PASSANDO PELO VALE!!!


                                                           Passando pelo vale
Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti… o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva.” (Sl 84.4-6).
Nos tempos do Velho Testamento, os israelitas piedosos faziam peregrinações regulares a Sião, a mesma Jerusalém, para adorar a Deus no templo e celebrar festas religiosas. Esta era a alegria maior de suas vidas; eles amavam os tabernáculos de Deus, suspiravam pelos átrios do Senhor, exultavam pelo Deus vivo! (Salmo 84.1-4). Aquelas peregrinações eram muito difíceis em certos trechos, mas eles as enfrentavam com alegria; renovavam suas forças sentindo alegria prevendo  o grande  momento em que apareceriam diante de Deus em Sião (v.7).
Jerusalém foi edificada sobre o monte, logo para chegar até lá teriam que passar necessariamente pelos vales.
O trecho mais difícil da viagem, incontornável para a maioria deles, era o Vale de Baca ,também chamado Vale das Lamentações , Vale de LágrimasVale das Balsameiras, e Vale Árido“Baca” é uma palavra hebraica que significa “choro”, “lágrima”. As balsameiras são plantas que destilam, gotejam ou “choram” o bálsamo, uma resina de odor tão agradável que a palavra “bálsamo” veio a significar, figurativamente, “alívio”, “conforto”, “lenitivo”. As peregrinações de Israel são um tipo ou símbolo da peregrinação dos cristãos neste mundo.
Somos chamados de peregrinos aqui porque somos herdeiros de uma cidade santa onde estaremos para sempre adorando ao Senhor. A cidade celestial que nos aguarda. A nova Jerusalém celestial onde dia e noite cantaremos ao todo poderoso, Santo, Santo, Santo é o Senhor dos exércitos.
Peregrinando aqui, temos passado, sim, por lugares de indizível beleza; o Bom Pastor nos tem conduzido por “pastos verdejantes”, e nos tem levado “para junto das águas de descanso” conforme lemos no Salmo 23.1,2; anjos têm vindo do céu à terra somente para nos proteger (Salmo 34.7); temos vivido experiências agradabilíssimas. Entretanto, não há por que negar que alguns trechos do caminho têm sido muito difíceis. Não temos como evitar os vales onde enfrentaremos lutas, dissabores e sofrimentos ou perdas irreparáveis,  “Vale de Baca” ou “Vale de Lágrimas”. Notamos que o Salmo 23, Salmo de Davi enaltecendo a presença de Deus em toda a nossa jornada, onde ele começa falando : “O Senhor é meu pastor, Ele não me faltará(como está no original hebraico), temos a narrativa que nos traz alento e consolo como os “pastos verdejantes”, “águas tranqüilas” “mesas postas”(momentos de conquistas de vitorias, de paz e de alegrias) mas gostaríamos que não mencionasse o “vale da sombra e da morte” (v.4). Mas a referência está al e ela faz parte de nosso dia a dia pois o próprio Senhor Jesus afirmou: “No mundo tereis aflições”!
Se você, está passando pelo “Vale de Baca”,(sofrimento, angúsita, ansiedade, desespero,perdas) quero lembrar-lhe que o seu equivalente físico na Palestina recebeu este nome não porque era árido, difícil, sofrido, mas por causa das plantas que cresciam ali e “choravam” bálsamo. Este vale recende a bálsamo!
O vale de Baca produzia planas que exalavam perfumes que traziam satisfação pelo aroma e que pareciam com lágrimas. Por isso ficou conhecido como vale de lágrimas.

