Sofonias 1
SOFONIAS
Sofonias é um dos livros proféticos
do Antigo testamento da Bíblia. Possui três capítulos. O nome Sofonias significa
"o Senhor o escondeu" ou "o Senhor escondeu-se". ... Sofonias filho
de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de
Josias, filho de Amom, rei de Judá (Sofonias 1.1)
Este livro possui apenas
três capítulos e faz parte do Velho Testamento. Ele foi escrito por volta de
663 a 612 AC e sua autoria é atribuída ao próprio Sofonias: profeta que viveu
na mesma época em que viveram Naum e Habacuque “A palavra do Senhor, que veio a Sofonias, filho de Cusi,
filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de Josias,
filho de Amom, rei de Judá” (Sf 1:1).
Seu nome faz uma
referência à proteção dada por Deus durante a opressão e a idolatria do reinado
de Manasses, ou uma mensagem de proteção de Deus em meio a seu castigo, para
aqueles que se arrependem.
O profeta fala
essencialmente sobre o Dia do Senhor, em que ele promover correção ao povo de
Judá e os moradores de Jerusalém “E
há de ser que, naquele tempo, esquadrinharei a Jerusalém com lanternas, e
castigarei os homens que se espessam como a borra do vinho, que dizem no seu
coração: O Senhor não faz o bem nem faz o mal (Sf 1:12).
A mensagem de Sofonias
parece ter sido anunciada antes da reforma religiosa feita por Josias, rei de
Judá, e o Senhor castigará também os outros povos e as cidades dos
filisteus “Eu dizia:
Certamente me temerás, e aceitarás a correção, e assim a sua morada não seria
destruída, conforme tudo aquilo porque a castiguei; mas eles se levantaram de
madrugada, corromperam todas as suas obras. Portanto esperai-me, diz o Senhor,
no dia em que eu me levantar para o despojo; porque o meu decreto é ajuntar as
nações e congregar os reinos, para sobre eles derramar a minha indignação, e
todo o ardor da minha ira; porque toda esta terra será consumida pelo fogo do
meu zelo” (Sf 3,7:8)
Sofonias foi um corajoso
profeta que anunciou ao povo com clareza pois sabia que estava próximo o Dia do
Senhor. Inclusive o primeiro versículo dia “Palavra do Senhor” e o último diz
"diz o Senhor". Como já havia acontecido em outras épocas, o Senhor
tem misericórdia do povo e mantem a promessa de que "O Senhor, teu Deus, está no meio
de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria;
renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo" (Sf 3:17)
Sofonias
advertiu o povo do juízo de Deus pelos pecados e proclamou o Dia do Senhor, o
dia do julgamento de todas as coisas; falou sobre o julgamento das nações
estrangeiras (Filístia, Moabe e Amom, Egito e Assíria), assim como de Judá e
JerusaLém.
Sofonias (significa: ‘Deus ocultou’) profetizou no período de 640-621 AC,
durante o reinado do rei Josias (640-609 AC), em Judá, mas antes da destruição
da cidade de Nínive em 612 AC. Era contemporâneo de Naum e Jeremias. Após o
falecimento de Ezequias a religião judaica deteriorou, sendo reavivada a
adoração idólatra através de seu filho Manassés. Sofonias, provavelmente,
nasceu durante o período das atrocidades perpetradas por este último rei, o
qual, de conformidade com a tradição, serrou pelo meio o profeta Isaías (Hb 11:
37). Sofonias era aparentado com Josias, o bisneto de Ezequias (Sf 1: 1 –
Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias; este era outro
filho de Ezequias e irmão de Manassés). Josias subiu ao trono com a idade de
oito anos (640 AC) e foi muito influenciado por Hilquias, o sumo sacerdote da
época que assessorou o rei e inclinando-o à piedade. Josias, com dezoito anos,
ordenou a renovação do templo; durante o processo de reforma religiosa, o Livro
da Lei foi encontrado e mudou a vida da nação.
Sofonias escreveu para o povo de
Judá, advertindo-o do juízo de Deus pelos pecados e assegurando que o juízo
divino abriria o caminho para uma nova sociedade, na qual a justiça
prevaleceria e toda a humanidade adoraria ao Senhor (Sf 3: 1-20). Após a purificação
do povo, ficaria apenas um remanescente humilde que confiaria no Senhor, pois
as sentenças de acusação seriam retiradas por Ele (Sf 3: 12). Ele fala sobre “o
resto de Baal” em Jerusalém (Sf 1: 4 cf. Os 2: 16-17) bem como outros costumes
idólatras que foram abandonados (Sf 1: 5; 2 Rs 23: 4-20; 24; 2 Cr 34: 1-7) após
o descobrimento do Livro da Lei (2 Rs 22: 8-10; 2 Rs 23: 21; 2 Cr 34: 14-18).
Entre esses costumes estava o de adorar os corpos celestes ou seres angélicos
(“exército do céu”) e a adoração a Milcom ou Moloque, Deus dos amonitas (Sf 1:
5). Sofonias se preocupa com o Dia do Senhor, através do julgamento de todas as
coisas, julgamento das nações estrangeiras (Filístia, Moabe e Amom, Egito e
Assíria), assim como Judá e Jerusalém. Com o juízo de Deus, Sofonias quis
ilustrar que Ele precisava fazer Seu povo atravessar as chamas da aflição, a
fim de prepará-lo para ser uma bênção que se estenderia à humanidade inteira.
