associadas ao regime
republicano do que a outro por boa parte da imprensa e pelos republicanos,
obviamente.
No terceiro e último capítulo é abordado
características do governo monarca, veremos que devido os privilégios e a
distribuição de cargos incluindo condecorações, a elite não- dirigente e boa
parte da imprensa a todo tempo atacava o império além disso a necessidade de
mudanças, conseqüências da “idéias novas”que aqui chegavam desde a década de
1970 trazia à elas um debate mais amplo. Como afirma a autora o revezamento do
poder era percebido como estratégia do imperador e o favoritismo era gerador de
escândalos de corrupção. Assim ficava cada vez mais difícil um monarca governar
o país. Contudo se mostrando como um monarca esclarecido, nos anos de 1888 e
1889, a coroa recupera o prestígio perdido. A crítica propagandista e os
republicanos se calaram com a abolição da escravatura. Como destaca a autora
“com a promulgação da Lei Áurea, a monarquia soergueu-se. A regente foi feira a
redentora”. Logo “a iniciativa real pela abolição obscureceu o fato difundido
de que a libertação dos escravos era a bandeira do republicanismo”(p.195).
Nesse contexto, o republicano Silva
Jardim preocupou- se mais ainda em esclarecer que monarquia sempre defendeu a
escravidão enquanto os ideais republicanos sempre foram a favor da liberdade e
igualdade. Mas como ressalta a autora, a popularidade de d. Pedro junto a
população mais humilde provocou a formação da Guarda Negra. Entretanto a
monarquia já estava com os dias contados, com o centenário da Revolução
Francesa, o que trouxe aos republicanos mais ânimo e a “politização da
sociedade fluminense” a situação do Brasil iria mudar.
No fim do livro a autora diz que “a
historiografia que privilegia a versão do bestializado desvaloriza o que a
década de 1880 valorizou: a rua.(...) Desqualificar proclamação da República é
desqualificar a política feita na rua. (...) A República já estava na forma democrática
e cientifica, consciente ou inconsciente”(p 231).
MELLO, Maria Tereza Chaves de. A República Consentida: Cultura Democrática e Científica do Final do
Império. Rio de Janeiro: Editora: FGV: Ed: UFRRJ, 2997
CRÉDITOS Á: Jaqueline Ramos da Silva
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