1.         O Vale de Baca é muito frequentado.
“Volta-te, Senhor! Até quando? Tem compaixão dos teus servos… Alegra-nos por tantos dias quantos nos tens afligido, por tantos anos quantos suportamos a adversidade.” (Salmo 90.13,14).
Os israelitas de quase toda a Palestina tinham que passar pelo Vale de Baca, quando a caminho de Jerusalém. A topografia os obrigava a isto. Na experiência cristã não é diferente. Alguns de nós preferiríamos passar pelos vales voando, ou nos braços de Jesus como no soneto “pegadas na areia”. Não gostamos de enfrentar obstáculos ou dificuldades na nossa vida. Preferimos sempre os caminhos que não teremos obstáculos ou dificuldades, provas e lutas, mas isso faz parte de nosso dia a dia como afirma o salmista no salmo 23...”ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte... Não há como chegar a cidade santa, Jerusalém, sem passar pelos vales que a circundam.
Muitas são as adversidades que nos afligem e nos fazem chorar no transcurso desta nossa peregrinação terrena: desapontamentos, desastres, calamidades, perdas, escassez, enfermidades, morte. De um modo ou de outro, cedo ou tarde, mais ou menos vezes, todos passamos pelo vale. Mas tenho uma boa notícia pra você ... Vai passar! Não há mal que dure pra sempre e nem bem que nunca acabe!

2.         O Vale de Baca é muito indesejável.

O que temos em um  vale?

Vales são lugares por onde correm as águas que passam pelas partes mais altas e portando deixam algumas características pertinentes aos vales.

As características de um vale são:

É árido. Não tem rios de alegria; os poços, cavados por alguns dos peregrinos que nos antecederam ou por nós mesmos são, muitas vezes, “cisternas rotas que não retêm as águas” (Jeremias 2.13).
É pedregoso. Os peregrinos conseguem remover as pedras menores, não as grandes; a caminhada é muito sofrida; muitos tropeçam e caem.
É escuro. As trilhas forjadas pelas duras e cansativas caminhadas ,serpenteiam entre rochas de angústia e montanhas de pecado; o Sol da Justiça esconde-se por trás destas e o vale fica muito sombrio.
É extenso. Os peregrinos que vão á Jerusalém caminham esta cansativa jornada com algeria pois sabem que Sião está à frente, mas não podem vê-la; a caminhada parece não ter fim. Muitos ficam desencorajados, talvez alguns fiquem pelo caminho devido a sua complexão física e não suportam a dura jornada, mas tentaram chegar e não mediram esforços e não desistiram sem lutar. Persista!
É infestado. Nos vales há animais peçonhentos e perigosos como cobras, lagartos, aranhas, escorpiões. Há espíritos maus neste vale. Eles tentam; fazem insinuações malditas e sugestões blasfemas: armam ciladas, lançam os “dardos inflamados do maligno” (Efésios 6.11,16).

 

3. O Vale de Baca é muito proveitoso.

Ao passarem pelo vale, os peregrinos sentem mais robustecidos pelo exercício da longa e sofrida jornada até o monte onde está a sua cidade de adoração. Na jornada pelo vale , a caminhada   torna-nos mais fortes, mais humildes, mais dependentes de Deus, enfim, mais crentes. A companhia e as necessidades dos outros peregrinos ensinam-nos a pensar mais neles, e a “levar as cargas uns dos outros”. Encontramos situações em que muitas vezes os mais fortes e preparados auxiliam os mais fracos a seguir na caminhada , e em momentos de peregrinações encontramos até mesmo alguns que carregam nos braços os que sofreram na jornada e ficariam pelo caminho. “Um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse: “Esforça´-te  Isaias 41;6 .
 Os grandes reis de Israel passaram por diversas vezes por esse vale para enfrentar seus adversários. Davi teve grandes experiências passando por esse vale. Moisés certamente passou pelo vale inúmeras vezes pois era um lugar onde sempre teriam que passar.

Que fazer no Vale De Baca?