Capítulo 1
Sf 1: 1-6 – Ameaças contra
Judá e Jerusalém: “Palavra do Senhor que veio a Sofonias, filho de
Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de
Josias, filho de Amom, rei de Judá: De fato, consumirei [NVI: destruirei] todas
as coisas sobre a face da terra, diz o Senhor. Consumirei os homens e os animais,
consumirei as aves do céu, e os peixes do mar, e as ofensas com os perversos; e
exterminarei os homens de sobre a face da terra [NVI: quando eu ceifar o homem
da face da terra], diz o Senhor. Estenderei a mão contra Judá e contra todos os
habitantes de Jerusalém; exterminarei deste lugar o resto de Baal [NVI: o
remanescente de Baal], o nome dos ministrantes dos ídolos [NVI: dos ministros
idólatras] e seus sacerdotes; os que sobre os eirados adoram o exército do céu
[NVI: aqueles que no alto dos terraços adoram o exército de estrelas] e os que
adoram ao Senhor e juram por ele e também por Milcom [NVI: aqueles que se
prostram jurando pelo Senhor e também por Moloque]; os que deixam de seguir ao
Senhor e os que não buscam o Senhor, nem perguntam por ele [NVI: não o buscam
nem o consultam]”.
Rei Josias, de Judá
Primeiro, o profeta afirma que a palavra que ele traz veio do Senhor. Depois
ele deixa clara a sua linhagem real como trineto do rei Ezequias, e diz quem
governa a nação no momento: o rei Josias. A palavra dada pelo profeta anuncia
um juízo iminente da parte de Deus, e de grande amplitude, quando Ele menciona
até aves e peixes. E fala algo mais assustador: ‘exterminarei os homens de
sobre a face da terra’ ou ‘quando eu ceifar o homem da face da terra’, o que
mostra a ira e a violência com que isso vai ser feito, e nos faz pensar que a
paciência de Deus com os pecados do Seu povo já estava quase que se esgotando.
Ele fala claramente sobre a punição da idolatria, em especial os adoradores e
os ministros (sacerdotes) de Baal, assim como todos os que subiam nos terraços
à noite para adorar os astros (‘o exército do céu’ ou ‘o exército de estrelas’
– 2 Rs 23: 11; Jr 19: 13; Jr 32: 29; Ez 8: 16), e os que faziam uma adoração
dividida, ou seja, eram judeus, mas faziam sacrifícios a Moloque ou Malcom ou
Milcom, o deus amonita adorado com o sacrifício de crianças, da mesma forma que
o deus moabita, Camos ou Quemós. Mais extensa ainda vai a Sua punição: não
apenas sobre os idólatras, como também os que não o seguem nem o buscam, nem o
consultam nas suas dificuldades.
Por enquanto, o Senhor não deixa
claro que usaria um exército estrangeiro para fazer isso, embora naquela época
os povos que se encontravam em bastante atividade bélica fossem os citas (um
grupo de tribos nômades provenientes do norte da Sibéria, perto do Mar Negro e
Cáspio), que agiam com bastante destruição nas áreas invadidas, e que já
estavam assolando as regiões da Assíria, da Ásia Ocidental e o Egito. Mas
parece que não entraram em Judá. No fim do século VIII AC locomoveram-se para o
norte da Pérsia e para a região ao norte da Assíria (região de Urartu). Seu
avanço inicial para o sudoeste foi enfrentado por Sargom II (727-705 AC) e
Assurbanipal (669-627 AC); este último tentou detê-los em 632 AC (durante o
reinado de Josias, de Judá), mas os citas dominaram o oeste persa durante 28
anos por meio de várias incursões militares. Ajudaram os assírios contra os
medos, livrando Nínive em 630 AC, mas posteriormente atacaram Harã. Deixaram de
invadir o Egito somente quando Psamético I os desviou com pagamento de tributo.
Por volta de 110 AC, com sua capital em Neópolis, na Criméia, Rússia,
controlavam o comércio com esta nação, especialmente no tráfico de trigo e de
escravos. Os citas, na verdade, foram uma ‘dor de cabeça’ para muitos reis
nesta época e por alguns séculos ainda, pois até Ciro, Dario I e os romanos se
viram em guerra contra eles.
Parte 2
A terra dos citas
Sf 1: 7-18 – O dia da ira do
Senhor:
Sf 1: 7-9: “Cala-te diante do Senhor Deus,
porque o Dia do Senhor está perto, pois o Senhor preparou o sacrifício e
santificou os seus convidados. No dia do sacrifício do Senhor, hei de castigar
os oficiais [NVI: líderes], e os filhos do rei, e todos os que trajam
vestiduras estrangeiras [NVI: todos os que estão vestidos com roupas
estrangeiras]. Castigarei também, naquele dia, todos aqueles que sobem o
pedestal dos ídolos e enchem de violência e engano a casa dos seus senhores”.
O Senhor parece estar falando com aqueles que ainda fazem ouvir suas súplicas
no Seu altar, mas não se comprometeram a largar o pecado de idolatria e se
voltar para Ele. A adoração dividida não era agradável a Ele. De qualquer forma
o Seu juízo já havia sido decretado, e Ele não voltaria atrás. O dia do Senhor
estava próximo e seria um dia amargo para muitas pessoas (cf. Amós 5: 18). O
sacrifício era Judá, e os convidados eram seus inimigos, que também sofreriam
debaixo da Sua ira.
Deus deixa Seus alvos de maneira mais especificada, ou seja, os líderes
(oficiais), os príncipes e todos os que gostavam da ostentação da riqueza e se
vestiam com roupas de outras terras só para impressionar (‘todos os que trajam
vestiduras estrangeiras’). Todos deveriam agora se calar diante Dele, pois não havia
mais nada a dizer ou explicar. Apesar da reforma religiosa tentada por Josias
(2 Rs 23: 1-25), o Senhor não desistiu de puni-los (2 Rs 23: 26-27), pois seus
descendentes [Joacaz (ou Salum – Jr 22: 11-12), Eliaquim (ou Jeoaquim), Joaquim
(Jeconias) e Matanias (Zedequias): 2 Rs 23: 31-37 – 2 Rs 24: 1-17; 1 Cr 3: 15]
exerceram um péssimo governo, empurrando o povo cada vez mais fundo no pecado,
o que trouxe Nabucodonosor como um instrumento de punição de Deus sobre aquela
terra.
‘Castigarei também, naquele dia,
todos aqueles que sobem o pedestal dos ídolos e enchem de violência e engano a
casa dos seus senhores’ – no original é: ‘No mesmo dia, também punirei todos
aqueles que pulam na soleira (ou no parapeito), que enchem as casas de seus mestres
com violência e engano’, e isso pode significar: servos que, a mando do seu
senhor, pulavam o peitoril da janela ou a soleira da porta da casa de alguns
cidadãos para roubá-las, às vezes com violência, e entregar o fruto desse roubo
aos seus amos. Suas casas, portanto, estavam cheias de violência por causa desse
ganho desonesto.
Sofonias
Parte
3
Sf 1: 10: “Naquele dia, diz o Senhor, far-se-á
ouvir um grito desde a Porta do Peixe, e um uivo desde a Cidade Baixa, e grande
lamento desde os outeiros [NVI: e estrondos nas colinas]”.
A porta do peixe...
A
PORTA DOS PEIXES - LUGAR DE CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO Nm 3.3“Os filhos de
Hassenaá edificaram a Porta do Peixe; colocaram-lhe as vigas e lhe assentaram
as portas com seus ferrolhos e trancas”
A Bíblia Sagrada, quando trata a respeito da
reconstrução dos muros de Jerusalém, no Antigo Testamento no livro de Neemias,
menciona as doze portas da cidade com os seus primitivos nomes:
1 – Porta do Gado
2 – Porta do Peixe (Porta de Damasco)
3 – Porta Velha (Porta de Jafa)
4 – Porta do Vale
5 – Porta do Monturo
6 – Porta da Fonte
7 – Porta do Cárcere
8 – Porta das Águas
9 – Porta dos Cavalos
10 – Porta Oriental
11 – Porta de Mifcade (da Atribuição)
12 – Porta de Efraim
“De tudo que era mui querido para o Senhor, nada mais seria do que a sua cidade e as suas portas (Sl.87:2,3; 147:12,13). Se é importante para DEUS, deve ser igualmente importante para a Igreja! Os judeus e os cristãos são convidados a orar pela paz de Jerusalém sob promessa de prosperidade aos que a amarem! (Sl.122:6)”.
Sofonias 1 parte 4
A PORTA DO PEIXE
Como
vimos, a primeira porta que foi restaurada nos muros de Jerusalém, no livro de
Neemias é a porta das ovelhas. Vimos que esta porta não tem tranca nem
ferrolhos. Todas as outras tinham trancas, mas a porta das ovelhas não possuía
tranca. Isto nos ensina que apesar da cidade ter um muro de separação,
separando o santo do profano e o vil do precioso; separando um reino de outro
reino e também para deter o inimigo, a Igreja do Senhor tem uma porta aberta
para todo aquele que crer e entrar por Cristo, pela porta das ovelhas.
A segunda
porta que foi restaurada nos muros de Jerusalém é a porta do peixe: "E
a porta do peixe edificaram os filhos de Hassenaá; a qual emadeiraram, e
levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos. E ao seu
lado reparou Meremote, filho de Urias, o filho de Coz; e ao seu lado reparou
Mesulão, filho de Berequias, o filho de Mesezabeel; e ao seu lado reparou
Zadoque, filho de Baana. E ao seu lado repararam os tecoítas; porém os seus
nobres não submeteram a cerviz ao serviço de seu senhor" Neemias
3.3-5.
A porta
do peixe diz respeito ao evangelismo como um ministério da Igreja. Creio que
esta é a porta a qual nos leva para fora no arraial, pela qual devemos levar o
seu vitupério (Heb. 13.13). Como vimos, o muro é para fazer separação, e as
portas são para que Cristo possa ser conhecido dos que estão dentro dos muros e
dos que estão fora. A porta do peixe é a porta que saímos para pregar a Jesus
Cristo como as boas novas de Deus.