O texto diz: “… passando pelo vale árido, faz dele um manancial…” Como?
Cavando poços. Os peregrinos sempre paravam em suas jornadas para cavar poços e se hidratarem para mais uma jornada, e nos vales sempre havia veios de águas . Eles tinha conhecimento geográfico do terreno e cavavam onde se poderia encontrar água para si, para os seus e para seus rebanhos.  Os peregrinos orientais, quando passam por regiões áridas, sem água, cavam poços. Assim, conseguem água para si mesmos e para seus animais. Agiram da mesma maneira no passado os patriarcas de Israel (Gn 26.18ss; Jo 4.12).  Isso nos ensina três coisas:
Há conforto e escape na tribulação. Nossa tendência, quando passamos por uma provação, é desesperar e desistir. Hagar, a escrava egípcia de Sara, mulher de Abraão, quando expulsa de casa com o filho Ismael, enfrentou uma tremenda provação: andou errante pelo deserto de Berseba, até que lhe acabou a água do odre. Que fez, então?
“… colocou ela o menino debaixo de um dos arbustos, e afastando-se, foi sentar-se defronte, a distância (…) porque dizia: Assim não verei morrer o menino; e, sentando-se em frente dele, levantou a voz e chorou. Deus, porém, lhe disse: Ergue-te (…) Abrindo-lhe Deus os olhos, viu ela um poço de água (Gn 21.15-19).
O poço estava ali, a salvação a seu alcance, mas Hagar, pessimista, desesperada, incrédula, não o percebeu. Nos desertos e vales áridos da vida, em meio ao sofrimento,  há sempre algum poço cheio de conforto e salvação. Quando não encontramos poços , cabe-nos cavar um. As vezes a experiência de se cavar poços poderá nos levar a entender que Deus nos dá força para conseguirmos prosseguir na nossa caminhada cavando nosso próprio poço. Ele é quem nos capacita!
O conforto e a saída podem custar esforço. Se o poço não está cavado, temos que cavá-lo nós mesmos. E isso requer esforço intenso. No entanto, vale a pena. É melhor do que sentar para chorar e ficar esperando o imprevisível – talvez o fim. Muito da miséria e derrota de tantos cristãos resulta de sua inércia. Se quisermos saciar nossa sede de conforto, alegria e paz, e encontrar saída no Vale de Baca, temos que olhar à volta e encontrar os poços que outros já cavaram; ou então cavar nós mesmos nossos poços – na  Palavra de Deus, na oração, na adoração, no aconselhamento cristão.
O conforto e a saída encontrados por um servirão a outros. Os poços abertos pelos peregrinos de hoje serão úteis aos peregrinos de amanhã. Os samaritanos e o próprio Jesus  serviram se da fonte de Jacó (Jo 4.6,12). No sentido figurado que estamos considerando, os Salmos são fontes de conforto que Davi e outros cavaram quando estiveram no Vale de Baca.
O conhecido livro Mananciais no Deserto contém o testemunho de muitos que beberam dessas fontes tão antigas, e por sua vez cavaram outros poços. Estas são as fontes, e estes são os poços que Deus nos aponta quando não temos forças para cavar e, como Hagar, simplesmente nos assentamos para chorar e esperar o fim. Às vezes é preciso desentulhar os poços entulhados por inimigos, por maus intérpretes e por maus conselheiros (Gn 26.15,18); outras vezes é necessário cavar poços novos (Gn 26.22).
Cavado o poço, espere pela chuva
Nosso texto diz ainda: “… de bênção o cobre a primeira chuva” (Salmos, 84:6). Isso estabelece uma distinção muito importante para todas estas considerações: os poços que cavamos no Vale de Baca geralmente são do tipo reservatório. Nós os cavamos, mas eles só se encherão quando Deus fizer chover. Tais poços não se enchem de baixo para cima, mas de cima para baixo. Nós fazemos nossa parte; Deus faz a dele. Cavar poços, abrir reservatórios, é um meio, não um fim. A bênção não está no meio, no reservatório, mas no Deus dos meios que enche o reservatório com seu conforto, sua paz, sua alegria, sua salvação, seu poder e sua presença.
“Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós, com alegria, tirareis água das fontes da salvação (Is 12:2,3).
O Senhor dos exércitos está conosco, o Deus de Jacó é o nosso refúgio!
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