Jesus,
assim que chamou os seus discípulos se referiu a esta porta quando disse:
"Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens"
Mat. 4.19. Tanto para o evangelho da graça como para o evangelho do reino Jesus
usa o peixe como figura do homem pecador a ser alcançado: "Igualmente
o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanha toda a
qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia; e, assentando-se,
apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora"
Mateus 13.47-48.
O texto
de Isaías capítulo 52, no verso 7, também fala da pregação do evangelho, nestes
dois aspectos: Graça e Reino, quando diz: "Quão formosos são, sobre
os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que
anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina".
Fazer ouvir a salvação, e que o nosso Senhor reina. Quando este evangelho, o do
reino, for pregado a todas as nações, então virá o fim (Mt. 24.14). O evangelho
são as boas novas em uma Pessoa; Jesus Cristo (Rom. 1.1-3).
Esta
porta tem trancas e ferrolhos, mas elas se encontram no lado de dentro dos
muros. Ela é trancada para os que estão fora não entre por ela, mas pela porta
das ovelhas. Ninguém entra pelo evangelho em si, mas pela Pessoa de quem o
evangelho se refere, de Cristo, a porta das ovelhas.
A porta
do peixe só pode ser aberta por dentro do muro, para os que estão dentro saíam
e pregue o evangelho a toda criatura. Por isso o Senhor disse: "Ide
por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" Marcos
16.15. Ele não disse: - Vinde à igreja para ouvir o evangelho. A reunião da
Igreja é para o ensino, comunhão, partir do pão e orações como já vimos, mas o
evangelho é para os pecadores que estão fora. A ordem do Senhor é 'Ide'.
Como já
vimos no ministério sacerdotal, o filho de Deus, como um sacerdote real,
ministra coisas espirituais a Deus e aos homens pela vontade de Deus. A Deus no
santo e no santíssimo lugar, e aos homens no átrio, àqueles que estão se
achegando a Deus, e fora do arraial, no mundo, aos homens pecadores. A Igreja é
uma embaixada, e os filhos de Deus são os embaixadores da parte de Cristo que
tem a incumbência do ministério da reconciliação; como se Deus por nós rogasse
que os pecadores se reconciliem com Ele (II Cor. 5.20).
O nome
daqueles que restauraram esta porta é muito significativo também. Hassenaá quer
dizer 'Luz'. Meremote quer dizer 'Alturas'. Mesulão quer dizer 'Amigo'. Zadoque
quer dizer 'Reto, Justo', e tecoítas, filhos de Tecoa quer dizer 'Firmes’. O
evangelho traz luz das alturas, e nos faz amigos de Deus, justos e firmes no
Senhor. O evangelho é Cristo, a Luz, a estrela da manhã surgindo em nossos
corações (II Cor. 4.6), nos fazendo nascer do alto, de Deus (Jo. 3.3). Novas
criaturas em Cristo, não mais servos, mas amigos (Jo. 15.15). Fazendo de homens
pecadores homens justos, sendo Ele a nossa justiça (Jer. 33.16), e fundados e
firmes na fé, no evangelho que ouvimos (Col. 1.23).
Algo
precioso nestes textos de Neemias é que o Espírito Santo deu testemunho que
sempre há alguém ao lado do outro para restaurar. Isto não é obra humana, e
muito menos de um ou de alguns homens, mas de Deus usando os seus filhos em
comunhão, lado a lado neste trabalho. Como já citamos anteriormente, nem todos
são chamados para entrar neste ministério de restauração, mas o propósito de
Deus é para todos, que todos cheguem ao pleno conhecimento do Filho de Deus.
Aqueles que são chamados têm um coração inclusivo, e também compreende que este
trabalho cabe a muitos, cada um com a sua medida de fé e do dom de Cristo (Rom.
12.3, Ef. 4.7). Pensa sobriamente, segundo a graça que Deus deu a cada um. São
muitos fazendo a obra, mas com um só coração e propósito: glorificar a Cristo,
restaurar o testemunho de Deus.
O
evangelho a ser pregado é algo que precisamos considerar também. Paulo já dizia
naquela época: "Maravilho-me de que tão depressa passásseis
daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é
outro..." Gálatas 1.6-7. Jesus disse que é fácil sabermos se
alguém que prega foi ou não enviado por Deus, quando diz: "Quem fala
de si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o
enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça" João 7.18.
Há muitos
evangelhos sendo pregado hoje em dia, o qual não é outro, senão anátemas.
Quando o evangelho ou qualquer outra pregação não tem a Cristo, não aponta para
Ele é anátema. Se um pregador não for cristocêntrico, com certeza estará
falando de si mesmo e buscando a sua própria glória. Não há evangelho quando
não se fala de Cristo, e este morto e ressuscitado (I Cor. 2.2). Morto, mas que
agora reina (At. 2.36). E isto era o que os apóstolos pregaram no poder do
Espírito à partir do Pentecostes: "E os apóstolos davam, com
grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia
abundante graça" Atos 4.33.
Paulo em
Romanos, fala no capítulo 1, no verso 15, que gostaria de anunciar também aos
romanos o evangelho. De que evangelho ele fala, sendo que ele não escreve a
pessoas incrédulas, que não conhecem ao Senhor Jesus, mas sim a irmãos em
Cristo? E todos eles eram irmãos já amadurecidos como nos apresenta em Romanos
capítulo 16!
A
princípio vemos nas Escrituras o evangelho da graça: "Mas em
nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha
carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do
evangelho da graça de Deus" At. 20.24. Este evangelho nos
fala de toda a graça de Deus que nos foi dada em Cristo naquela cruz. O
evangelho da graça é Cristo crucificado, a Palavra da cruz: "Porque
a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos
salvos, é o poder de Deus" I Cor. 1.17-18.
Quando
cremos no evangelho da graça, nascemos de novo e entramos no reino de Deus
(João 3.3-5). Uma vez no reino, o Senhor nos apresenta o evangelho do reino. O
evangelho da graça nos fala das boas novas em Cristo para a nossa salvação, o
evangelho do reino nos fala das boas novas sobre o reino em Cristo: "E
percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o
evangelho do reino..." Mat. 4.23.
Grande
parte da pregação de Jesus foi sobre o evangelho do reino, o evangelho para os
filhos de Deus. Se ouvirmos sobre o evangelho do reino antes de ouvir o
evangelho da graça, corremos o risco de achar que a salvação é pelas obras, mas
não. O evangelho da graça é toda a graça que nos foi dada por Deus em Cristo,
já o evangelho do reino é para que os santos que estão em Cristo sejam o
reino: "Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também
com ele viveremos; se sofrermos, também com ele reinaremos..." II
Tim. 2.11-12.
Tanto o
evangelho da graça, como o evangelho do reino fala de tudo o que Deus nos deu
em Cristo, o Filho do Deus vivo. Como diz Paulo em Romanos 1, o evangelho é a
Graça e o Reino em Cristo, não algo separado dEle. A Graça é Cristo e o Reino
também, por isso Ele disse: "O reino de Deus não vem com
aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o
reino de Deus está dentre de vós" Lucas 17.20-21. Isto é o
evangelho, a Graça e o Reino por Cristo em nós. Aleluia!
A porta
do peixe é a segunda porta a ser restaurada, porque à partir da regeneração, de
entrarmos pela porta das ovelhas, o Senhor já nos chama a sair e pregar o
evangelho. Qualquer filho de Deus, por mais novo que seja está apto para pregar
o evangelho; ele pode anunciar as grandezas daquele que o tirou das trevas para
a sua maravilhosa luz (I Pd. 2.9). É por aqui que começa o ministério
sacerdotal de todo filho de Deus, o ministério a favor dos homens pecadores.
Nem todos
irão ter ministérios da Palavra. Nem todos serão apóstolos, profetas, pastores ou
mestres, mas todos os filhos de Deus, sem exceção, são chamados para pregar o
evangelho. Muitos após serem salvos Jesus os enviou para anunciar o evangelho,
dentre eles a mulher samaritana (Jo 4.39), e o endemoninhado de gadareno (Mc.
5.19), e os próprios apóstolos. Para a obra do ministério para edificação do
corpo de Cristo temos que ser aperfeiçoados, mas para pregar o evangelho não.
Muitos dão muito fruto no princípio da sua conversão, na alegria do primeiro
amor. O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio (Pv.
11.30).
Muitos
quando os olhos são abertos para ver a Cristo, e nEle o seu mistério que é a
Igreja, ficam centrados apenas na edificação da igreja, mas isto é um erro. A
partir do momento que Cristo é restaurado como o tudo, Ele ensina para que a
Igreja seja missionária. Esta porta nos ensina isto. Esta é a função da Igreja
para com o mundo, para com os homens pecadores. Se a Igreja cuidar somente da
edificação, de regar, irá se tornar uma terra alagada, um pântano. Deus tem uma
lavoura, mas primeiro é necessário plantar, para depois regar. Não se pode
regar algo que ainda não foi plantado.
É verdade
que não se pode esquecer de regar também e ficar só no plantio, mas cada coisa
tem o seu tempo e propósito. Como diz Paulo, um planta, o outro rega, e Deus dá
o crescimento (I Cor. 3.7). A Palavra de Deus como já citamos é semente para o
que semeia e pão para o que come, como também água para regar (Isa.
55.10-11).
A porta
do peixe também tem a figura da madre de uma mulher. Ela é uma porta bendita
que estará sempre aberta uma vez que é restaurada. Ela é a madre da Jerusalém
que é de cima, do alto, a qual é a nossa mãe, que faz nascerem filhos da
promessa (Gal. 4.21-28). Como uma estéril que tem muitos filhos, pois a Igreja
é estéril em si mesma, porque por ela mesma não pode gerar filhos. Todos nascem
de Deus, por milagre (Jo.1.12). Ele abriu a madre, a porta do peixe, e ela
estará aberta para fazer nascer: "Abriria eu a madre, e não
geraria? diz o Senhor; geraria eu, e fecharia a madre? diz o teu Deus" (Isaías
66.7-11).
Saíamos,
pois, por esta porta, e lancemos sobre a Palavra de Cristo as redes, e teremos
uma pesca maravilhosa. "Pela manhã semeia a tua semente, e à
tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se
aquela, ou se ambas serão igualmente boas" Eclesiastes 11.6.
No final
do verso 5 do capítulo 3 de Neemias, na versão CMTHG, diz que os nobres não
meteram o pescoço no serviço do seu Senhor. O Espírito não deixou de relatar
isto, porque é de muita importância para nós. O que é meter o pescoço no
serviço do Senhor? É colocar o nosso pescoço na canga com o Senhor, tanto para
aprender dEle, como para fazer a sua vontade (Mt. 11.28-30).
Aqui o
Espírito relata que nós podemos nos tornar nobres, não nobres no sentido bíblico
como os Bereanos, mas aqueles que estão cheios de conhecimento, cheios de
orgulho espiritual. Podemos nos assentar como nobres, como aqueles que se
servem das coisas do Senhor, mas não servem ao Senhor, não entram no seu
serviço. Tornamos-nos daqueles que não negam a si mesmos, e não tomam a cada
dia a sua cruz para segui-lo.
Que o
Senhor nos guarde de nos sentirmos nobres, capazes, cheios, mas muito poucos
atentos no seu serviço, em servirmos ao nosso Senhor. Na restauração há muito
trabalho, e não podemos nos sentir nobres e nos eximirmos do serviço, de
servirmos de coração ao nosso Senhor.
Obs:
Amados irmãos, não deixem de ler os versículos acima citados entre parêntesis,
porque eles são a parte mais importante desta meditação. Não é o texto escrito
que tem valor, mas a Palavra de Deus. Ela é que é viva e eficaz. O texto é como
Esdras fez, para dar sentido ao que estamos falando. O sentido é nosso, mas a
Palavra é de Deus. Amém.
Sofonias
Parte 5
1.
A palavra “peixe” vem do termo grego “ichthus” (iniciais da
frase: “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”). A raiz desta palavra traz o
sentido de “reprodução”, “crescimento”, “mover-se rapidamente”. Isto nos lembra
o chamado ao crescimento numérico, a reprodução de novas vidas, geração de
novos filhos, novos peixes, novas ovelhas, novos crentes.
2.
A Porta dos Peixes é aquela por onde deixamos entrar os novos filhos de
Deus. Exige uma decisão de não vivermos só para nós, mas irmos à busca dos que
precisam encontrar Jesus. Paulo afirmou: “Se anuncio o evangelho, não tenho de
que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não
pregar o evangelho!”, 1Co 9.16.
3. Jesus
falou aos discípulos sobre a necessidade de reprodução, Jo 15.5,
8, “8 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu,
nele, esse dá muito fruto”; “8 Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito
fruto; e assim vos tornareis meus discípulos”.
3. Um
exemplo de crescimento numérico está na Igreja Primitiva
a) Cento
e vinte pessoas, At 1.15, “Naqueles dias, levantou-se Pedro no meio dos
irmãos (ora, compunha-se a assembleia de umas cento e vinte pessoas) e disse”.
b) Três
mil pessoas, At 2.41, “Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um
acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas”.
c) Cinco
mil homens At 4.4, “Muitos, porém, dos que ouviram a palavra a aceitaram, subindo o número
de homens a quase cinco mil”.
d)
Multidão de crentes, At 5.14, “E crescia mais e mais a multidão de crentes,
tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor”.
e)
Multiplicando o número de discípulos, At 6.1, 7, “1 Ora, naqueles dias,
multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas
contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição
diária”; “7 Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o
número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé”.
4. Outro
ponto relacionado à Porta dos Peixes, está no cuidado que precisamos dispor
para receber em nossa alma aqueles que estão chegando a Jesus, uma vez que
precisam de cuidado, nutrição e assistência. Estas novas vidas geradas pelo
Espírito de Deus, carregam marcas profundas do mundo que acabaram de sair, e
carecem de um amor sincero de nossa parte:
a) At 4.32, “Da multidão dos que creram era
um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das
coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum”.
b) At
2.44. “Todos os
que creram estavam juntos e tinham tudo em comum”.
5. Nosso
relacionamento entre irmãos nem sempre é amável, sem problemas. Muitas vezes,
Deus usa aqueles irmãos ranzinzas, de temperamento difícil, para forjar em nós
as virtudes do caráter de Cristo. Através do trato com as pessoas, temos a
chance de amadurecer em nossa vida. Crescemos no amor, na tolerância, na
paciência, na misericórdia, e tudo mais se desenvolve em nós no trato com as
pessoas, especialmente os novos crentes, 1Co 11.18-19, “18
Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos
reunis na igreja; e eu, em parte, o creio. 19 Porque até mesmo importa que haja
partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso
meio”.
6.
A Porta do Peixe, representa a reprodução, cuidado, crescimento, Mc
1.17, “Vinde após mim e eu vos farei pescadores...”.
A KJV traduz como: “E acontecerá naquele dia, diz o Senhor, que haverá o
barulho de um grito desde o Portão do Peixe, e um uivar do segundo (portão), e
um grande estrondo das colinas”. A palavra hebraica para ‘segundo’ é mishneh, o
que corresponde à Porta Velha ou Portão Mishneh, também a noroeste de
Jerusalém, um pouco abaixo da Porta do Peixe, e que possivelmente levava à
cidade baixa, que no versículo seguinte é chamada de Mactés.
Seguindo:
Sf 1: 11: “Uivai vós, moradores de Mactés [NVI: cidade baixa; ou ‘no lugar onde
se faz argamassa’], porque todo o povo de Canaã está arruinado, todos os que
pesam prata são destruídos [NVI: todos os seus comerciantes serão completamente
destruídos, todos os que negociam com prata serão arruinados]”.
A KJV traduz como: “Uivai, habitantes de Maktesh, pois todos os comerciantes
estão abatidos; todos os que carregam prata estão destruídos”.
A tradução literal do hebraico feita pela Versão Concordante do Antigo
Testamento (CVOT) é: “Uivai, moradores do buraco moldado de argamassa, pois
todo o povo de Canaã está silencioso, todos os que pesam prata são destruídos”.
O
significado do nome Mactés (Maktesh), a cidade baixa, segundo a NVI e a CVOT é
‘lugar onde se faz argamassa’ ou ‘buraco moldado de argamassa’, e alguns
estudiosos contemporâneos sugerem que estava situada em alguma parte do Vale do
Tiropoeon (vale dos queijeiros, do lado oeste), dentro dos muros da cidade, e que
era a área da cidade dedicada ao comércio, onde pessoas mercenárias costumavam
ficar. Assim, o portão ou porta Mishneh deveria ser como uma passagem estreita
em declive, revestida de argamassa, em direção à outra parte da cidade. Pelo
fato de Maktesh ter o significado de ‘pilão’, ‘almofariz’, ‘gamela’, e a
tradução CVOT escrever: ‘moradores do buraco moldado de argamassa’, nos leva a
imaginar se, por acaso, o portão Mishneh, como dissemos acima, era uma passagem
que levava para um nível inferior da cidade e, por ser ele revestido com
argamassa, a outra parte se assemelhava a uma gamela, uma vasilha, um pilão,
colocada no fundo, onde os comerciantes ficavam (os ‘moradores do buraco
moldado de argamassa’).
Voltando ao raciocínio do texto bíblico:
No dia da visitação de juízo do Senhor se ouvirá um grito desde a Porta do
Peixe, no noroeste da cidade, até um pouco abaixo, na Cidade Baixa (em
hebraico, Maktesh).
‘Um grito
desde a Porta do Peixe’ sugere o ataque de um exército invasor vindo do norte,
muito provavelmente, o exército babilônico. Também haverá lamentos nas colinas,
ou mais possivelmente (segundo a KJV e a NVI), estrondos nas colinas,
correspondendo ao ruído da aproximação de um exército.
‘Todo o povo de Canaã’ – nos tempos do AT, a Fenícia era chamada de Canaã, e
seus habitantes, cananeus, que significa ‘comerciantes’.
Em grego, a Fenícia é chamada Phoiníkē, Φοινίκη), ‘terra das palmeiras’.
Por isso, o termo Canaã aqui em relação ao bairro de Mactés.
‘Todos os que pesam prata’ significam os comerciantes, pois para comprar e
vender mercadorias pesava-se o dinheiro. Havia balanças para isso. O Senhor vai
lidar com a iniqüidade de maneira tão precisa quanto os comerciantes pesavam o
dinheiro ou os ourives negociavam ouro e prata. Tudo isso estaria em declínio,
e muitos deles seriam destruídos.
As muralhas de Jerusalém no tempo de Neemias e os portões da cidade
• Sf 1: 12-13: “Naquele tempo, esquadrinharei a Jerusalém com lanternas e
castigarei os homens que estão apegados à borra do vinho [NVI: castigarei os
complacentes, que são como vinho envelhecido, deixado com os seus resíduos] e
dizem no seu coração: O Senhor não faz bem, nem faz mal. Por isso, serão
saqueados os seus bens e assoladas as suas casas; e edificarão casas, mas não
habitarão nelas, plantarão vinhas, porém não lhes beberão o vinho”.
No momento em que o Senhor decidir agir, Ele vai vascular, dia e noite e todos
os recônditos, até o lugar mais escondido (‘com lanternas’), fazendo uma busca
total para que ninguém escape e nenhum pecado passe despercebido. Isso seria
pior para as pessoas descuidadas, que vivem dos prazeres e alheias à realidade,
como os bêbados.
‘Castigarei
os homens que estão apegados à borra do vinho’ ou ‘castigarei os complacentes,
que são como vinho envelhecido, deixado com os seus resíduos’ – isso significa
os auto-indulgentes, que preferem viver com a alma suja de resíduos
indesejáveis, se conformando com o seu caráter deformado e com velhos
conceitos. Durante o envelhecimento do vinho ele era conservado em jarras ou
odres, que possuíam uma espécie de respiradouro para eliminar o dióxido de
carbono (decorrente do desdobramento dos açúcares em álcool através da
fermentação) e evitar a entrada de oxigênio, a fim de que não se tornassem
vinagre. Quanto mais tempo os vinhos descansavam, mais as borras se
precipitavam no fundo do recipiente e eles se clarificavam, melhorando seu
buquê e seu sabor. Depois os vinhos eram transportados para outros
receptáculos, e o processo era feito novamente até ficarem com o sabor ideal. A
bíblia se refere a isso de muitas formas: Jó 32: 19 (‘respiradouro’); Is 25: 6
(‘vinhos velhos bem clarificados’); Jr 13: 12 (‘jarro’); Jr 48: 11 (‘fezes do
seu vinho’ = borras do seu vinho); Sf 1: 12 (‘borra do vinho’). Em Lc 5: 39
está escrito: ‘E ninguém, tendo bebido o vinho velho, prefere o novo; porque
diz: O velho é excelente’ – porque estava clarificado, livre da borra.
Uma
pessoa dessas já mostrou que não tinha intimidade com o Senhor, por isso ela
dizia: ‘O Senhor não faz bem, nem faz mal’. É como dizer: ‘Não cheira nem
fede’, o que para Deus era um insulto que não passaria sem resposta. Por isso,
Ele diz que seus bens serão saqueados e as suas casas, assoladas; nem que as
edifiquem eles vão morar nelas, tampouco beberão vinho das vinhas que
plantarem.
• Sf 1:
14-16: “Está perto o grande Dia do Senhor; está perto e muito se apressa. Atenção!
O Dia do Senhor é amargo, e nele clama até o homem poderoso [NVI: até os
guerreiros gritarão]. Aquele dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de
alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas
trevas [NVI: Aquele dia será um dia de ira, dia de aflição e angústia, dia de
sofrimento e ruína, dia de trevas e escuridão, dia de nuvens e negridão], dia
de trombeta e de rebate contra as cidades fortes e contra as torres altas [NVI:
dia de toques de trombeta e gritos de guerra contra as cidades fortificadas e
contra as torres elevadas]”.
Sofonias
repete que está perto o dia da ira do Senhor, e descreve de maneira bastante
enfática os horrores da destruição e da batalha. Esse dia será bem amargo para
os perversos e eles procurarão uma maneira de escapar, um raio de luz para
iluminar seus caminhos e suas mentes desnorteadas e seus corações angustiados,
mas não encontrarão. As cidades fortificadas serão invadidas e as torres de
defesa serão derrubadas. Pode-se notar a alusão à fumaça de uma cidade que foi
queimada pelo invasor. Isso pode ser uma metáfora para o julgamento do final
dos tempos, mas aqui, em especial, parece se referir à invasão de um exército
inimigo. Se ele fala de cidades fortificadas sendo invadidas e destruídas (‘dia
de trombeta e de rebate contra as cidades fortes e contra as torres altas’ ou
‘dia de toques de trombeta e gritos de guerra contra as cidades fortificadas e
contra as torres elevadas’) não parece estar se referindo à derrota de Josias
no Vale de Megido, mesmo porque nos versículos anteriores ele estava falando
sobre Jerusalém e suas portas principais (Porta do Peixe e Portão Mishneh ou
Porta Velha) e sobre a cidade baixa (Mactés); portanto, é mais provável que
esteja se referindo à invasão de Jerusalém. Também não parece se tratar de
nenhuma invasão dos citas, mesmo porque a bíblia nunca deu a entender que os
citas invadiram Israel ou Judá, e não se fala muito disso na História. Como é
um dia de indignação, alvoroço e angústia, é porque as misericórdias do Senhor
se esgotaram para com aquele povo porque a iniqüidade era grande ou porque eles
as rejeitaram. Embora não seja mencionado claramente o nome do invasor, muito
provavelmente trata-se uma invasão babilônica. Eu comentei anteriormente que
apesar da reforma religiosa tentada por Josias (2 Rs 23: 1-25), o Senhor não
desistiu de puni-los (2 Rs 23: 26-27), pois seus descendentes [Joacaz (ou Salum
– Jr 22: 11-12; 1 Cr 3: 15; não era o filho mais velho de Josias), Eliaquim (ou
Jeoaquim; outro filho de Josias), Joaquim (Jeconias, filho de Jeoaquim) e
Matanias (Zedequias, irmão de Jeoaquim): 2 Rs 23: 31-37 – 2 Rs 24: 1-17]
exerceram um péssimo governo, empurrando o povo cada vez mais fundo no pecado,
o que trouxe Nabucodonosor como um instrumento de punição de Deus sobre aquela
terra.
• Sf 1:
17-18: “Trarei angústia sobre os homens, e eles andarão como cegos, porque
pecaram contra o Senhor; e o sangue deles se derramará como pó, e a sua carne
será atirada como esterco [NVI: suas entranhas como lixo]. Nem a sua prata nem
o seu ouro os poderão livrar no dia da indignação do Senhor, mas, pelo fogo do
seu zelo, a terra será consumida [NVI: o mundo inteiro será consumido], porque,
certamente, fará destruição total e repentina de todos os moradores da terra”.
Os versículos retratam um severo sofrimento, muita dor e aflição. Os homens
ficarão desnorteados e parecerão cegos, sem esperanças e sem ter para onde
fugir, pois o ataque parece ser repentino. Os cadáveres serão deixados nas
ruas, como lixo ou esterco.
“Nem a sua prata nem o seu ouro os poderão livrar” indica que ninguém poderá
usar este recurso para se livrar da sentença do Senhor, ainda que seja para
comprar comida, pois Sofonias escreve em seguida: ‘pelo fogo do seu zelo, a
terra será consumida’, o que pode indicar destruição de plantações e pomares
pelo fogo provocado pelo exército inimigo.
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